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China Intensifica Repressão: Mais de 30 Líderes da Igreja Zion Detidos em Operação Nacional

China Intensifica Repressão: Mais de 30 Líderes da Igreja Zion Detidos em Operação Nacional

temp_image_1760456033.9571 China Intensifica Repressão: Mais de 30 Líderes da Igreja Zion Detidos em Operação Nacional

O cenário da liberdade religiosa na China enfrenta um novo e sombrio capítulo. O regime comunista iniciou uma vasta operação de repressão que resultou na detenção de pelo menos 30 pastores e líderes da Igreja Zion, uma das maiores e mais influentes congregações evangélicas não registradas do país. Este movimento marca a mais ampla ação contra igrejas independentes desde 2018, ecoando preocupações globais sobre os direitos humanos no país asiático.

A Escalada da Repressão: Prisões e Acusações

As detenções, iniciadas na quinta-feira (9), espalharam-se por diversas províncias chinesas, incluindo metrópoles como Pequim e outras regiões estratégicas como Guangxi, Zhejiang e Shandong. A amplitude da operação foi confirmada por veículos de imprensa de renome internacional, como Reuters, Wall Street Journal e Associated Press, demonstrando a coordenação e a seriedade da ofensiva.

Entre os presos está o Pastor Ezra Jin Mingri, fundador carismático da Igreja Zion, detido em sua residência em Beihai, no sul do país. A acusação formal, conforme notificação oficial do regime obtida pela Reuters, é de “uso ilegal de redes de informação” – um crime que, na China, pode render até sete anos de prisão. Esta não é uma acusação trivial; ela reflete a preocupação do Partido Comunista Chinês com a capacidade das congregações não oficiais de se organizar e se comunicar, especialmente em um ambiente digital.

Clamor por Liberdade e Saúde em Risco

Sean Long, porta-voz da Igreja Zion e atualmente exilado nos Estados Unidos, classificou as ações como parte de uma “nova onda de perseguição religiosa neste ano”. Ele revelou que cerca de 150 fiéis foram interrogados e pelo menos 20 líderes da igreja permanecem sob custódia. “Isso é uma violação brutal da liberdade religiosa, que está escrita na Constituição chinesa. Queremos que nossos pastores sejam libertados imediatamente”, declarou Long à AP, ecoando o desespero de milhares de fiéis.

A preocupação se estende à saúde do Pastor Ezra Jin Mingri. Grace Jin Drexel, filha do pastor e residente em Washington, expressou ao Wall Street Journal o temor da família. “Ele tem diabetes e precisa de medicação. Também fomos informados de que advogados não podem visitá-lo, o que é muito preocupante”, afirmou. Sua mãe, Chunli Liu, acrescentou: “Eles têm medo da influência do meu marido”, sugerindo que a prisão tem raízes políticas na popularidade e impacto da Igreja Zion.

Condenação Internacional e a Luta Contra a Fé Não Controlada

A comunidade internacional reagiu prontamente. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, condenou veementemente as prisões em nota oficial e em postagem na rede X. “Os Estados Unidos condenam a recente detenção de dezenas de líderes da Igreja Zion, incluindo o pastor Mingri ‘Ezra’ Jin. Exigimos sua libertação imediata”, declarou Rubio. Ele também reiterou que “essa repressão demonstra como o Partido Comunista Chinês é hostil a cristãos que rejeitam a interferência do Partido em sua fé”, um ponto crucial para entender a perseguição religiosa na China. Para mais informações sobre a situação de direitos humanos na China, consulte relatórios do Departamento de Estado dos EUA.

A revista Bitter Winter, que monitora a liberdade religiosa na China, descreveu a operação policial como “coordinada nacionalmente”, com mandados emitidos antecipadamente e prisões simultâneas. Policiais confiscaram computadores, celulares e outros equipamentos eletrônicos, numa clara tentativa de desmantelar a estrutura digital da Igreja Zion, que se tornou vital para cultos e encontros após o fechamento de templos físicos durante a pandemia.

A Crescente Influência da Igreja Zion e a Resposta do Regime

Fundada em 2007 pelo Pastor Ezra Jin Mingri, a Igreja Zion cresceu exponencialmente, reunindo cerca de 5 mil fiéis em 40 cidades chinesas. Seu crescimento acelerou ainda mais durante a pandemia, quando os cultos virtuais atraíram milhares de novos seguidores, demonstrando a resiliência e a capacidade de adaptação dessas comunidades de fé.

O cerne do conflito reside na recusa da Igreja Zion em se submeter ao “Movimento Patriótico das Três Autonomias (TSPM)”, o órgão estatal que supervisiona as igrejas evangélicas sob controle direto do Partido Comunista. Para o regime chinês, essa autonomia representa uma ameaça direta à autoridade da ditadura de Xi Jinping e à sua narrativa de controle total sobre todos os aspectos da sociedade, incluindo a religião.

O Desafio das “Igrejas Domésticas” na China

A China reconhece oficialmente cerca de 44 milhões de cristãos em igrejas estatais. Contudo, estima-se que outros 60 milhões pratiquem sua fé em congregações não registradas, carinhosamente chamadas de “igrejas domésticas”. É precisamente esse número crescente que o regime de Pequim tenta incessantemente reduzir através de prisões, censura e intimidações sistemáticas.

O ataque à Igreja Zion é um lembrete contundente da crescente repressão à liberdade religiosa na China, levantando preocupações globais sobre direitos humanos e o futuro da fé em um dos países mais populosos do mundo. A luta dessas comunidades por sua autonomia e fé continua, desafiando a opressão e clamando por justiça e liberdade. Para uma visão mais ampla sobre perseguição religiosa, organizações como Human Rights Watch oferecem dados e análises aprofundadas.

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