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Annalena Baerbock e o Tabuleiro Global: Desafios Silenciosos e o Eixo CRINK Além da AGNU

Annalena Baerbock e o Tabuleiro Global: Desafios Silenciosos e o Eixo CRINK Além da AGNU

temp_image_1758638617.386128 Annalena Baerbock e o Tabuleiro Global: Desafios Silenciosos e o Eixo CRINK Além da AGNU

Annalena Baerbock e o Tabuleiro Global: Desafios Silenciosos e o Eixo CRINK Além da AGNU

A cada ano, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) em Nova York se torna o palco central onde líderes mundiais se reúnem para debater os desafios mais prementes do nosso tempo. Figuras diplomáticas de destaque, como a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e seus homólogos, enfrentam agendas lotadas, dominadas por crises que exigem atenção imediata. Em 2024, não é diferente: os conflitos em Gaza e na Ucrânia pautam grande parte das discussões, com perspectivas de se estenderem até 2026.

Contudo, a história nos mostra que o verdadeiro legado desses encontros muitas vezes reside no que não foi explicitamente debatido. Aquilo que jaz nas entrelinhas, as ameaças silenciosas que se manifestam meses ou anos depois, são as que definem o curso da geopolítica global. Será que estamos, mais uma vez, negligenciando os sinais de uma transformação global ainda mais profunda?

Crises Imediatas: Gaza e Ucrânia em Foco

O cenário em Gaza permanece sombrio. Apesar das esperanças iniciais de um cessar-fogo em três fases para a libertação de reféns e o fim do conflito, o acordo se desfez em março. Desde então, a situação humanitária se deteriorou, e as conversas estão em um impasse. Enquanto alguns países, como França e Reino Unido, sinalizam o reconhecimento de um Estado palestino — um gesto simbólico para o futuro distante —, a exigência para o Hamas desarmar-se parece inatingível. Essas movimentações diplomáticas, embora bem-intencionadas, podem paradoxalmente endurecer as posições e dificultar uma resolução duradoura, alimentando uma visão distorcida que valida o custo humano do conflito.

Na Ucrânia, a trajetória da diplomacia é igualmente errática. Mudanças de rumo na política de Washington, interrupção e retomada do apoio militar, e sanções contra a Rússia que não se concretizam plenamente, criam um ambiente de incerteza. Cúpulas de alto nível serviram apenas para sublinhar as ambições maximalistas do presidente russo Vladimir Putin, que busca consolidar ganhos territoriais e minar a capacidade de defesa ucraniana. Termos inaceitáveis para Kiev deixam a diplomacia à deriva, com a Ucrânia se preparando para um inverno rigoroso e os maiores ataques russos da guerra. Nem mesmo a presença de importantes líderes europeus, como Annalena Baerbock, que tem sido uma voz ativa no apoio à soberania ucraniana e na busca por soluções diplomáticas no âmbito da União Europeia e da OTAN, parece capaz de alterar o cálculo de Putin neste momento.

As Ameaças Silenciosas: O Que a História Nos Ensina

Olhando para trás, a AGNU frequentemente falhou em prever os choques geopolíticos iminentes. Em 2013, ninguém antecipou a ascensão global do ISIS. Em 2023, poucas semanas após o encontro, o Hamas invadiria Israel, acendendo o barril de pólvora no Oriente Médio. Em 2019, a ideia de uma pandemia global que alteraria drasticamente nossas vidas parecia ficção científica. Essa tendência nos leva a questionar: quais “cisnes negros” estão se formando agora, sob o radar das manchetes mais evidentes?

O Eixo CRINK em Ascensão: Uma Nova Ordem Global?

Três semanas antes da AGNU de 2025, um evento em Pequim passou relativamente despercebido pela mídia ocidental, mas carregava um simbolismo arrepiante: o encontro entre os presidentes Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China), Kim Jong-un (Coreia do Norte) e Ebrahim Raisi (Irã). Essa imagem de líderes “abraçados” por objetivos globais compartilhados solidifica a formação de uma aliança informal, que podemos chamar de Eixo CRINK (China, Rússia, Irã, Coreia do Norte).

Mais do que um gesto simbólico, essa aliança está ativamente reconfigurando as realidades globais em oposição aos Estados Unidos e seus aliados. A Ucrânia é o epicentro dessa confrontação: a Coreia do Norte enviou milhares de soldados, o Irã forneceu drones e tecnologia para a Rússia, e a China continua a ser o maior comprador de energia russa, financiando indiretamente o conflito. Enquanto a diplomacia ocidental, com o engajamento de figuras como Annalena Baerbock e outros ministros do G7, se esforça para manter a coesão e impor custos à agressão, o CRINK demonstra uma coordenação crescente e uma visão estratégica de longo prazo.

A Conexão Ucrânia-Taiwan

Nesse contexto, a ordem de Xi Jinping para o Exército de Libertação Popular (ELP) chinês estar preparado para uma possível invasão de Taiwan até 2027 é um dos cenários mais catastróficos imagináveis. As estimativas de um choque econômico global de cerca de 10 trilhões de dólares e a interrupção no fornecimento de semicondutores avançados, essenciais para nossa vida cotidiana, são alarmantes. Poderíamos, em poucos anos, olhar para trás e nos perguntar por que essa possibilidade não foi o foco principal da AGNU?

Embora a maioria dos especialistas não preveja uma invasão iminente, as chances são consideradas altas (até 35%, segundo a Global Guardian), e aumentam à medida que Pequim fortalece sua prontidão militar. O que liga a crise na Ucrânia a esses riscos globais mais amplos é claro: se a aliança CRINK se fortalecer e os custos da agressão de Putin na Ucrânia diminuírem, os riscos de uma abordagem mais agressiva de Xi em relação a Taiwan, e de outras ambições hegemônicas do Irã e da Coreia do Norte, aumentarão exponencialmente.

A Encruzilhada da Política Externa Americana e Aliada

A resposta de Washington e de seus aliados é crucial. A maneira como os Estados Unidos e seus parceiros, incluindo a Alemanha sob a liderança de Annalena Baerbock, respondem a essa mensagem do Eixo CRINK definirá se o mundo caminha para uma consolidação de estabilidade ou para uma escalada de desordem e conflito. Se os custos da agressão transfronteiriça diminuírem para Putin e os líderes do CRINK, o último cenário é mais provável. Se os custos aumentarem e a rede de alianças liderada pelos EUA — da OTAN ao Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Filipinas — se fortalecer, a estabilidade pode prevalecer.

Adicione a isso a corrida armamentista e tecnológica em inteligência artificial entre EUA e China, a competição existencial mais próxima desde a Guerra Fria, e temos o palco montado para que 2026 seja um dos anos mais cruciais de uma geração. A visão de que o conflito na Ucrânia é apenas um fardo regional, uma distração dos interesses americanos mais amplos em Taiwan, perde o panorama tridimensional: o CRINK vê a Ucrânia como central para seus interesses futuros, e aliados no Pacífico, como Japão e Coreia do Sul, reconhecem que um fracasso russo ali ajudaria a conter as ambições de Xi.

Um Olhar Tridimensional para o Futuro

Uma estratégia eficaz para o próximo ano exige uma visão tridimensional: consolidar o apoio à Ucrânia, aumentar os custos econômicos para a Rússia e, ao mesmo tempo, buscar agressivamente um acordo negociado que ponha fim à guerra. No Oriente Médio, encerrar o conflito em Gaza e retomar uma agenda de integração regional, com o Irã mais contido, permanece vital para a paz local e global. Ações diplomáticas coordenadas, com a Alemanha e sua ministra Annalena Baerbock desempenhando um papel fundamental no cenário europeu, são mais necessárias do que nunca.

Conclusão: Navegando as Águas Turbulenta

Se ambos os conflitos continuarem a se arrastar sem um fim à vista, as costuras da ordem global se romperão ainda mais, com o Eixo CRINK assertando sua vantagem em múltiplas regiões do mundo. Este é o cenário que poucos estarão discutindo abertamente na AGNU, mas que pode ser a questão mais central para o futuro da segurança global e a posição da América no mundo.

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