
Bomba Nuclear: O Medo da Escalação e Quem São as Potências Atômicas Hoje

O Fantasma Nuclear Paira Sobre a Geopolítica Atual
Eventos recentes no cenário internacional reacendem o debate sobre o uso de armas nucleares, uma ameaça que, por décadas, assombrou o planeta durante a Guerra Fria e agora parece ganhar novo fôlego. Após a bem-sucedida “Operação Teia de Aranha”, onde a Ucrânia conseguiu impactar ativos militares russos, o temor de uma retaliação do Kremlin que envolva o arsenal atômico tem aumentado.
Desde o início do conflito, a Rússia tem utilizado a menção a armas nucleares como um instrumento de pressão. A preocupação dos Estados Unidos, em particular, cresceu significativamente após este último ataque ucraniano, diante da possibilidade de uma resposta mais drástica por parte do Presidente Vladimir Putin.
Vale lembrar que, desde 2024, a Rússia alterou sua doutrina nuclear. Anteriormente, o país se restringia a utilizar seu arsenal apenas em caso de ataque direto por outra potência nuclear. A nova doutrina amplia essa possibilidade, contemplando retaliação nuclear caso o ataque, mesmo que convencional, seja apoiado por uma potência nuclear, como os EUA.
Quem Possui Armas Nucleares? O Ranking Global
Apesar das tensões atuais, a boa notícia é que o arsenal nuclear global, segundo a Federação de Cientistas Americanos (FAS), está em declínio desde o auge da Guerra Fria na década de 1980, quando existiam cerca de 70 mil ogivas ativas no planeta. Tanto a União Soviética/Rússia quanto os Estados Unidos iniciaram processos de desarmamento significativo desde então.
Contudo, o poder de destruição concentrado nas mãos de poucos países ainda é imenso. Veja o ranking das maiores potências nucleares em 2025, de acordo com as estimativas da FAS:
- Rússia: 5.449 ogivas
- Estados Unidos: 5.277 ogivas
- China: 600 ogivas
- França: 290 ogivas
- Reino Unido: 225 ogivas
- Índia: 180 ogivas
- Paquistão: 170 ogivas
- Israel*: 90 ogivas
- Coreia do Norte: 50 ogivas
* Israel mantém uma política de ambiguidade, sem confirmar nem negar a posse de armas nucleares.
Além dos Arsenais Próprios: O Compartilhamento Nuclear
É importante notar que alguns países, embora não possuam armas nucleares próprias, hospedam armamento de nações parceiras como parte de acordos de defesa. O programa de compartilhamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é o exemplo mais notório, onde os Estados Unidos armazenam ogivas em território de aliados.
Atualmente, os países que hospedam armamento nuclear dos EUA são:
- Alemanha
- Bélgica
- Países Baixos
- Itália
- Turquia
Do lado russo, Belarus também passou a armazenar armas nucleares da Rússia em seu território.
Casos Específicos e Controvérsias
A paisagem nuclear global é complexa, com situações particulares que merecem destaque:
Israel: A Política de Ambiguidade
Amplamente considerado como possuidor de um arsenal nuclear, Israel adota uma política oficial de ambiguidade sobre o tema. O país não confirma nem nega a existência de armas, o que dificulta estimativas precisas e o mantém fora das obrigações do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual não é signatário.
Apesar da política, diversas fontes internacionais e até mesmo ex-funcionários de alto escalão dos EUA, como Robert Gates (ex-diretor da CIA) e o ex-presidente Jimmy Carter, já confirmaram publicamente a posse israelense. A declaração oficial de Israel é que não será o primeiro país a introduzir armas nucleares no Oriente Médio, sugerindo um uso apenas em resposta a um ataque. Em 2023, a suspensão de um ministro israelense após sugerir o uso de artefatos nucleares em Gaza foi interpretada por muitos como um deslize que reforça essa crença. A FAS estima que o país possua cerca de 90 ogivas.
China: Crescimento Apesar do Tratado
A China é signatária do TNP, mas é o único país membro cujo arsenal nuclear tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos. Embora seu estoque ainda seja menor que o de Rússia e EUA, o aumento é notável: de um número relativamente estável entre 205 e 235 ogivas entre 1980 e 2010, a estimativa para 2025 já atinge 600 ogivas, mais que o dobro.
Países Fora do Tratado de Não Proliferação (TNP)
Quatro países que se sabe ou se acredita possuir armas nucleares não são signatários do TNP, um acordo fundamental para a segurança global:
- Índia e Paquistão: Inimigos históricos e vizinhos, ambos realizaram testes nucleares em 1998 e se recusam a assinar o TNP, mantendo e até aumentando seus arsenais.
- Coreia do Norte: É o único país que assinou o TNP e se retirou posteriormente (em 2003), alegando ameaças dos EUA. Desenvolve ativamente seu programa nuclear e de mísseis.
- Israel: Conforme mencionado, não é signatário e mantém a política de ambiguidade sobre sua posse.
Um quinto país, o Sudão do Sul, fundado em 2011, também ainda não assinou o acordo, embora não possua armamento nuclear.
Conclusão: Um Cenário de Vigilância Constante
A existência e a modernização das armas nucleares continuam sendo um dos maiores desafios para a paz e segurança internacionais. Enquanto o número total de ogivas diminuiu desde a Guerra Fria, as tensões geopolíticas e a proliferação em certos países mantêm o mundo em estado de alerta. Acompanhar a evolução desses arsenais e as negociações diplomáticas é fundamental para entender os riscos e as complexidades do cenário global atual.
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