
Augusto Heleno: Testemunhas no STF Detalham Afastamento de Bolsonaro em Investigação

Testemunhas no STF Lançam Luz Sobre Relação Entre Augusto Heleno e Bolsonaro em Investigação
As audiências de instrução no Supremo Tribunal Federal (STF), que investigam a suposta trama golpista de 2022, trouxeram à tona depoimentos relevantes sobre a dinâmica entre o ex-ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, e o então presidente Jair Bolsonaro.
Testemunhas indicadas pela defesa de Heleno, que prestaram depoimento na última segunda-feira (26), afirmaram à corte que observaram um gradual afastamento entre os dois a partir da segunda metade do mandato presidencial.
Distanciamento e os Possíveis Motivos Apontados
Ricardo Ibsen Pennaforte de Campos, que atuou como chefe de gabinete de Heleno no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), confirmou a diminuição da frequência de reuniões entre o general e o ex-presidente.
“Sim, observei que houve [diminuição de reuniões entre Heleno e Bolsonaro]. Posso colocar metade do mandato, não sei precisar o momento, mas houve menor participação do ministro no gabinete da Presidência do que na primeira metade”, declarou Pennaforte ao STF.
Amilton Coutinho Ramos, ex-assessor especial de comunicação do GSI, ofereceu uma possível explicação para o distanciamento. Segundo ele, a mudança na relação teria ocorrido após a filiação de Bolsonaro ao Partido Liberal (PL).
“Houve essa diminuição e pelo que testemunhei foi a partir da filiação do ex-presidente ao PL. O general Heleno assumiu publicamente resistência quanto à corrente majoritária no Congresso Nacional, e então ele perdeu espaço na sala do presidente. E isso o general entendeu muito bem”, afirmou Coutinho, ressaltando que Heleno continuou despachando assuntos do GSI e apoiando o presidente, mas com menor proximidade no dia a dia do Planalto.
A Defesa de Heleno Pelas Testemunhas
Em contraste com as acusações de envolvimento em planos golpistas, as testemunhas relataram o comportamento de Heleno no GSI após as eleições de 2022. Todos que trabalharam diretamente com ele afirmaram que o ex-ministro ordenou o andamento normal do processo de transição de governo. Eles também destacaram que Heleno manteve servidores de governos anteriores nos quadros do GSI e que nunca tratou de assuntos relacionados a uma “minuta de golpe” ou politizou o órgão.
O Contexto da Reunião Ministerial de Julho de 2022
Ainda na mesma segunda-feira, o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também prestou depoimento e voltou a defender as declarações proferidas por Jair Bolsonaro durante a polêmica reunião ministerial de julho de 2022, cujo vídeo foi amplamente divulgado e usado como prova na investigação.
Queiroga classificou a fala de Bolsonaro como “muito assertiva” e “muito afirmativa”, conclamando os ministros a se empenharem como cidadãos contra o retorno do grupo político que assumiu o governo. Ele minimizou as falas de Bolsonaro sobre fraudes nas urnas e a menção de “colocar o exército na rua”, interpretando-as dentro do “padrão” de comunicação do então presidente.
Os depoimentos se somam ao conjunto de evidências que o STF analisa no âmbito da investigação que busca esclarecer a extensão e os participantes da suposta articulação para impedir a posse do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
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