×

Rogério Andrade: O Bicheiro do Rio e o Escândalo da Propina Milionária que Abalou a Polícia do RJ

Rogério Andrade: O Bicheiro do Rio e o Escândalo da Propina Milionária que Abalou a Polícia do RJ

temp_image_1759628625.419299 Rogério Andrade: O Bicheiro do Rio e o Escândalo da Propina Milionária que Abalou a Polícia do RJ

Rogério Andrade: O Bicheiro do Rio e o Escândalo da Propina Milionária que Abalou a Polícia do RJ

As entranhas do submundo do jogo do bicho no Rio de Janeiro foram novamente expostas, revelando um esquema de corrupção em larga escala que envolve o notório Rogério Andrade, apontado como um dos maiores bicheiros do estado. Uma investigação minuciosa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), trouxe à luz pagamentos de propina que somam mais de R$ 500 mil, distribuídos a batalhões da Polícia Militar e delegacias da Polícia Civil em apenas dois dias de maio de 2023. O objetivo? Garantir a impunidade para a exploração ilegal de jogos de azar.

A Teia da Corrupção Desvendada: R$ 502 Mil em 48 Horas

Os documentos do MPRJ são claros: Rogério Andrade orquestrou a distribuição de exatos R$ 502 mil em propina nos dias 6 e 9 de maio de 2023. Essa fortuna, entregue a agentes públicos, visava assegurar que as atividades clandestinas de jogo do bicho e máquinas caça-níquel pudessem operar sem interrupções em diversas regiões do estado. A fiscalização e repressão, que deveriam ser a rotina dessas corporações, eram trocadas por cifras milionárias.

A investigação aponta que a operação era supervisionada diretamente por Rogério Andrade e seu braço direito, Flávio da Silva Santos, mais conhecido como Flávio da Mocidade. Este último, inclusive, foi alvo de uma operação recente que culminou em sua prisão, adicionando mais um capítulo dramático a essa saga de crime e poder.

Rogério Andrade: O Chefe e Sua Estratégia de Dominação Ilegal

Conhecido por sua influência no mundo do crime organizado, Rogério Andrade consolidou seu império através do jogo do bicho. Sua estratégia, conforme revelado pelas investigações, incluía a co-optação de agentes públicos para garantir a continuidade de suas atividades ilegais. Atualmente, Rogério Andrade permanece preso há um ano no Presídio Federal de Campo Grande (MS), enfrentando acusações graves como mandante do assassinato de um rival e por organização criminosa e corrupção ativa. Sua detenção não impediu, contudo, que o esquema de propina viesse à tona, revelando a complexidade e a profundidade de sua rede.

Para entender melhor a história do jogo do bicho e sua relação com o crime no Brasil, clique aqui.

Flávio da Mocidade: O Braço Direito na Linha de Frente da Propina

Flávio da Silva Santos, ou Flávio da Mocidade, presidente da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, emergiu como figura central na operacionalização do esquema. Considerado o braço direito de Rogério Andrade, ele foi preso em uma ação do Ministério Público, que o aponta como peça-chave na nova cúpula do jogo do bicho no Rio. Cenas de sua tentativa de fuga e posterior rendição marcaram a operação que o levou à Cidade da Polícia.

Mensagens em seu celular, obtidas pelos investigadores, indicam que Flávio da Mocidade gerenciava pessoalmente os pagamentos de propina. A lealdade ao chefe era tanta que ele chegou a tatuar o rosto de Rogério Andrade em seu corpo, um gesto que sublinha a hierarquia e o comprometimento dentro da organização criminosa. A operação também mirou Vinícius Drumond, filho do falecido Luizinho Drumond, ex-presidente da Imperatriz Leopoldinense, que é investigado como aliado do grupo.

O Esquema de Propina em Detalhes: Polícia Militar e Civil Envolvidas

A contabilidade dos pagamentos de propina expõe um sistema organizado, com valores e datas fixas para os repasses. Tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil foram alvos dessa rede de corrupção, conforme detalha o GAECO do Ministério Público do Rio de Janeiro:

Polícia Militar: Batalhões Vendidos por Impunidade

  • 2º BPM (Botafogo): R$ 25 mil
  • 4º BPM (São Cristóvão): R$ 11 mil
  • 5º BPM (Centro): R$ 22 mil
  • 19º BPM (Copacabana): R$ 48 mil
  • P2 do 19º BPM: R$ 6 mil
  • 23º BPM (Leblon): R$ 30 mil
  • Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPtur): R$ 45 mil
  • Comando de Polícia Pacificadora (CPP): R$ 5 mil
  • UPPs (Prazeres, Macacos, Turano, Babilônia/Chapéu Mangueira, Pavão-Pavãozinho-Cantagalo, Vidigal): Valores não especificados, mas também contempladas.

Esses repasses tinham como objetivo principal a omissão de ações policiais, permitindo que bingos e máquinas caça-níquel operassem sem qualquer tipo de fiscalização, em pleno desafio à lei.

Polícia Civil: Delegacias na Folha de Pagamento da Ilegalidade

Agentes da Polícia Civil também figuravam na lista de recebedores de propina. Em apenas dois dias, R$ 281 mil foram distribuídos entre delegacias distritais e especializadas:

  • Delegacias distritais: R$ 146 mil
  • Delegacias especializadas: R$ 135 mil

O propósito era o mesmo: garantir que os agentes públicos “esquecessem” ou atrasassem investigações e fiscalizações, assegurando a continuidade das atividades ilegais do bicheiro Rogério Andrade. Para mais informações sobre a atuação da polícia, visite o site da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Reações e Próximos Passos: O Combate à Corrupção Continua

Diante das revelações, tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil emitiram notas reiterando que não compactuam com desvios de conduta e que procedimentos apuratórios seriam instaurados. Um policial militar já foi identificado e levado para prestar esclarecimentos. As corporações afirmam punir com rigor os envolvidos.

A defesa de Vinícius Drumond informou que aguarda acesso ao teor completo do processo para se manifestar. Já a defesa de Rogério Andrade optou por não se pronunciar. Enquanto isso, a Justiça já determinou que Flávio da Mocidade seja transferido para uma penitenciária de segurança máxima fora do Rio, seguindo o mesmo destino de seu chefe, Rogério Andrade, em um movimento que visa desarticular de vez essa poderosa rede criminosa.

Este escândalo ressalta a importância da atuação do GAECO do MPRJ no combate ao crime organizado e à corrupção, um trabalho contínuo para restaurar a integridade das instituições e a confiança da sociedade.

Compartilhar: