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Sisu 2026: A Nova Era do Enem e o Debate Intriga as Universidades

Sisu 2026: A Nova Era do Enem e o Debate Intriga as Universidades

temp_image_1762649759.088802 Sisu 2026: A Nova Era do Enem e o Debate Intriga as Universidades

Sisu 2026: A Nova Era do Enem e o Debate Intriga as Universidades

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) se prepara para uma mudança que promete redefinir a corrida por vagas nas universidades federais. A partir de 2026, uma nova regra entrará em vigor, permitindo que os candidatos utilizem as notas das últimas três edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Essa alteração, embora busque oferecer mais oportunidades, acendeu um intenso debate: será que as provas do Enem são realmente comparáveis entre si?

O Que Muda no Sisu 2026?

Imagine ter mais de uma chance para garantir seu lugar no ensino superior. É exatamente isso que a nova política do Sisu propõe. A partir da edição de 2026, os estudantes poderão escolher seu melhor desempenho entre as notas do Enem 2025, 2024 e 2023. Para muitos, essa é uma excelente notícia, oferecendo uma rede de segurança e a possibilidade de otimizar a estratégia para cursos altamente concorridos.

No entanto, a medida gerou preocupação, especialmente entre os alunos que estão concluindo o ensino médio agora e terão apenas uma nota (a do Enem 2025) para competir contra outros que poderão usar até três tentativas. A pergunta central é: como garantir a equidade nesse cenário?

Teoria de Resposta ao Item (TRI): A Base da Comparabilidade?

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, defende a comparabilidade das notas através da Teoria de Resposta ao Item (TRI). Este modelo matemático complexo busca nivelar o grau de dificuldade das questões e o padrão de acertos e erros do aluno, atribuindo notas que teoricamente permitem a comparação entre diferentes edições do exame.

A TRI funciona classificando cada questão como fácil, média ou difícil. Se um aluno acerta uma questão difícil, mas erra uma fácil, o sistema pode identificar um “chute”, penalizando a nota. O objetivo é que dois candidatos com o mesmo nível de proficiência obtenham notas similares, independentemente de qual edição do Enem fizeram.

A Análise dos Números: Variação nas Notas de Topo

Apesar da robustez da TRI, uma análise recente das últimas edições do Enem levanta um ponto crucial: enquanto a distribuição geral dos candidatos se mantém consistente, há uma variação significativa nas notas mais altas. Esse pequeno grupo de elite, que frequentemente busca cursos como Medicina, é diretamente afetado.

  • Em Matemática, por exemplo, em 2023, 0,2% dos candidatos ultrapassaram 900 pontos, enquanto apenas dois anos antes (2021), esse número foi a metade (0,1%).
  • A comparação entre Enem 2024 e 2023 também mostra discrepâncias notáveis em quatro das cinco áreas: Matemática, Ciências da Natureza, Linguagens e Redação. Em Ciências da Natureza e Linguagens, o Enem 2024 produziu cerca de 40% menos candidatos no patamar de desempenho superior a 700 pontos em relação a 2023.

Frederico Torres, estatístico e mestre em Matemática pela UnB, ressalta a importância desses percentuais, mesmo que pequenos: “Em termos percentuais pode parecer pouco, mas estamos falando de alta concorrência para Medicina, em que qualquer detalhe faz a diferença.” Ele exemplifica com a nota de corte da UnB, onde Matemática tem peso quatro para Medicina, e a variação de poucos milhares de candidatos acima dos 900 pontos pode impactar diretamente.

E a Redação?

A Redação é a única prova que não utiliza a TRI, sendo corrigida por uma metodologia isonômica que avalia as mesmas competências em todas as edições. Ainda assim, as diferenças nas notas de topo também foram observadas, variando entre 9,7% (2023) e 10,6% (2024) de candidatos acima de 900 pontos, e patamares ainda mais baixos em 2020 e 2021.

Perspectivas Divergentes: A Validade da Comparação

Enquanto o Inep e alguns especialistas, como Raquel Valle da Fundação Carlos Chagas, afirmam que a TRI garante a comparabilidade — “Todo mundo que conseguir 800 pontos no Enem, independentemente da edição que fizer, estará no mesmo ponto da escala de proficiência” —, outros apontam para os desafios.

Thiago Valentim, professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, concorda com a possibilidade de comparação para o conjunto total dos candidatos, observando um padrão similar ano a ano. Contudo, a variação nos percentuais de notas altíssimas sugere que, para a elite que disputa as vagas mais cobiçadas, as diferenças entre as edições podem ser mais significativas do que o modelo da TRI consegue mitigar completamente.

Preparação Estratégica para o Novo Sisu

Com o Sisu 2026 se aproximando e a nova regra em vigor, é crucial que os estudantes estejam cientes dessas nuances. A capacidade de usar múltiplas notas do Enem pode ser uma vantagem, mas exige uma estratégia bem definida. Fique atento às análises de desempenho, entenda como a TRI impacta sua nota e prepare-se não apenas para o conteúdo, mas também para a dinâmica de uma competição que se torna, a cada ano, mais estratégica.

Para mais informações sobre o Sisu e suas regras, acesse o portal oficial do MEC.

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