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Por que 9 de Julho é Feriado em São Paulo? A História Oculta da Revolução de 1932

Por que 9 de Julho é Feriado em São Paulo? A História Oculta da Revolução de 1932

temp_image_1751970505.542522 Por que 9 de Julho é Feriado em São Paulo? A História Oculta da Revolução de 1932

Por que 9 de Julho é Feriado em São Paulo? A História Oculta da Revolução de 1932

Para muitos, o 9 de Julho é feriado em São Paulo. Um dia de descanso, talvez uma viagem rápida. Mas poucos realmente sabem o que essa data representa para a história do estado e do Brasil. Por que, afinal, apenas São Paulo celebra este dia desde 1997?

A resposta nos leva de volta a 1932, a um dos momentos mais tensos e significativos da história política brasileira: a Revolução Constitucionalista de 1932.

A Revolução Constitucionalista de 1932: Um Grito por Democracia

Imagine um Brasil sob o governo centralizador de Getúlio Vargas, que chegou ao poder em 1930 após um golpe de Estado. A autonomia dos estados havia diminuído drasticamente, e a insatisfação crescia, especialmente em São Paulo, que ansiava por uma nova Constituição e a redemocratização do país.

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi o levante armado que explodiu dessa revolta generalizada no estado de São Paulo. Considerado o maior conflito militar do Brasil no século XX, o movimento começou justamente em 9 de julho de 1932, marcando o início de uma luta intensa por ideais democráticos.

O Estopim: As Mortes do MMDC

Embora o confronto armado tenha começado em 9 de Julho, o estopim para a revolução ocorreu semanas antes, em 23 de maio de 1932. Durante uma manifestação no centro de São Paulo contra o governo Vargas, quatro jovens foram mortos por tropas getulistas. Seus nomes – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – tornaram-se um acrônimo, MMDC, e um símbolo do movimento paulista.

Essas mortes acirraram os ânimos e foram o catalisador que levou São Paulo a pegar em armas, buscando restaurar a ordem constitucional.

Legado: A Vitória Após a Derrota

Embora as forças constitucionalistas tenham se rendido em 2 de outubro de 1932, após meses de combates intensos que deixaram centenas de mortos (incluindo 634 constitucionalistas), historiadores frequentemente analisam o legado da Revolução como uma “vitória após a derrota”.

O movimento, mesmo não vencendo no campo de batalha, forçou o governo Vargas a atender às principais reivindicações: a convocação de uma Assembleia Constituinte, a reabertura do Congresso Nacional e a realização de eleições gerais. Em 1934, o Brasil ganhava uma nova Constituição.

Além das conquistas imediatas, a Revolução de 32 é vista como um marco na valorização dos preceitos democráticos e da participação popular. Foi um momento em que São Paulo, e parte de outros estados, se levantaram por uma causa, demonstrando a importância da vigilância cidadã sobre o poder.

Por muito tempo, a narrativa oficial, controlada pelos vencedores, tentou diminuir a importância do movimento, retratando-o como separatista ou movido apenas por interesses de elite. No entanto, estudos mais recentes e o resgate da memória mostram a amplitude do apoio e os verdadeiros ideais por trás da luta.

As Marcas da Revolução de 1932 em São Paulo

O feriado de 9 de Julho e a própria Revolução deixaram marcas indeléveis na paisagem de São Paulo. Diversos locais na capital e no interior do estado servem como lembretes físicos desse período histórico:

  • Avenidas 23 de Maio e 9 de Julho: Duas das mais importantes vias da cidade, cujos nomes homenageiam o estopim e o início da Revolução, respectivamente.
  • Obelisco Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932: Localizado no Ibirapuera, é o grande mausoléu que guarda os restos mortais de centenas de combatentes, incluindo os jovens do MMDC.
  • Rua MMDC: No Butantã, relembra os quatro estudantes mortos que se tornaram mártires.
  • Edifício Ouro Para o Bem de São Paulo: Na Rua Álvares Penteado, no centro. Sua arquitetura art déco, com 13 listras na fachada representando a bandeira paulista, foi construído com doações de joias e ouro da população para a causa constitucionalista.
  • Casa Guilherme de Almeida: A residência do “poeta de 32” no Pacaembu, hoje museu, guarda objetos pessoais e relacionados à Revolução.
  • Monumentos em Universidades: Esculturas e placas em locais como a Faculdade de Direito do Largo São Francisco homenageiam os estudantes que combateram.
  • Ruas e Praças: Diversos logradouros públicos na capital e em outras cidades paulistas homenageiam líderes e figuras importantes do movimento, como a Rua Pedro de Toledo.

Essas marcas físicas mantêm viva a memória de um conflito que moldou o estado e influenciou os rumos políticos do Brasil. O 9 de Julho feriado é, portanto, mais do que um simples dia de descanso; é uma data para recordar a luta por democracia e os sacrifícios feitos em nome de ideais constitucionais. É uma celebração da resiliência e do espírito de um estado que se levantou em armas por seus princípios.

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