
Lula e Estados Unidos: A Estratégia Diplomática por Trás do Artigo no The New York Times

Lula e Estados Unidos: A Estratégia Diplomática por Trás do Artigo no The New York Times
Recentemente, um artigo assinado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no prestigiado jornal The New York Times, endereçado diretamente ao então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou amplas discussões. Longe de ser apenas um comunicado oficial, esta peça diplomática peculiar levantou questões sobre a verdadeira intenção por trás de sua publicação e seu impacto nas já complexas relações entre Brasil e Estados Unidos.
Em um cenário que parecia clamar por diálogo e cooperação, o que se viu foi uma manifestação que, para muitos analistas, se alinhava mais a uma estratégia eleitoral do que a um esforço genuíno de negociação. Vamos desvendar os meandros dessa abordagem e seus desdobramentos.
A ‘Carta Aberta’: Diálogo ou Propaganda?
Adornada por apelos a um “diálogo franco” e à “cooperação entre grandes nações”, a mensagem de Lula, segundo a percepção de alguns, funcionou como uma peça de propaganda política. Embora reafirmasse princípios inegociáveis e limites intransponíveis – como a independência dos Poderes nacionais e a lógica econômica por trás das tarifas comerciais – o texto falhou em apresentar qualquer terreno concreto para a negociação. Em vez de abrir canais, parecia, na prática, trancá-los.
Pontos como o superávit comercial dos EUA com o Brasil, que enfraqueceria a lógica de tarifas punitivas, ou a função do Pix como instrumento de inclusão financeira, não de concorrência desleal, já haviam sido amplamente debatidos. O que se esperava, contudo, eram pistas para soluções: entendimentos setoriais, iniciativas conjuntas, formatos de cooperação. A escolha de Lula foi oposta: enumerar apenas “cláusulas pétreas”, endurecendo ainda mais as posições brasileiras diante dos Estados Unidos.
Timing Político: Uma Jogada Calculada?
O momento da publicação do artigo é um dos aspectos mais reveladores. Ele surgiu apenas dois dias após a condenação de Jair Bolsonaro, transformando uma decisão judicial em combustível para uma retórica de confronto. Além disso, foi publicado poucos dias antes da Assembleia-Geral da ONU em Nova York – uma ocasião perfeita para estimular contatos de alto nível com os americanos.
Um estadista que buscasse reduzir tensões teria, talvez, guardado sua munição para a mesa de negociações. No entanto, o Presidente Lula preferiu gastar palavras na vitrine internacional, reforçando barricadas e, em vez de atravessar pontes, dinamitá-las. A animosidade crescente com Washington, nesse contexto, pode ser interpretada como uma forma de o governo se vitimizar e se posicionar como “salvador da Pátria” perante a plateia doméstica.
Desvendando Contradições e Consequências
Um elemento que gerou surpresa no artigo foi o elogio às “investidas intervencionistas” de Trump. Lula as apresentou como uma “vingança” pela rejeição do Brasil ao chamado Consenso de Washington, um conjunto de políticas econômicas proposto por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial nos anos 1980.
No entanto, enquanto países que adotaram esse receituário – como Coreia do Sul, Chile ou México – prosperaram, o Brasil se manteve uma das economias mais fechadas do G-20, enfrentando estagnação da produtividade, preços elevados e exclusão das cadeias globais de valor. A “vingança” de Lula, portanto, pareceu ecoar vícios que custaram caro ao Brasil, em vez de confirmar virtudes.
Quem Ganha com a Diplomacia do Confronto?
A crise atual possui múltiplos protagonistas. Trump, na época, manipulava tarifas e sanções para favorecer aliados e intimidar instituições. O clã Bolsonaro, por sua vez, alimentava essa chantagem em busca de ganhos pessoais. Mas a análise sugere que a má-fé e a má vontade diplomáticas de Lula, ao invés de defender interesses permanentes da Nação, acirraram a crise para acumular dividendos eleitorais.
Enquanto empresários brasileiros lutavam para preservar contratos e mercados nos Estados Unidos, a diplomacia do confronto os deixava à própria sorte. O Brasil precisa de uma diplomacia ativa e inteligente, que explore fóruns técnicos, intensifique esforços de lobby em Washington e sinalize cooperação em áreas de interesse mútuo. Optar por provocações em jornais estrangeiros e multiplicar gestos de confronto retórico apenas reforça que, nessa dinâmica, todos parecem sair ganhando, menos o Brasil.
A verdadeira arte da diplomacia reside em abrir portas e construir pontes, não em gastar munição retórica para a plateia. As relações entre Lula e Estados Unidos merecem uma abordagem mais pragmática e menos eleitoralista, em prol dos interesses nacionais de longo prazo.
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