Jerônimo Rodrigues Se Justifica Após Fala Polêmica Sobre Eleitores de Bolsonaro na Bahia

Uma declaração do Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), direcionada aos eleitores de Jair Bolsonaro (PL), gerou intensa controvérsia e ampla repercussão no cenário da Política Bahia. O petista afirmou que suas palavras, sugerindo que apoiadores do ex-presidente deveriam ser levados para a “vala”, foram tiradas de contexto.

A justificativa foi apresentada por Jerônimo Rodrigues durante uma visita às obras de reforma do Teatro Castro Alves (TCA), em Salvador, e posteriormente reiterada por meio de uma nota oficial. A fala provocou forte reação de políticos de oposição, incluindo o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), e o próprio Jair Bolsonaro.

O Contexto da Declaração Polêmica

A frase que causou burburinho foi proferida na sexta-feira (2) durante um discurso do governador na cidade de América Dourada, no interior da Bahia. Na ocasião, Jerônimo Rodrigues recordava o dramático período da pandemia de Covid-19 e as atitudes do então presidente Bolsonaro, que chegou a imitar pessoas com falta de ar em transmissões ao vivo.

Referindo-se ao comportamento de Bolsonaro na pandemia, o governador disse: “Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para a vala”.

A Justificativa e a Retratação

Diante da enxurrada de críticas, Jerônimo Rodrigues defendeu-se publicamente. “Quem me conhece sabe que sou uma pessoa religiosa, de família, e que nunca vou tratar qualquer opositor com um tratamento deste. [A fala] foi descontextualizada. Eu apresentei anteriormente a minha inconformação e indignação como o país estava sendo tratado”, declarou à imprensa em Salvador.

Mais tarde, em nota, o Governador da Bahia buscou se retratar com os eleitores de Bolsonaro, pedindo desculpas caso os termos “vala” ou “trator” tenham soado pejorativos. “Não foi a minha intenção, e não tenho problema algum de reconhecer, com toda a humildade, quando há excessos na palavra, mesmo movida pela indignação”, dizia o comunicado.

Repercussão Política na Bahia e no Brasil

A declaração não passou despercebida pelos adversários políticos. O ex-presidente Jair Bolsonaro repudiou a fala em suas redes sociais, classificando-a como um “discurso carregado de ódio” que deveria gerar repúdio e “ações institucionais firmes”.

Na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), deputados de oposição reagiram duramente. Diego Castro (PL) protocolou uma representação contra o governador no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a fala “ultrapassa os limites do discurso político e representa uma ameaça à integridade física de opositores”. Já Leandro de Jesus (PL) foi mais longe, protocolando um pedido de impeachment na Alba, além de uma notícia de fato no Ministério Público da Bahia (MP-BA) e uma denúncia internacional na Corte Interamericana de Direitos Humanos.

O ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), principal adversário político de Jerônimo na Bahia, classificou a declaração como uma “ofensa” aos cidadãos que não votaram no petista. Em nota, Neto criticou o que chamou de hipocrisia: “A Bahia hoje tem um governador que defende tratar bandidos com amor e carinho, e ao mesmo tempo colocar adversários políticos numa vala. […] É impressionante como essa turma prega uma coisa e faz outra completamente diferente”. Ele cobrou que o governador se retrate e se dedique a resolver os “gravíssimos problemas” do estado, especialmente na área da segurança pública.

A polêmica em torno da fala de Jerônimo Rodrigues continua a gerar debates, evidenciando as tensões e a polarização presentes no cenário político, tanto a nível estadual na Bahia quanto nacional.