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Polícia Federal Desvenda Mega Esquema de Fraudes em Concursos Públicos: Vagas Vendidas por até R$ 500 Mil, Impactando o CNU

Polícia Federal Desvenda Mega Esquema de Fraudes em Concursos Públicos: Vagas Vendidas por até R$ 500 Mil, Impactando o CNU

temp_image_1759969131.208714 Polícia Federal Desvenda Mega Esquema de Fraudes em Concursos Públicos: Vagas Vendidas por até R$ 500 Mil, Impactando o CNU

Polícia Federal Desvenda Mega Esquema de Fraudes em Concursos Públicos: Vagas Vendidas por até R$ 500 Mil, Impactando o CNU

A busca por uma vaga no serviço público, sonho de milhões de brasileiros, foi manchada por um escandaloso esquema de fraudes em concursos públicos desvendado pela Polícia Federal. Uma família da Paraíba transformou a esperança dos candidatos em um negócio milionário, orquestrando um sistema onde aprovações eram negociadas por até R$ 500 mil, atingindo inclusive o prestigiado Concurso Nacional Unificado (CNU).

Polícia Federal Desarticula Sofisticada Trama de Corrupção

Em uma ação decisiva na última semana, a Operação Última Fase, conduzida pela Polícia Federal, desmantelou uma complexa rede criminosa. O grupo, que operava com a precisão de uma empresa familiar em Patos, no Sertão da Paraíba, ia muito além da simples venda de vagas. Eles utilizavam tecnologia avançada e uma intrincada rede de colaboradores para subverter a segurança dos sistemas das bancas examinadoras.

Os valores cobrados pelas “aprovações garantidas” eram estratosféricos, variando conforme a complexidade do cargo e o prestígio do certame, podendo alcançar impressionantes R$ 500 mil. A modalidade de pagamento era igualmente surpreendente: além do tradicional dinheiro em espécie, a quadrilha aceitava ouro, veículos e até procedimentos odontológicos como forma de quitar a propina, revelando a audácia e criatividade da organização.

O Mentor e a Intrincada Rede Familiar por Trás da Fraude

A liderança desse ousado esquema de fraudes em concursos era atribuída a Wanderlan Limeira de Sousa, um ex-policial militar com uma extensa ficha criminal que incluía acusações de homicídio, peculato e concussão. Expulso da corporação em 2021, Wanderlan é apontado como o estrategista-chefe, responsável por todas as etapas: desde a negociação com os candidatos até a distribuição de gabaritos em tempo real durante as provas.

O que torna o caso ainda mais chocante é o envolvimento de sua própria família na teia criminosa. Irmãos, cunhada e sobrinha desempenhavam papéis cruciais na operação. A sobrinha, Larissa de Oliveira Neves, chegou a ser aprovada no CNU, sendo utilizada como uma “vitrine” para validar a suposta infalibilidade do esquema e atrair novos interessados no lucrativo negócio ilícito.

Outros membros e colaboradores essenciais da quadrilha incluíam:

  • Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior: Um policial militar que também era proprietário de uma clínica odontológica, suspeita de ser usada para lavagem de dinheiro.
  • Thyago José de Andrade, conhecido como “Negão”: Peça fundamental no controle de pagamentos e no repasse de informações cruciais aos candidatos.
  • Luiz Paulo Silva dos Santos: Apontado como um “especialista” em fraudes, com um histórico de envolvimento em mais de 67 certames.

Do CNU a Outros Gigantes: Concursos de Prestígio na Mira da Quadrilha

A ousadia da organização não conhecia limites. As investigações da PF revelaram que as fraudes em concursos públicos se estenderam por mais de uma década, comprometendo a integridade de concursos de alto nível em instituições como a Polícia Federal, Caixa Econômica Federal, Polícias Civil e Militar, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Banco do Brasil e, mais recentemente, o Concurso Nacional Unificado.

A participação de Wanderlan no CNU 2024 é emblemática. Ele não só se inscreveu, mas também foi aprovado para o cobiçado cargo de auditor fiscal do trabalho, que oferece um dos maiores salários iniciais. A suspeita é que sua aprovação serviu unicamente para reforçar a credibilidade do esquema e atrair mais “clientes” para o seu serviço ilegal.

Tecnologia Avançada e Provas Incontestáveis: A Mecânica da Fraude

A Polícia Federal conseguiu reunir um vasto conjunto de evidências que desmascarou completamente a quadrilha. Um dos pontos cruciais foi a análise dos gabaritos do CNU 2024, que revelou um padrão alarmante: Wanderlan, seu irmão Valmir, a sobrinha Larissa e Ariosvaldo apresentaram respostas idênticas, inclusive nos erros, mesmo tendo realizado provas de tipos diferentes. Um laudo técnico classificou a probabilidade de tal coincidência como praticamente impossível, comparável a ganhar na Mega-Sena 18 a 19 vezes consecutivas.

Entre os métodos sofisticados empregados pelo grupo estavam:

  • Pontos eletrônicos: Dispositivos minúsculos, em alguns casos instalados cirurgicamente, que permitiam a comunicação em tempo real e o repasse de respostas durante as provas.
  • Mensagens codificadas: Para garantir a discrição e a segurança na transmissão de informações.
  • Colaboração de profissionais de saúde: Suspeitos de auxiliar na instalação dos dispositivos eletrônicos, evidenciando a complexidade da rede.

A Intricada Teia de Lavagem de Dinheiro

As fraudes em concursos não se limitavam apenas às provas. O esquema incluía uma sofisticada rede de lavagem de dinheiro, revelada por relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Os documentos mostraram movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada dos suspeitos. Geórgia Neves, por exemplo, que não possuía vínculo empregatício desde 1998, realizou depósitos em espécie que somavam mais de R$ 400 mil.

Para ocultar a origem ilícita dos pagamentos, a quadrilha utilizava diversas táticas, como:

  • Compra e venda fictícia de imóveis.
  • Uso de “laranjas” para camuflar transações financeiras.
  • Negociações de veículos, muitas vezes realizadas poucos dias após a aplicação das provas.

Segurança Reforçada para os Concursos Públicos: CNU 2025

A gravidade das fraudes em concursos públicos descobertas impulsionou o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos a intensificar as medidas de segurança para o CNU 2025. As novas diretrizes visam restaurar a confiança e garantir a lisura dos processos seletivos:

  • Provas identificadas com códigos de barra únicos para cada candidato, impossibilitando trocas.
  • Revelação do tipo de prova somente no momento da divulgação dos gabaritos, prevenindo vazamentos.
  • Utilização de detectores de metal em todas as salas e banheiros dos locais de prova.
  • Implementação de detectores de ponto eletrônico sob supervisão policial em todos os municípios.
  • Atuação ampliada da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militares e Força Nacional na escolta e guarda das provas.

Embora as investigações não indiquem, até o momento, um envolvimento direto das bancas organizadoras, este caso serve como um duro alerta sobre a vulnerabilidade dos sistemas e a necessidade contínua de aprimoramento. A Operação Última Fase reafirma o compromisso da Polícia Federal em combater a corrupção e proteger a integridade dos concursos públicos, pilares essenciais para a construção de uma administração pública justa e eficiente. É um lembrete contundente de que o sonho de milhares de brasileiros que buscam uma vaga com honestidade deve ser defendido a todo custo.

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