Manifestação na Avenida Paulista: Esquerda Reúne 15 Mil, Supera Ato da Direita e Critica Trump e Bolsonaro

A Avenida Paulista, palco histórico de diversas mobilizações políticas, testemunhou nesta quinta-feira (10) um ato expressivo dos movimentos de esquerda. Segundo dados do renomado Monitor do Debate Político do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), grupo de pesquisa ligado à USP (Universidade de São Paulo), a manifestação na Avenida Paulista reuniu um contingente de 15,1 mil pessoas.
Um Marco na Paulista: Superando a Direita
O pico de público foi registrado por volta das 19h30, com uma margem de erro de 1,8 mil participantes para mais ou para menos. O dado é significativo e aponta para uma nova dinâmica nas ruas da capital paulista: “Foi a primeira vez, em período próximo, que uma manifestação da esquerda superou uma manifestação da direita”, destacou o comunicado do grupo de pesquisa.
Em comparação, um ato de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizado no mesmo local em 29 de junho havia reunido 12,4 mil pessoas, também conforme medição do Monitor do Debate Político.
As Pautas Quentes do Protesto
Os manifestantes compareceram à Avenida Paulista com bandeiras e reivindicações claras. As principais pautas que impulsionaram a mobilização incluíam a defesa da taxação dos “super-ricos” e o clamor pelo fim da desgastante escala de trabalho 6×1, um tema que tem gerado amplo debate social.
Alvos das Críticas: De Washington a Brasília
Durante o ato, discursos inflamados e cartazes direcionaram críticas a figuras políticas nacionais e internacionais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi um dos principais alvos, especialmente após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelo país.
No cenário político nacional, Jair Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) foram explicitamente chamados de “inimigos do Brasil” pelos presentes. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também não escapou das críticas, principalmente por sua postura em relação às tarifas impostas por Trump, considerada “vexatória” por oradores no evento.
Lideranças e Vozes Presentes
A manifestação foi liderada por importantes centrais sindicais, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) teve papel de destaque, sendo um dos principais articuladores do evento, convocando eleitores e apoiadores, especialmente no contexto da recente derrota do governo federal no Congresso relacionada à derrubada do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Outros deputados federais da esquerda, como Ivan Valente (PSOL), Orlando Silva (PCdoB), Erika Hilton (PSOL), e o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), também marcaram presença e discursaram no carro de som, reforçando as pautas e as críticas.
Mensagens Diretas do Carro de Som
Em seu discurso, Boulos proferiu falas de forte impacto, declarando que o público ali presente representava uma “resposta aos vira-latas que trabalham contra o Brasil”. Direcionando-se a Donald Trump, enviou um recado firme: “O Brasil não é república das bananas. O Brasil é dos brasileiros. Trump, vá cantar de galo para outro lado, aqui não.”
Sobre Tarcísio de Freitas, Boulos foi incisivo, afirmando que o governador “está debaixo das saias de Trump” e sugerindo: “Que no ano que vem ele vá pedir voto lá em Miami, e não para os trabalhadores de São Paulo (…) vá ser governador da Flórida.”
A manifestação na Avenida Paulista reafirmou a capacidade de mobilização dos movimentos de esquerda e pautou temas econômicos e políticos cruciais para o debate público atual no Brasil.
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