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Personal Trainer Mulher Cis Discriminada em Academia de Recife: Confundida com Trans, Impedida de Usar Banheiro

Personal Trainer Mulher Cis Discriminada em Academia de Recife: Confundida com Trans, Impedida de Usar Banheiro

temp_image_1748373174.613806 Personal Trainer Mulher Cis Discriminada em Academia de Recife: Confundida com Trans, Impedida de Usar Banheiro

Personal Trainer Mulher Cis Discriminada em Academia de Recife: Confundida com Trans, Impedida de Usar Banheiro Feminino

Um grave episódio de discriminação ocorreu em uma unidade da academia Selfit em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Uma personal trainer, identificada como Kely Moraes, que é uma mulher cisgênero, foi alvo de preconceito e agressão verbal ao ser confundida com uma mulher trans por outros frequentadores do local, resultando em sua proibição de utilizar o banheiro feminino.

O Incidente: Confusão e Constrangimento no Banheiro Feminino

Segundo relato de Kely Moraes, o incidente aconteceu na manhã de segunda-feira (26). Após sofrer uma queda de moto a caminho da academia e precisar ir ao banheiro para limpar um ferimento no pé, ela foi abordada na saída do banheiro feminino por uma aluna da unidade. A aluna, de forma agressiva, questionou sua presença no local, afirmando que “não era lugar para você” e insistindo que o banheiro masculino era em outro andar, declarando: “você é trans, mas é um homem”.

A situação escalou quando um homem se juntou à agressora, bloqueando fisicamente a entrada do banheiro e impedindo Kely de voltar. A personal trainer chegou a filmar parte da confusão, mostrando o homem se colocando à sua frente e repetindo que havia um banheiro “inclusa, inclusiva” no andar de baixo, reforçando a ideia equivocada de que ela não deveria usar o banheiro feminino comum.

Uma aluna de Kely, que está grávida, presenciou a cena e ficou extremamente nervosa com a situação. Um professor da academia também tentou intervir para acalmar os ânimos.

A Dor da Discriminação: O Relato de Kely Moraes

Kely Moraes, que trabalha como personal trainer há três anos e é fisiculturista, contou que, devido ao seu porte físico, já teve sua identidade de gênero questionada em outras ocasiões. No entanto, ela ressalta que nunca vivenciou algo na proporção da agressão sofrida na academia.

“Por ser fisiculturista, nosso corpo é diferenciado, e isso é relativamente normal acontecer, as pessoas olharem feio. Eu já fui convidada a me retirar de uma festa. Mas nunca tinha acontecido nada nessa proporção, nada tão violento”, afirmou Kely. Ela descreveu o sentimento de estar “ofendida, humilhada”, com a agressora gritando e outras pessoas no local a mandando ficar calada.

Kely Moraes expressou sua indignação com a certeza da agressora e a humilhação de quase precisar provar sua identidade. “Ela falava com tanta certeza o que eu era que eu quase mostrei minha identidade para provar que eu era mulher. Depois, entendi que eu não tinha que provar nada para ninguém”, disse. Ela também questionou a motivação do preconceito: “Se eu fosse [trans], o que tem a ver? Por que isso ofende tanto? Eu estava só trabalhando, só queria ir no banheiro”.

Desdobramentos e Posição da Academia

Após a saída dos agressores da academia, Kely Moraes foi acolhida pela equipe do estabelecimento e, acompanhada de sua aluna, dirigiu-se à Delegacia de Boa Viagem para registrar um boletim de ocorrência.

A Polícia Civil confirmou o registro da ocorrência, que investiga os crimes de constrangimento ilegal, vias de fato e ameaça. Um inquérito foi instaurado para apurar os fatos.

Procurada para comentar o incidente, a rede de academias Selfit emitiu uma nota oficial. A empresa:

  • Lamentou profundamente o episódio ocorrido;
  • Repudiou veementemente qualquer ato de preconceito ou violência;
  • Informou que a equipe local agiu para conter os ânimos e garantir a segurança dos envolvidos assim que a situação foi identificada;
  • Orientou as partes a formalizarem o ocorrido às autoridades competentes e se colocou à disposição para colaborar com as investigações;
  • Comunicou que iniciou uma apuração interna rigorosa e aplicará medidas disciplinares adicionais;
  • Reiterou sua missão de proporcionar um ambiente seguro, acolhedor e respeitoso para todas as pessoas.

O caso de Kely Moraes, uma mulher cis que sofreu discriminação por ser confundida com uma mulher trans ao tentar usar o banheiro feminino, acende um alerta sobre a persistência do preconceito e a necessidade de garantir ambientes verdadeiramente seguros e inclusivos para todos, independentemente de sua identidade de gênero.

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