
Vagner Araújo, Secretário de Natal, Relata Terror em Missão Oficial em Israel: ‘Retorno é Presente de Deus’

Secretário de Natal Vive Drama em Israel Durante Ataques e Relata Retorno: ‘Presente de Deus’
Após uma experiência que misturou conhecimento técnico e puro instinto de sobrevivência, o Secretário de Planejamento de Natal, Vagner Araújo, está de volta ao Brasil. A missão oficial em Israel, inicialmente focada em inovação e gestão urbana, transformou-se dramaticamente em uma vivência no epicentro de um conflito armado. Em um emocionante relato, Vagner descreveu os dias de tensão e medo, a rotina nos abrigos antiaéreos e a indescritível sensação de voltar para casa, classificando o retorno como um verdadeiro “presente de Deus”.
De Missão Técnica a Cenário de Guerra
Vagner Araújo embarcou para Israel em 10 de junho, integrando uma comitiva de gestores brasileiros a convite do governo local. O objetivo era claro: absorver aprendizados sobre políticas públicas e o uso de tecnologias no serviço público, área em que Israel se destaca. A delegação incluía nomes como o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e o ex-prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, hoje secretário no Pará.
Contudo, a viagem tomou um rumo inesperado. Logo na chegada, a comitiva foi instruída sobre a localização dos ‘Miklat’ – abrigos subterrâneos. O que parecia um protocolo padrão, como instruções de segurança em voo, rapidamente se tornou uma necessidade urgente.
Sirenes, Bunkers e Noites de Tensão
A escalada da tensão se deu após notícias de ataques. Na madrugada de 14 de junho, por volta das 3h, o silêncio foi quebrado pelo som ensurdecedor das sirenes. Alarmes simultâneos em todos os celulares confirmaram o pior: mísseis iranianos estavam a caminho, em retaliação.
“Foi um choque”, relatou Vagner. A ordem era clara: correr para o abrigo. O bunker, localizado no subsolo do campus universitário onde estavam hospedados, tornou-se o refúgio constante. “Tínhamos que correr para lá cinco, seis vezes por noite, e só podíamos sair quando recebíamos outra mensagem autorizando.”
As noites tornaram-se uma sequência de alarmes e corridas para o subsolo. “Chegamos a ouvir os estrondos”, lembrou o secretário. A imprevisibilidade e o medo dominavam o ambiente.
A Rotina da Sobrevivência e a Dificuldade de Sair
Durante a permanência forçada, a rotina se tornou precária. A alimentação, antes regular, foi reduzida a improvisos com pizzas e sanduíches. Apesar do desconforto e da crescente vontade de deixar o país, as autoridades israelenses desaconselhavam a saída.
“Disseram que o mais seguro era ficar nos bunkers”, contou Vagner. A justificativa era que as estruturas subterrâneas eram preparadas para resistir a ataques diretos, garantindo a sobrevivência até um eventual resgate. A gravidade da situação era clara: “Era uma guerra com o Irã, não era ataque pontual de grupos regionais. A gente sabia que o Irã tem mais de 1.500 mísseis. Não era algo que acabaria em dois dias”, ponderou.
Mesmo com as tentativas dos brasileiros em encontrar uma forma de sair, os coordenadores locais foram firmes, reiterando que permanecer onde estavam era a opção mais segura no cenário de conflito ativo.
Para entender mais sobre o contexto dos ataques na região naquele período, leia sobre a escalada das tensões entre Israel e Irã.
O Complexo Retorno ao Brasil e o Reencontro
A volta para casa foi uma operação complexa. Vagner Araújo e parte da comitiva deixaram Israel por via terrestre, atravessando a Jordânia até chegar à Arábia Saudita. De lá, um voo particular, providenciado pela família de Cícero Lucena, iniciou a longa jornada com escalas até Natal, pousando na última quarta-feira, 18.
“O melhor que poderia ter acontecido”, definiu Vagner o momento do retorno. Dos 13 passageiros do jato, oito desembarcaram em Natal, incluindo o secretário. Outros seguiram para seus destinos em voos comerciais ou no próprio jato.
Ao comentar sobre o apoio recebido, Vagner fez questão de agradecer publicamente a aliados como o ex-senador José Agripino, o prefeito de Natal Paulinho Freire e a primeira-dama e secretária Nina Souza, destacando a rede de suporte institucional e pessoal que se formou durante sua provação.
A Prefeitura de Natal acompanhou de perto a situação de seu secretário.
Resiliência: A Lição Inesperada
Mais do que conhecimento técnico, Vagner Araújo trouxe de Israel uma lição inestimável. “Fomos buscar conhecimento técnico e voltamos com uma lição sobre resiliência”, afirmou, emocionado. “Aprendemos como lidar com tensão extrema.”
O reencontro com a esposa e o filho foi o ponto alto, um alívio imenso após os dias de incerteza. “Estar em casa novamente… foi a melhor coisa dos últimos tempos. Só tenho a agradecer a Deus por ter voltado com vida.”, concluiu.
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