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Debate Acalorado na Câmara: Carlos Jordy e Haddad Batem Boca Sobre Economia

Debate Acalorado na Câmara: Carlos Jordy e Haddad Batem Boca Sobre Economia

temp_image_1749662439.126655 Debate Acalorado na Câmara: Carlos Jordy e Haddad Batem Boca Sobre Economia

Câmara Aquece com Embate Entre Carlos Jordy e Ministro Haddad

Uma sessão na Câmara dos Deputados se transformou em palco de um debate acalorado e repleto de tensões, colocando frente a frente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e deputados da oposição, com destaque para o embate direto com Carlos Jordy (PL-RJ). A audiência, marcada para discutir a política econômica do governo, rapidamente escalou para trocas de acusações e questionamentos agressivos de ambos os lados.

O foco principal dos questionamentos dos deputados, incluindo Carlos Jordy e Nikolas Ferreira (PL-MG), centrou-se na política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Eles criticaram o que consideram uma “gastança” excessiva, o aumento da carga tributária e os déficits persistentes nas contas públicas, comparando a situação atual com o superávit registrado no último ano da gestão anterior.

“Molecagem”: A Crítica de Haddad que Acendeu o Pavio

Em resposta às indagações, Fernando Haddad não poupou críticas à postura dos deputados que, segundo ele, faziam as perguntas apenas para “aparecer na rede” e depois deixavam o plenário antes de ouvir a réplica. Haddad classificou essa atitude como “molecagem” e “desrespeito”, afirmando que essa conduta não contribui para o debate democrático sério.

“Agora aparecem dois deputados, fazem as perguntas e correm do debate. Nikolas sumiu, [perguntou] só para aparecer… É um pouco de molecagem, e isso não é bom para a democracia”, disparou o ministro.

A Volta de Carlos Jordy e a Resposta Contundente: “Moleque é você”

A fala de Haddad provocou uma reação imediata. O deputado Carlos Jordy, que havia se ausentado temporariamente, retornou ao plenário ao saber da crítica e pediu direito de resposta. Em um tom igualmente agressivo, Carlos Jordy rebateu a acusação de “molecagem” diretamente ao ministro.

“Eu estava em outra comissão. O ministro nos chamou de moleque. Moleque é você, ministro, por ter aceitado um cargo dessa magnitude e só ter feito dois meses de [faculdade] economia. Moleque é você por ter feito que o nosso país ter o maior déficit da história. Governo Lula é pior do que uma pandemia”, retrucou veementemente Carlos Jordy.

Nikolas Ferreira também retornou à sessão, mas foi interrompido pelo deputado que presidia os trabalhos, Rogério Correia (PT-MG), em meio ao crescente tumulto.

Tumulto Generalizado e Encerramento da Sessão

A tensão se tornou incontrolável. Rogério Correia chegou a anunciar a retirada das ofensas de Carlos Jordy dos registros da Câmara, o que levou a oposição a exigir a retirada da fala inicial de Haddad. Sem acordo e com a impossibilidade de restaurar a ordem, a sessão foi abruptamente encerrada, impedindo que outros parlamentares inscritos pudessem se manifestar.

O episódio ilustra o clima político polarizado e as dificuldades enfrentadas na busca por um debate construtivo sobre os desafios econômicos do país no Congresso Nacional.

Haddad Comenta o “Desrespeito” Pós-Sessão

Na saída da audiência, o ministro Fernando Haddad lamentou o ocorrido, reiterando sua crítica à postura dos deputados. Ele afirmou que dados incorretos foram apresentados e que os parlamentares evitaram ouvir as respostas completas, o que considerou um desrespeito à função ministerial e ao próprio processo democrático de debate no parlamento.

Haddad comparou a atitude à de outros momentos de sua carreira e à de outras figuras políticas, sugerindo um padrão de comportamento para evitar o confronto real de ideias em favor de discursos para as redes sociais. Ele defendeu que veio à Câmara para prestar esclarecimentos e debater, mas foi impedido pela atitude de alguns deputados.

Os Argumentos da Oposição Detalhados

Antes do ápice do bate-boca, Carlos Jordy havia elogiado a coragem de Haddad em comparecer, mas rapidamente passou à crítica contundente. Questionou a fala sobre a inflação controlada, citando a alta dos preços dos alimentos, e o crescimento econômico que, em sua visão, se resumia a crescimento da inflação e dos juros. Ele também criticou o pacote de aumento de impostos como “horrível”.

Nikolas Ferreira complementou, chamando Haddad de “ministro da Suíça” por, em sua opinião, pintar um cenário econômico que não reflete a realidade vivida pela população mais pobre. Ambos citaram o superávit de R$ 54 bilhões deixado pelo governo Bolsonaro como um contraponto à situação atual.

A Réplica de Haddad Sobre as Contas Públicas

Em sua resposta, antes de classificar a postura dos deputados como “molecagem”, Haddad desmontou a narrativa do superávit de 2022 como resultado de boa gestão. Segundo o ministro, aquele saldo positivo foi alcançado à custa de medidas artificiais e prejudiciais, como:

  • Um “calote” nos governadores ao limitar o ICMS de combustíveis, prometendo compensação que só foi paga pelo governo Lula posteriormente (aproximadamente R$ 30 bilhões em 2023).
  • O atraso no pagamento de precatórios (sentenças judiciais), com R$ 92 bilhões a mais pagos em 2024.
  • A venda da Eletrobras por um preço considerado baixo (“na bacia das almas”).
  • A distribuição excessiva de dividendos pela Petrobras, que ele chamou de “depenagem” da empresa.

“Em 2022, eles estão alegando que houve um superávit primário. A que custo? Bolsonaro deu um calote dos governadores… Superávit primário de 2022 também se deveu ao calote de precatórios… Houve a barbeiragem da venda da Eletrobras… Depenaram a Petrobras… Dando calote, torrando patrimônio público e tomando dinheiro de governador. Assim qualquer um faz superávit”, argumentou Haddad, rebatendo as críticas da oposição e defendendo a seriedade do ajuste fiscal proposto por sua equipe no Ministério da Fazenda.

O episódio na Câmara com Carlos Jordy, Nikolas Ferreira e Fernando Haddad sublinha a intensidade do debate político sobre a economia brasileira, um tema que continua a gerar fortes confrontos e a dividir opiniões no cenário nacional.

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