
Avenida Paulista e a Bandeira dos EUA: Os Protestos de 7 de Setembro que Agitaram o Brasil

Avenida Paulista e a Bandeira dos EUA: Os Protestos de 7 de Setembro que Agitaram o Brasil
O 7 de Setembro de 2025 marcou um feriado da Independência com intensas manifestações por todo o Brasil, e a Avenida Paulista, em São Paulo, foi o epicentro de um dos atos mais simbólicos. Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro foram às ruas, não apenas para celebrar a data cívica, mas para expressar demandas políticas contundentes, com destaque para um gigante pedido de anistia e a exibição de uma enorme bandeira dos EUA.
O Grito por Anistia e a Presença Americana na Paulista
Em um cenário de efervescência política, a Avenida Paulista se transformou em um palco de reivindicações. O ponto central dos protestos era o clamor por anistia para os condenados por crimes contra a democracia, uma pauta que ganhou força em meio ao julgamento de figuras políticas e à situação do próprio ex-presidente. A presença de uma gigantesca bandeira dos EUA, na altura do MASP, não passou despercebida e serviu como pano de fundo para cartazes em inglês que instavam o ex-presidente americano Donald Trump a intervir no cenário político brasileiro, especificamente em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Essa simbologia reflete uma busca por apoio internacional e um alinhamento ideológico transnacional.
As estimativas do Monitor do Debate Político do Cebrap e da USP indicaram uma mobilização significativa: 42,2 mil pessoas em São Paulo e 42,7 mil no Rio de Janeiro. Esses números, embora sujeitos a margem de erro, reforçam a capacidade de engajamento do movimento em datas-chave.
Discursos Contundentes e o Debate Sobre a “Tirania”
O ato na Paulista contou com a presença de figuras proeminentes, que aproveitaram o momento para discursar e intensificar as críticas às instituições. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi um dos protagonistas. Em sua fala, Tarcísio não poupou o STF e, de forma veemente, classificou o ministro Alexandre de Moraes como “tirano”, ecoando o sentimento de parte dos manifestantes. Ele também defendeu a anistia e a elegibilidade de Bolsonaro para as eleições de 2026, provocando gritos de “Fora Moraes!” na multidão.
Em resposta, o ministro Gilmar Mendes, do STF, utilizou suas redes sociais para reafirmar a importância da democracia e a punição de crimes contra o Estado Democrático de Direito, destacando a insuscetibilidade de perdão para tais atos. Essa troca de farpas demonstra a polarização e a tensão institucional que permeiam o debate político atual.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, emocionada, também se manifestou na Avenida Paulista, relatando a “perseguição política” contra seu marido e a família, e a restrição de suas liberdades. O pastor Silas Malafaia, conhecido por seu engajamento político e investigado por coação, foi o responsável pela convocação dos atos, reforçando a mobilização de lideranças religiosas no movimento.
Outras Presenças Notáveis e Repercussões
- Valdemar Costa Neto (PL): Presidente do partido de Bolsonaro, presente na Paulista.
- Romeu Zema (MG): Governador de Minas Gerais, também no carro de som em São Paulo.
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ): Filho do ex-presidente, discursou no ato de Copacabana, no Rio de Janeiro.
- Cláudio Castro (RJ): Governador do Rio de Janeiro, presente no ato carioca.
A Pauta da Anistia e o Julgamento no STF
O clamor por anistia ganha contexto diante do julgamento de Bolsonaro e outros réus no STF por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Com penas que podem somar décadas de prisão, a possibilidade de anistia é vista por seus apoiadores como uma saída política, enquanto o governo e a oposição a ela se posicionam contrariamente, defendendo a responsabilização. O debate sobre o tema intensifica-se na Câmara dos Deputados, com o PL e parte do Centrão pressionando por sua votação, apesar da resistência governamental.
É crucial entender as implicações legais de um pedido de anistia em um Estado Democrático de Direito. Para mais informações sobre o funcionamento do sistema judiciário brasileiro, visite o site oficial do Supremo Tribunal Federal.
Mobilização Nacional e Contrapontos
Além de São Paulo e Rio de Janeiro, manifestações pró-Bolsonaro foram registradas em diversas capitais, como Recife, Florianópolis, Belém, Goiânia, Brasília e Maceió, com pautas semelhantes e o uso de símbolos como a bandeira dos EUA e cartazes pró-Trump. Em Belo Horizonte e Florianópolis, filhos de Bolsonaro também participaram dos eventos, solidificando a presença familiar no movimento.
Em contraponto, movimentos e partidos de esquerda também organizaram protestos no mesmo dia, reunindo um público considerável, especialmente no Centro de São Paulo, o que evidencia a polarização persistente na sociedade brasileira.
Conclusão: Um 7 de Setembro Marcado por Controvérsias e Engajamento
O 7 de Setembro de 2025 se configurou como um dia de intensa expressão política e de reafirmação de diferentes visões para o futuro do Brasil. Os protestos na Avenida Paulista, com sua marcante bandeira dos EUA e os pedidos de anistia, não foram apenas um reflexo da mobilização bolsonarista, mas um termômetro das tensões políticas e institucionais que o país enfrenta. A forma como o debate sobre anistia e os embates com o STF evoluirão nos próximos meses será determinante para o cenário político nacional.
Para aprofundar-se nos estudos sobre mobilização social e comportamento político, consulte os trabalhos do Cebrap.
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