
Retrial de Harvey Weinstein: Testemunho Chave de Atriz Abala o Tribunal em Nova York

Retrial de Harvey Weinstein: Testemunho Chave de Atriz Abala o Tribunal em Nova York
O retrial de Harvey Weinstein, o ex-magnata de Hollywood cujo escândalo de agressão sexual impulsionou o Movimento MeToo, ganhou um novo e impactante capítulo nesta segunda-feira (19). No tribunal em Nova York, a atriz Jessica Mann subiu ao púlpito das testemunhas para relatar a complexa relação que teve com Weinstein, alegando que um relacionamento inicialmente consensual evoluiu para estupro.
A Relação Complexa com Jessica Mann
Jessica Mann, que na época (final de 2012/início de 2013) era cosmetóloga e cabeleireira buscando oportunidades como atriz em Los Angeles, conheceu Harvey Weinstein em uma festa. Segundo seu testemunho, ele demonstrou interesse em suas aspirações, levando a encontros que misturavam discussões profissionais e pressões que ela considerava invasivas, como um pedido de massagem ao qual relutantemente cedeu.
Apesar de não sentir atração por ele, Mann descreveu como se sentiu pressionada a ceder a avanços sexuais. Em uma ocasião, após tentar recusar, ele teria dito que não a deixaria sair até que “fizesse algo”. Mesmo sentindo-se confusa e “profanada”, ela concordou com encontros consensuais posteriores, em parte pelo receio de prejudicar sua carreira ao alienar um produtor tão poderoso, e em parte pela confusa esperança de que uma relação pudesse “sentir diferente” ou que ele “gostasse dela”.
O Alegado Ataque em Nova York
O ponto central do testemunho de Mann, no entanto, foi um incidente em março de 2013, em Nova York. Ela relatou que Weinstein apareceu cedo para um café da manhã agendado, pegou um quarto no mesmo hotel dela, apesar de seus protestos. Chorando no tribunal, Mann disse que subiu ao quarto com ele para evitar um confronto público e expressou claramente que não queria estar ali. No entanto, ele teria fechado a porta à força quando ela tentou sair.
Após exigir que ela se despisse e agarrá-la pelos braços, Mann disse que “simplesmente desistiu”. Ela testemunhou que Harvey Weinstein então a estuprou, após o que ela acredita ter sido uma injeção de uma droga para ereção encontrada posteriormente no lixo do banheiro.
O Silêncio e a Estratégia da Defesa
Jessica Mann não contou a ninguém sobre o alegado estupro na época. Ela explicou que duvidava que seria acreditada e temia retaliações do influente produtor. Nos meses seguintes, ela manteve contato, perguntando sobre oportunidades de filmes (ele chegou a organizar uma audição que não deu em nada) e até mesmo enviando mensagens amigáveis, dizendo que “compartimentalizou” a parte de Harvey Weinstein que a machucou e que a simpatia “mantinha a paz”, enquanto tentava manter uma distância sutil.
A estratégia da defesa, conforme apresentada nas declarações iniciais, é argumentar que Mann teve uma “relação mutuamente benéfica” com Weinstein, buscando “passar na frente” em sua carreira de atriz. Advogados de Weinstein ainda não tiveram a chance de questioná-la diretamente sobre seu testemunho.
Contexto do Retrial e o Legado do MeToo
Outrora uma figura dominante em Hollywood, Harvey Weinstein se tornou o epicentro do escândalo de crimes sexuais em 2017, após reportagens revelarem dezenas de alegações contra ele, reacendendo o Movimento MeToo. Ele foi subsequentemente condenado por vários crimes sexuais em Nova York e Califórnia.
No entanto, ele está sendo julgado novamente em Nova York porque um tribunal de apelações anulou sua condenação anterior, considerando que o julgamento foi contaminado por testemunhos prejudiciais. Ele é acusado de estuprar Jessica Mann e de forçar sexo oral em outras duas mulheres em casos separados em 2006.
A Associated Press geralmente não identifica pessoas que alegam terem sido agredidas sexualmente, a menos que elas concordem em ser identificadas. Jessica Mann concordou em ser identificada.
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