
Lula na Cúpula dos BRICS Países: IA, Comércio e Reforma Financeira em Destaque

Lula na Cúpula dos BRICS Países: IA, Comércio e Reforma Financeira em Destaque
A recente cúpula do bloco dos BRICS países serviu como palco para importantes discussões sobre o futuro da ordem global. No centro dos debates, as declarações do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, trouxeram à tona temas cruciais que desafiam o status quo internacional: a governança da inteligência artificial, as barreiras no comércio e a necessidade urgente de reformar instituições financeiras como o FMI e o Banco Mundial.
A Inteligência Artificial em Debate no BRICS: Governança Justa e Inclusiva
Um dos pontos altos da fala de Lula foi a contundente defesa de que o desenvolvimento da inteligência artificial não pode ser um privilégio de poucos, nem um instrumento de manipulação nas mãos de bilionários. A mensagem enviada pelo grupo BRICS é clara: as novas tecnologias precisam atuar sob um modelo de governança justo, inclusivo e equitativo.
Essa posição reflete a preocupação com a concentração do domínio da IA em empresas de poucos países, especialmente americanas, desde modelos de linguagem até a infraestrutura tecnológica. O grupo defende uma governança global que, entre outros aspectos, proteja os direitos de propriedade intelectual (copyright) e assegure remuneração justa pelo uso de dados no treinamento de modelos de IA generativa.
Este debate, um pilar da presidência brasileira no bloco, encontra resistência. De um lado, grandes empresas de tecnologia como Google e OpenAI argumentam que o uso de conteúdo para treinamento se enquadra no conceito de “fair use”, não exigindo pagamento em certos casos. De outro, autores e veículos de imprensa defendem a necessidade de compensação. A declaração conjunta do BRICS países sobre IA, aguardada com expectativa, deve reiterar essa demanda por um modelo mais equitativo.
Comércio Internacional e Clima: Contra o Protecionismo Disfarçado
Além da tecnologia, Lula criticou veementemente o que chamou de protecionismo disfarçado em discussões sobre comércio internacional e clima, bem como a “paralisia” da OMC (Organização Mundial do Comércio). Segundo o presidente, é fundamental destravar negociações agrícolas e estabelecer um novo pacto sobre comércio e clima que saiba diferenciar políticas ambientais legítimas de barreiras comerciais veladas.
A posição foi endossada no comunicado final da cúpula. Os países BRICS alertaram que medidas de combate à mudança do clima, especialmente as unilaterais, não devem se tornar meios de discriminação arbitrária ou restrições disfarçadas ao comércio. Esta mensagem pode ser interpretada como um recado direto a iniciativas como a lei antidesmatamento da União Europeia, vista por alguns países exportadores como potencialmente discriminatória.
FMI e Banco Mundial: Por uma Ordem Econômica Mais Equitativa
A reforma da governança de instituições financeiras internacionais também foi um ponto central. Lula defendeu a reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, apoiando um realinhamento de cotas mais inclusivo, transparente e baseado em fórmulas que deem maior peso ao PIB e à paridade de poder de compra dos países.
O argumento é que as distorções atuais são inegáveis. Para refletir seu peso econômico, o poder de voto dos membros do BRICS países no FMI deveria ser de pelo menos 25%, e não os 18% atuais. O grupo propõe que o realinhamento não ocorra às custas dos países em desenvolvimento, mas sim reflita a verdadeira posição das nações na economia global.
Lula chegou a classificar as estruturas do FMI e do Banco Mundial como um “Plano Marshall às avessas”, sugerindo que economias emergentes acabam financiando países avançados. Em um cenário onde fluxos de ajuda internacional diminuem e o custo da dívida para países mais pobres aumenta, o presidente reforçou a necessidade de justiça tributária e combate à evasão fiscal como ferramentas essenciais para estratégias de crescimento inclusivas e sustentáveis.
A cúpula dos BRICS países reafirmou o papel do bloco como voz ativa na busca por um sistema global mais multipolar e justo, tanto na tecnologia e comércio quanto nas finanças internacionais.
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