Brizola: O Legado Intenso e Duradouro de Uma Figura Central na História Política Brasileira

Ao mencionar o nome Leonel Brizola, um turbilhão de imagens e momentos cruciais da história política brasileira vêm à mente. Governador por dois estados, figura central na Campanha da Legalidade e líder inconteste do trabalhismo por décadas, Brizola deixou uma marca indelével, dividindo opiniões, mas jamais passando despercebido.

A Jornada Política de Brizola: Da Legalidade ao Exílio

Sobrinho e herdeiro político de Getúlio Vargas, Leonel Brizola emergiu como uma força no Rio Grande do Sul nos anos 1950 e 1960. Seu momento de maior destaque antes do Golpe de 1964 foi, sem dúvida, a Campanha da Legalidade. Em 1961, diante da crise sucessória que ameaçava impedir a posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros, Brizola, então governador gaúcho, liderou um movimento de resistência pela garantia da ordem constitucional, utilizando a rádio Piratini para mobilizar a população. Este episódio solidificou sua imagem como um defensor ferrenho da democracia e da soberança nacional.

O Golpe Militar de 1964, no entanto, interrompeu abruptamente sua ascensão. Brizola foi cassado e forçado ao exílio, passando 15 anos fora do Brasil, inicialmente no Uruguai e depois nos Estados Unidos e em Portugal. Mesmo distante, manteve-se como um símbolo de resistência e um ponto de referência para a esquerda e o trabalhismo.

O Retorno e a Redemocratização: A Força do Trabalhismo

Com a anistia em 1979, Leonel Brizola retornou ao Brasil e rapidamente se rearticulou no cenário político. Em uma disputa pela herança do Trabalhismo com Ivete Vargas, fundou o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Sob sua liderança, o PDT se tornou uma força política relevante, elegendo-o governador do Rio de Janeiro por duas vezes (1983-1987 e 1991-1994).

Seus governos no Rio de Janeiro foram marcados por projetos ambiciosos na área da educação, como a criação dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), idealizados por Darcy Ribeiro. Essas escolas em tempo integral buscavam oferecer uma formação mais completa e combater as desigualdades sociais, tornando-se um símbolo do seu compromisso com a educação pública.

Brizola nas Eleições Presidenciais e Seu Legado

Brizola concorreu à presidência da República em 1989 e 1994. Na eleição de 1989, por muito pouco não chegou ao segundo turno, sendo superado por Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva em uma disputa apertadíssima que ficou na memória do país. Sua figura continuou ativa na política até seus últimos anos, sempre com um discurso forte e direto.

O legado de Brizola é complexo e multifacetado. Visto por muitos como um visionário e um defensor incansável dos trabalhadores e da soberania nacional, por outros era considerado um populista radical. Sua energia, carisma e capacidade de mobilização, contudo, são inegáveis e fazem dele uma das personalidades mais fascinantes e importantes da história política brasileira.

Leonel Brizola faleceu em 2004, mas suas ideias e sua trajetória continuam a influenciar debates e a inspirar novas gerações, confirmando seu status como uma figura que, para o bem ou para o mal, moldou parte significativa do Brasil que conhecemos.