
Ciro Gomes x Janaína Farias: Senado Pede Prisão Preventiva por Violência Política de Gênero em Caso Explosivo

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Ciro Gomes x Janaína Farias: Senado Pede Prisão Preventiva por Violência Política de Gênero em Caso Explosivo
Uma reviravolta no cenário político-jurídico brasileiro reacende o debate sobre ética e respeito na esfera pública. A Advocacia do Senado Federal protocolou um pedido de prisão preventiva contra o ex-ministro e ex-candidato à presidência Ciro Gomes (PDT), em uma ação penal eleitoral movida pelo Ministério Público Eleitoral. O motivo? Alegações de violência política de gênero contra a ex-senadora e atual prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT), que tem sido alvo de declarações consideradas ofensivas e reiteradas por parte de Ciro.
O caso, que se arrasta desde 2024, coloca em evidência a fragilidade da integridade feminina no ambiente político e a necessidade de medidas rigorosas para coibir abusos. Janaína Farias, que assumiu a vaga de Camilo Santana (atual ministro da Educação) no Senado pelo Ceará, encontra-se no centro de uma batalha legal que promete reverberar em todo o país.
A Escalada da Tensão: Da Indenização ao Pedido de Prisão
O embate entre Ciro Gomes e Janaína Farias não é recente. Em maio deste ano, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) já havia proferido uma condenação em primeira instância, obrigando Ciro a pagar uma indenização de R$ 52 mil à petista. A decisão foi motivada por declarações feitas em abril de 2024, nas quais Ciro se referiu à então senadora como “assessora de assuntos de cama” e “cortesã” – termos que, segundo a justiça, ultrapassaram os limites da crítica política e adentraram o campo da ofensa pessoal e desqualificação de gênero.
Contrariando as expectativas de que a condenação inicial serviria como um freio, a Advocacia do Senado, atuando como assistente de acusação, argumenta que Ciro Gomes persistiu em sua conduta delituosa. O pedido de prisão preventiva, protocolado na última quinta-feira (4), cita postagens recentes nas redes sociais como prova da reincidência, demonstrando que a ação penal anterior não foi suficiente para desestimular o réu de sua conduta contra a mulher.
O Que Justifica a Prisão Preventiva?
A defesa, representada pela Advocacia do Senado, fundamenta o pedido de prisão preventiva na necessidade de assegurar a integridade física de Janaína Farias e de proteger a ordem pública. Os argumentos incluem:
- Reincidência das Agressões: A persistência das ofensas, mesmo após condenação judicial, demonstra um padrão de comportamento desrespeitoso.
- Influência Política do Réu: A posição e o poder de Ciro Gomes são considerados fatores que podem intimidar a vítima e influenciar o processo.
- Risco à Ordem Pública: A conduta continuada de violência política de gênero pode desestimular outras mulheres a participarem ativamente da vida pública, minando a democracia.
Medidas Cautelares Alternativas em Pauta
Além da prisão preventiva, o documento solicita a decretação de medidas cautelares alternativas, visando proteger Janaína Farias sem a necessidade imediata de detenção. Entre as propostas estão:
- Proibição de contato de Ciro Gomes com a prefeita.
- Impedimento de aproximação a menos de 500 metros da vítima.
- Vedação de novas ofensas públicas, seja por meio de entrevistas, redes sociais ou qualquer outro veículo.
- Comparecimento periódico em juízo por 90 dias.
A Investigação por Stalking e o Menosprezo à Condição de Mulher
Em um desdobramento paralelo, o juiz da 115ª Zona Eleitoral, Victor Nunes Barroso, já havia determinado o encaminhamento do caso à Polícia Federal para investigar um possível crime de perseguição (stalking) por parte de Ciro Gomes. A Advocacia do Senado reforça que a reincidência nas agressões não apenas configura um risco concreto à integridade de Janaína Farias, mas também caracteriza um claro menosprezo à sua condição de mulher, com o intuito de dificultar o exercício de seu mandato eletivo.
Esta situação ressalta a importância da Lei nº 14.192/2021, que estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher, buscando garantir a plena participação feminina na vida pública sem sofrer intimidações ou desqualificações baseadas em gênero.
A Defesa de Ciro Gomes Contesta
Do outro lado, a defesa de Ciro Gomes, liderada pelo advogado Walber Agra, contesta veementemente a ação. Em declarações à imprensa, Agra argumenta que a via judicial escolhida não é a correta e que não há qualquer requisito para a decretação de prisão preventiva ou mesmo de medidas cautelares. O advogado defende que as manifestações de Ciro se enquadram no legítimo exercício da liberdade de expressão e crítica política.
“A nossa linha de defesa é que não há ofensa, se trata de uma discussão política. Não há nenhum dos requisitos para uma decretação de preventiva ou qualquer medida cautelar. Não há reiteração de conduta, mas, sim, um direito político de liberdade de expressão de falar como são escolhidos cargos públicos para o Ceará. Você pode dizer que ele foi exacerbado, mas querem a prisão por ele exercer a liberdade de expressão e crítica política?”
– Walber Agra, advogado de Ciro Gomes, ao site O Antagonista.
O caso de Janaína Farias e Ciro Gomes promete ser um divisor de águas na forma como a justiça e a sociedade enxergam a violência política de gênero. Enquanto a defesa de Ciro invoca a liberdade de expressão, a Advocacia do Senado busca proteger a dignidade e a atuação política de uma mulher, sublinhando que a liberdade não pode ser um salvo-conduto para a agressão e a desqualificação. O desfecho desta batalha legal definirá precedentes importantes para o futuro da política brasileira.
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