Lula Sugere Papel Crucial da ONU em Acordo de Paz na Ucrânia: ‘Líderes Já Sabem o Desfecho’

Durante sua recente passagem por Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teceu comentários significativos sobre o futuro da guerra na Ucrânia e o potencial caminho para um acordo de paz. Em entrevista coletiva, Lula sugeriu um papel mais ativo da ONU (Organização das Nações Unidas) e de outros atores globais na busca por uma solução.

A Perspectiva de Lula: Desfecho Já Conhecido?

A avaliação do presidente brasileiro, expressa durante a coletiva em Paris, foi direta. Segundo Lula, há uma percepção, talvez no “inconsciente” dos líderes mundiais, de que o desfecho para a guerra na Ucrânia já é conhecido. Ele defende que as condições para um acordo de paz estão postas, mas o obstáculo reside na “coragem” dos envolvidos, como os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, para assumir publicamente o que é possível.

“Todo mundo sabe que as condições do acordo já estão colocadas. O que está faltando é coragem das pessoas dizerem o que querem”, pontuou Lula. Ele citou a questão da Crimeia como exemplo, indicando que “nem [Putin] quer sair, nem o Zelensky quer perceber que a outra parte já invadiu”. Lula comparou a hesitação dos líderes a impasses observados em negociações, sugerindo que, embora o acordo pareça distante, “está mais próximo do que parece”.

O Papel Proposto para a ONU e Países Emergentes

Diante desse cenário, Lula revelou ter proposto ao presidente da França, Emmanuel Macron, uma iniciativa para destravar as negociações. A ideia seria reunir o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, juntamente com representantes de países emergentes. O objetivo? “Ouvir o que o Zelensky tem a dizer, o que o Putin tem a dizer e construir uma proposta de acordo e colocar na mesa”.

Para Lula, se os líderes diretos do conflito não conseguem verbalizar suas posições de negociação, “alguém de fora pode dizer”. Essa abordagem reflete a visão de que um mediador ou grupo de mediadores externos, com o peso da Organização das Nações Unidas e a perspectiva de nações emergentes, poderia ser fundamental para encontrar um terreno comum.

A Realidade da Negociação: O Possível vs. O Desejado

Fechando sua linha de raciocínio, o presidente brasileiro enfatizou a natureza do compromisso em situações complexas como esta. “Ninguém vai ter tudo o que quer. As pessoas vão ficar com aquilo que é possível de conquistar”, declarou Lula, ressaltando que essa é uma dinâmica aplicável tanto nas relações humanas quanto nas políticas.

A visão de Lula sobre a paz na Ucrânia, colocando a bola na quadra da coragem política e sugerindo a mediação externa liderada pela ONU, certamente adiciona uma nova camada ao debate internacional sobre o fim do conflito.