
Cisjordânia: O Plano Polêmico de Israel para a Anexação e o Fim do Estado Palestino

O cenário geopolítico do Oriente Médio volta a ferver com uma proposta que promete acirrar ainda mais as tensões regionais. O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, figura proeminente da extrema direita e líder de longa data de colonos, defendeu publicamente a anexação da maior parte da Cisjordânia, em um movimento audacioso que visa explicitamente a eliminação da ideia de um Estado palestino independente.
A Proposta Controversa de Smotrich: Soberania Israelense Total
Em uma coletiva de imprensa em Jerusalém, Smotrich não hesitou em declarar seu principal objetivo: “eliminar, de uma vez por todas, essa ideia de um Estado palestino”. A justificativa para tal medida seria uma “medida preventiva contra o ataque diplomático planejado” contra Israel, referindo-se ao crescente reconhecimento internacional de um Estado palestino. Sua visão prevê a anexação de cerca de 82% da Cisjordânia, excluindo as principais cidades palestinas, mas garantindo a soberania total israelense sobre o território.
Segundo o ministro, os palestinos continuariam a gerir seus assuntos locais, mas a terra seria, para todos os efeitos, israelense. Essa posição reforça uma linha dura que contraria décadas de esforços diplomáticos internacionais para uma solução de dois estados, amplamente apoiada pela comunidade global.
O Contexto Internacional e a Pressão por Reconhecimento
A declaração de Bezalel Smotrich surge em um momento crucial para o conflito Israel-Palestina. Nas últimas semanas, diversos países, inclusive aliados históricos de Israel, anunciaram ou consideram reconhecer um Estado palestino. Essa onda de reconhecimento é vista por alguns setores israelenses como um “ataque diplomático” que exige uma resposta contundente, como a anexação total ou parcial dos territórios ocupados.
A comunidade internacional, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), tem se esforçado para manter viva a perspectiva de dois estados como o caminho mais viável para a paz duradoura na região, baseada nas fronteiras de 1967.
A Ocupação da Cisjordânia: Um Histórico de Décadas
A Cisjordânia está sob ocupação israelense desde a Guerra dos Seis Dias em 1967. Desde então, o governo israelense construiu uma extensa rede de assentamentos na região, onde vivem aproximadamente meio milhão de colonos judeus. A expansão desses assentamentos é uma questão central no conflito Israel-Palestina e é amplamente considerada ilegal sob o direito internacional.
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) de Haia, por exemplo, já se manifestou indicando que as políticas de colonização de Israel na Cisjordânia violam o direito internacional e devem ser encerradas. Apesar disso, a construção de novos assentamentos persiste, consolidando ainda mais o controle israelense sobre o território e dificultando qualquer perspectiva de separação.
Implicações e o Futuro do Conflito Israel-Palestina
Para os palestinos, a Cisjordânia é vista como parte fundamental de seu futuro Estado independente, com Jerusalém Oriental como sua capital. A proposta de anexação por parte de Smotrich e de outros membros da direita israelense representa um obstáculo intransponível para essa aspiração. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, embora não tenha endossado explicitamente a proposta de Smotrich nos mesmos termos, também se opõe à criação de um Estado palestino, argumentando que isso representaria uma ameaça à segurança de Israel.
O debate sobre a Cisjordânia e o futuro do Estado palestino continua a ser um dos pontos mais sensíveis e explosivos da geopolítica global, com ramificações que afetam milhões de vidas e a estabilidade de toda uma região. As próximas semanas e meses podem ser decisivos para o futuro dessa contenda histórica.
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