Aprovação do Governo Lula: Estabilidade e os Desafios de uma Gestão ‘Boa’ ou ‘Ótima’

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Aprovação do Governo Lula: Estabilidade e os Desafios de uma Gestão ‘Boa’ ou ‘Ótima’
A recente pesquisa Datafolha traz um retrato da aprovação do governo Lula que, após um período de recuperação, agora se mostra estável. O levantamento indica que 32% dos brasileiros consideram a gestão atual como ‘boa’ ou ‘ótima’, um patamar que, apesar de não ter avançado, representa a manutenção de um índice que havia sido mais otimista meses atrás. Vamos mergulhar nos detalhes e nos fatores que moldam a percepção pública sobre a administração petista.
Para se aprofundar nas metodologias e resultados, você pode consultar o site oficial do Datafolha, que oferece insights detalhados sobre suas pesquisas de opinião.
O Cenário Atual: Números e Estagnação
O estudo, que ouviu 2.002 eleitores em 113 cidades, revela que 32% dos entrevistados avaliam o governo como ‘bom’ ou ‘ótimo’. Em contrapartida, 37% o veem como ‘ruim’ ou ‘péssimo’, enquanto 30% o classificam como ‘regular’. Comparando com a rodada anterior (33% ‘bom/ótimo’, 38% ‘ruim/péssimo’, 28% ‘regular’), percebe-se uma estabilidade na popularidade do presidente dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.
Essa estagnação contrasta com o cenário de começo de setembro, quando a aprovação havia registrado uma subida de quatro pontos. Naquela ocasião, o governo parecia surfar na onda de uma polarização política em alta, com eventos de grande repercussão que envolviam o ex-presidente Jair Bolsonaro e tensões internacionais com Donald Trump. Agora, a dinâmica é outra.
Fatores que Moldam a Avaliação Governamental
Diversos acontecimentos influenciaram a percepção pública desde o último levantamento significativo. Vejamos alguns pontos chave:
- Situação de Bolsonaro: A prisão de Jair Bolsonaro por violação da tornozeleira eletrônica e a confirmação de sua condenação por tentativa de golpe de 2022 tiveram um impacto direto na cena política. Embora a queda do capital político do ex-presidente pudesse favorecer o governo, a fragmentação da direita e a busca por um novo líder podem ter gerado incertezas.
- Relações Internacionais: A reaproximação com Donald Trump, culminando em um encontro na Malásia, resultou na derrubada de algumas tarifas sobre produtos brasileiros. Essa movimentação, contudo, ainda carrega a dependência de futuros eventos, como uma possível crise na Venezuela, que poderiam alterar o curso das relações.
- Derrotas no Congresso: Internamente, o governo Lula enfrentou uma série de reveses no Congresso, especialmente no Senado. Questões como a indicação de Jorge Messias para a AGU, preterindo Rodrigo Pacheco, geraram atritos significativos e abriram uma crise que expõe a fragilidade da base governista no parlamento.
- Vitórias Pontuais: Nem tudo foi desafio. O governo colheu uma importante vitória com a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, medida que foi amplamente divulgada. Embora o impacto eleitoral direto ainda não seja totalmente visível, houve um aumento na aprovação de Lula (quatro pontos) na faixa mais diretamente beneficiada, sinalizando um efeito positivo em grupos específicos.
- Aprovação Pessoal do Presidente: Quando a pergunta foca na avaliação do trabalho pessoal do presidente, os números são um pouco melhores que os do governo. Lula é aprovado por 49% da amostra, mantendo a estabilidade em relação aos 48% anteriores.
O Perfil da Aprovação: Quem Vê o Governo como ‘Bom’ ou ‘Ótimo’?
A pesquisa Datafolha reitera perfis demográficos e socioeconômicos que tendem a avaliar o governo de forma mais positiva ou negativa. A popularidade do presidente e a avaliação positiva de sua gestão seguem padrões eleitorais já conhecidos:
- Mais de 60 anos: 40% consideram o governo ‘bom’ ou ‘ótimo’.
- Menos instruídos: 44% aprovam a gestão.
- Nordestinos: 43% têm uma visão positiva.
- Católicos: 40% aprovam o governo.
Por outro lado, grupos com maior incidência de bolsonarismo ou antipetismo tendem a reprovar mais a gestão:
- Ensino superior: 46% reprovam.
- Renda de 5 a 10 salários mínimos: 53% reprovam.
- Sulistas: 45% reprovam.
- Evangélicos: 49% reprovam.
Lula no Contexto Histórico: Comparativos e Perspectivas
O cenário atual para o presidente Lula, embora estável, já foi mais difícil. No início do ano, após a crise do Pix e a pressão política, a aprovação despencou para 24% em fevereiro de 2024 (referência de texto original, mas parece ser 2023), o pior índice de seus mandatos. A recuperação até os atuais 32% representa um avanço.
Contudo, esses números ainda são modestos se comparados ao desempenho de seus governos anteriores (2003-2010), onde a aprovação chegava a impressionantes 72% e a reprovação a apenas 6% em períodos semelhantes. Ainda assim, a gestão atual supera o rival Jair Bolsonaro, que em 2021, em meio à pandemia e a crises políticas, registrava 53% de ‘ruim/péssimo’ e 22% de ‘ótimo/bom’.
A estabilidade na aprovação do governo Lula demonstra uma base de apoio consolidada, mas também os desafios de expandir essa base em um cenário político fragmentado e com questões complexas a serem gerenciadas. A capacidade de articular apoio no Congresso e de comunicar as vitórias, como a isenção do IR, será crucial para o futuro da gestão.
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