
PF Mineração: A Operação Rejeito e o Escândalo dos Licenciamentos ‘Comprados’ em Minas Gerais

PF Mineração: A Operação Rejeito e o Escândalo dos Licenciamentos ‘Comprados’ em Minas Gerais
A recente deflagração da Operação Rejeito pela Polícia Federal lançou luz sobre um dos maiores escândalos de corrupção envolvendo a mineração e o meio ambiente em Minas Gerais. Este caso, que ficou conhecido como a “caixa-preta dos licenciamentos suspeitos”, revela um esquema onde a regra para liberação ambiental era assustadoramente simples e criminosa: “pagou, licenciou”. Esta investigação da PF mineração expõe a fragilidade dos controles ambientais e o poder devastador da corrupção sobre a preservação de áreas vitais do nosso país.
A ‘Caixa-Preta’ Revelada: Ordens ‘De Cima’ e Temor
No centro das primeiras revelações está o ex-presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), Rodrigo Franco, detido na operação. Antes mesmo de sua prisão, Franco já antecipava a chegada da **Polícia Federal**. Fontes próximas indicam que ele teria alertado um interlocutor com uma frase carregada de ameaça e desespero: “se acontecer algo comigo, vou entregar a turma”. Classificando-se como um “pau mandado”, ele reforçou que as “ordens vinham de cima”, sugerindo a existência de uma rede criminosa bem articulada, com ramificações que atingem altos escalões do poder estadual.
A Operação Rejeito desvendou um complexo esquema de corrupção que envolvia empresários do setor de mineração e servidores de órgãos ambientais. O objetivo era claro: facilitar o licenciamento ambiental fraudulento em áreas sensíveis e protegidas, como a emblemática Serra do Curral, em Belo Horizonte. Além de Rodrigo Franco, outros quatro servidores da Feam e um do Instituto Estadual de Florestas (IEF) foram identificados como suspeitos de participação ativa na organização criminosa, evidenciando a capilaridade da fraude.
Desmonte da Fiscalização: A ‘Boiada’ Passou em MG
A investigação aponta que o desmonte da fiscalização ambiental em Minas Gerais foi um fator crucial para a proliferação dessas práticas ilegais. Uma reforma administrativa implementada no governo estadual transformou a Feam em um órgão de caráter mais político, fragilizando a fiscalização que, antes, era executada por servidores de carreira da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad). Esses profissionais, concursados e com profundo conhecimento do território mineiro, trabalhavam com a convicção de servir ao estado, não a um governo.
Essa mudança estrutural, que transferiu a responsabilidade para a Feam (sem servidores de carreira na área de fiscalização), foi comparada por críticos ao modelo que visava “abrir a porteira e passar a boiada”, uma analogia feita pelo ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em outro contexto. Tal sucateamento da capacidade de controle ambiental não apenas comprometeu a proteção do patrimônio natural, mas também abriu as portas para o esquema de corrupção que a **PF mineração** agora expõe sem precedentes.
Consequências Devastadoras e o Cenário Político-Ambiental
As consequências dessa corrupção ambiental são devastadoras. Além do dano ecológico irreversível a ecossistemas sensíveis e áreas protegidas, a credibilidade das instituições responsáveis pela guarda do meio ambiente é profundamente abalada. O momento é ainda mais crítico para Minas Gerais: o escândalo acontece às vésperas da COP-30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que terá Belém como sede. Com servidores da área ambiental de Minas Gerais em greve há semanas, o estado enfrenta um desgaste político e ambiental sem precedentes, projetando uma imagem de vulnerabilidade e irresponsabilidade diante da comunidade internacional.
A Operação Rejeito da PF mineração não é apenas uma notícia sobre prisões; é um alerta urgente sobre a necessidade de fortalecer os órgãos de fiscalização e garantir a autonomia técnica de seus quadros. A luta contra o licenciamento fraudulento e a proteção do nosso patrimônio natural exigem transparência, ética e, acima de tudo, a convicção inabalável de que o desenvolvimento econômico não pode vir a custo da devastação ambiental. É imperativo que as autoridades e a sociedade civil se unam para fechar a porteira para a impunidade e abrir caminho para um futuro verdadeiramente sustentável em Minas Gerais e no Brasil.
Recursos e Informações Adicionais:
- Saiba mais sobre as operações da Polícia Federal
- Conheça o trabalho do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima
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