×

Polêmica na COP30: A Obra “Espírito Guardião Dragão Onça” da Artista Chinesa Huang Jian Divide Opiniões

Polêmica na COP30: A Obra “Espírito Guardião Dragão Onça” da Artista Chinesa Huang Jian Divide Opiniões

temp_image_1763581052.752979 Polêmica na COP30: A Obra "Espírito Guardião Dragão Onça" da Artista Chinesa Huang Jian Divide Opiniões

Polêmica na COP30: A Obra “Espírito Guardião Dragão Onça” da Artista Chinesa Huang Jian Divide Opiniões

Um presente diplomático da China ao Brasil, por ocasião da COP30 em Belém, tem provocado intensos debates e reações, especialmente entre parte da comunidade evangélica. A escultura, intitulada “Espírito Guardião Dragão Onça”, uma criação da renomada artista chinesa Huang Jian, tornou-se o centro de uma controvérsia que transcende a arte e toca em questões culturais e religiosas.

A Fascinante Obra “Espírito Guardião Dragão Onça”

A peça, que simboliza a união entre as nações doadores e receptores, é uma fusão poderosa de elementos. Ela retrata uma criatura mítica com chifres e dentes pontudos, que abraça o globo terrestre, onde se lê “COP30”. Esta figura híbrida foi cuidadosamente concebida pela artista chinesa Huang Jian para representar a fusão do dragão – um ícone milenar da China, associado a sorte, poder e sabedoria – com a onça-pintada, um dos mais emblemáticos símbolos da fauna brasileira.

A intenção por trás do “Espírito Guardião Dragão Onça” é clara: ser um protetor das florestas tropicais, um guardião ambiental. No entanto, sua complexa simbologia abriu portas para interpretações diversas, culminando em uma polêmica inesperada.

Reações Intensas: A Visão da Comunidade Evangélica

Nas redes sociais, a divulgação da obra provocou uma onda de comentários e críticas por parte de alguns evangélicos. Expressões como “Está repreendido” e “O Brasil é do Senhor Jesus” inundaram as publicações que mostravam a escultura, acompanhadas de apelos para que a obra fosse devolvida e mensagens alertando sobre uma suposta “maldição” para o país.

Um dos nomes que se manifestou foi o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer. Em suas redes sociais, Hernandes classificou o “dragão com chifres” como um “símbolo bíblico do engano e poder contrário a Deus”. Ele argumentou que a junção do dragão com a onça sugeriria “uma fusão da identidade nacional com valores que não refletem nossa tradição cristã”, citando Apocalipse 12:9, que descreve o “grande dragão, que engana todo o mundo” e é identificado como diabo ou satanás.

Dragão: Uma Bifurcação Cultural de Significado

A raiz da discórdia reside, em grande parte, na radical diferença de interpretação da figura do dragão em distintas culturas. Na China, o dragão é um ser de profundo respeito e veneração. Ele encarna conceitos positivos como força, sabedoria, prosperidade e sorte. É uma divindade protetora, associada a fenômenos naturais e ao poder imperial.

Em contraste, em muitas culturas ocidentais e, predominantemente, na tradição cristã, o dragão assume uma conotação profundamente negativa. Frequentemente retratado como uma criatura maligna e destruidora, ele é simbolicamente ligado ao mal, ao caos e, biblicamente, ao próprio Satanás. A iconografia cristã, inclusive, celebra figuras como São Jorge, que triunfam sobre o dragão, reforçando essa visão.

Além da Polêmica: Diálogo Cultural e Diplomacia

O incidente em torno da obra da artista chinesa Huang Jian na COP30 em Belém é um lembrete vívido de como símbolos podem ser interpretados de maneiras radicalmente diferentes, dependendo do contexto cultural e religioso. O presente chinês, concebido com a melhor das intenções de promover a amizade e a proteção ambiental, esbarrou em uma barreira de percepções arraigadas.

Este episódio ressalta a importância do diálogo intercultural e da sensibilidade diplomática. Em um mundo cada vez mais conectado, a compreensão das nuances simbólicas e dos valores de cada cultura é fundamental para evitar mal-entendidos e fortalecer as relações internacionais. A arte, neste caso, tornou-se um espelho das complexidades inerentes à interação global.

Compartilhar: