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Polêmica na COP 30: A Estátua Dragão-Onça que Virou Símbolo e Debate

Polêmica na COP 30: A Estátua Dragão-Onça que Virou Símbolo e Debate

temp_image_1763662526.639713 Polêmica na COP 30: A Estátua Dragão-Onça que Virou Símbolo e Debate

A Conferência das Partes (COP) é um palco global onde líderes e nações se reúnem para traçar o futuro do nosso planeta. A trigésima edição, a COP 30 em Belém, já está fervilhando de debates intensos antes mesmo de sua plena realização, e o epicentro de uma de suas maiores controvérsias é uma notável obra de arte: a estátua “Espírito Guardião Dragão-Onça”. Mais do que um mero presente diplomático, esta escultura se transformou em um catalisador de discussões profundas sobre cultura, religião e simbologia.

O “Espírito Guardião Dragão-Onça”: Uma Fusão de Culturas

Presenteada pela China ao Brasil durante os preparativos para a COP 30 em Belém, a escultura “Espírito Guardião Dragão-Onça” é uma criação imponente da artista Huang Jian. A obra, esculpida em bronze, retrata um majestoso dragão chinês — com seus chifres e dentes afiados, lembrando uma onça-pintada — abraçando o globo terrestre, onde se lê de forma proeminente “COP 30”. Instalada em meados de outubro na Freezone Cultural Action, um evento paralelo e complementar à conferência, esta estátua COP 30 tem um futuro grandioso: ela permanecerá de forma definitiva no Brasil, com planos de ser alocada em uma área pública estratégica da capital paraense.

Para a Prefeitura de Belém e o governo chinês, a escultura é um poderoso emblema de união e cooperação. O dragão, uma figura milenar e reverenciada na mitologia chinesa, é um ícone de sabedoria, força, sorte e prosperidade, representando a identidade cultural da China. A onça-pintada, por sua vez, é o maior felino das Américas e um dos símbolos mais fortes da biodiversidade amazônica, encarnando a força bruta da natureza e a riqueza ecológica do Brasil. Juntos, eles simbolizam a crucial parceria entre as duas nações na agenda climática global e na proteção das preciosas florestas tropicais.

A Repercussão Religiosa: Entre a Arte e a Interpretação

No entanto, a mensagem de união e a beleza artística da estátua Dragão-Onça foram rapidamente ofuscadas por uma intensa e polarizada reação de parte da comunidade evangélica brasileira. Nas redes sociais, as imagens da obra desencadearam uma onda de comentários repudiando o presente, com muitos internautas atribuindo um “aspecto demoníaco” à escultura e questionando sua presença em solo nacional.

Figuras proeminentes, como o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, manifestaram publicamente sua profunda preocupação. Em uma postagem no Instagram intitulada “Sinais do Fim dos Tempos”, Hernandes alertou que, embora a obra fosse apresentada como um símbolo de cooperação, “o uso do dragão com chifres, símbolo bíblico de engano e poder contrário a Deus, levanta alerta.” Ele prosseguiu, sugerindo que a fusão do dragão com a onça-pintada poderia representar uma “aliança que pode representar a fusão da identidade nacional com valores que não refletem a nossa tradição cristã”.

O pastor Wagner Malagues Santos ecoou sentimentos semelhantes em suas próprias redes sociais, com uma frase impactante: “O mundo está vendo o dragão surgir como um futuro e único governo, enquanto o Ocidente dorme. Desperta, igreja!”. Tais postagens geraram milhares de interações, com muitos fiéis clamando por “arrependimento”, “repreensão em nome de Jesus” e a fervorosa reafirmação de que “o Brasil é do Senhor”, chegando até a sugerir que a estátua fosse queimada ou devolvida.

O Contexto da COP 30 em Belém: Clima, Cultura e Controvérsia

Enquanto a COP 30 em Belém se prepara para ser um marco crucial nas discussões sobre o futuro climático do planeta, esta inesperada controvérsia em torno da estátua “Espírito Guardião Dragão-Onça” acentua a complexidade de eventos globais que necessariamente tocam em diferentes culturas, crenças e valores. A arte, que muitas vezes serve como um espelho da sociedade, neste caso, tornou-se um ponto de fricção intenso entre a diplomacia cultural e as profundas convicções religiosas de parte da população.

A decisão de manter a escultura permanentemente na capital paraense garante que o debate sobre sua simbologia e múltiplos significados continuará, instigando reflexões valiosas sobre como diferentes povos interpretam e reagem a manifestações culturais em um palco verdadeiramente global.

Reflexões Finais: A Estátua COP 30 e o Diálogo Necessário

A estátua COP 30, inicialmente destinada a ser um símbolo de união, cooperação e proteção ambiental, inesperadamente desvelou uma camada de tensões culturais e religiosas profundas. Ela nos convida a refletir sobre a importância do diálogo, da empatia e da compreensão mútua em um mundo cada vez mais interconectado.

Seja vista como uma obra de arte inspiradora, um potente símbolo de aliança ou um presságio, o “Espírito Guardião Dragão-Onça” certamente já garantiu seu lugar na história dos eventos que antecedem a COP 30 em Belém, provocando discussões que ecoarão muito além da conferência climática.

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