
Guiné-Bissau na Liderança da CPLP: Um Mandato Entre Polêmicas e Promessas

Guiné-Bissau na Liderança da CPLP: Um Mandato Entre Polêmicas e Promessas de União
A Guiné-Bissau está no centro das atenções do mundo lusófono ao assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em uma cimeira realizada em Bissau, o presidente Umaro Sissoco Embaló tomou posse para um mandato de dois anos, mas o evento foi muito além da simples troca de liderança. Marcado por controvérsias, ausências notáveis e um tema crucial para o futuro, o encontro revelou as tensões e os desafios que o bloco enfrenta.
Uma Cimeira Sob o Signo da Controvérsia
A escolha da Guiné-Bissau como país anfitrião não foi um consenso. A cimeira foi alvo de duras críticas por parte de organizações de direitos humanos e da oposição política, que denunciam um cenário de perseguição, limitações à liberdade de imprensa e práticas autoritárias no país.
Esse clima de descontentamento refletiu-se diretamente na lista de presentes. As ausências dos chefes de Estado de Portugal, Brasil, Angola e Guiné Equatorial foram interpretadas por observadores internacionais como um claro sinal de desconforto político. A ausência de figuras-chave do bloco lançou uma sombra sobre a cerimônia, questionando a unidade da comunidade lusófona neste momento delicado.
Soberania Alimentar: O Caminho para o Desenvolvimento Sustentável
Apesar das polêmicas, a cimeira avançou sob o lema “A CPLP e a Soberania Alimentar: um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável”. O novo presidente, Umaro Sissoco Embaló, destacou que os compromissos firmados não são “apenas palavras, mas um roteiro para ações concretas”.
O Chefe de Estado guineense definiu os eixos centrais de seu mandato, com foco em:
- Cooperação política e democrática: Aprofundar o diálogo e o respeito aos valores democráticos entre os membros.
- Integração econômica e empresarial: Promover um ambiente de negócios mais forte e integrado no espaço lusófono.
- Valorização cultural e linguística: Reforçar os laços que unem os países através da língua e da cultura.
“A CPLP deve ser um exemplo de concertação, cooperação e solidariedade entre os seus nove Estados membros, independentemente das suas diferentes dimensões territoriais.”
Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau e da CPLP
Novos Nomes e o Futuro Incerto da CPLP
A cimeira também foi palco de decisões importantes para a estrutura da organização. A diplomata e ex-ministra angolana Maria de Fátima Jardim foi eleita como a nova secretária-executiva, assumindo o cargo de 2025 a 2027 e sucedendo o timorense Zacarias da Costa.
Em sua despedida, o presidente cessante de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, relembrou os avanços conquistados em mobilidade e cidadania, mas também os desafios enfrentados. Agora, sob a liderança da Guiné-Bissau, a CPLP precisa provar que pode superar suas divisões internas para fortalecer a cooperação e a solidariedade.
O futuro próximo, no entanto, permanece em aberto. A Declaração de Bissau não definiu o anfitrião da próxima cimeira, em 2027, embora Brasil e Guiné Equatorial já tenham manifestado interesse. O mandato que agora se inicia será decisivo para definir se a CPLP seguirá como um bloco coeso e relevante no cenário global ou se as tensões internas continuarão a minar seu potencial.
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