
MI5 Alerta: Reino Unido Já Está em “Guerra” Cibernética com a Rússia, Diz Ex-Chefe

MI5 Alerta: Reino Unido Já Está em “Guerra” Cibernética com a Rússia, Diz Ex-Chefe
Uma declaração contundente e alarmante abala as discussões sobre a segurança internacional: a Grã-Bretanha pode já estar em estado de guerra com a Rússia. A afirmação vem de Eliza Manningham-Buller, que chefiou o MI5, o serviço de segurança doméstica do Reino Unido, há duas décadas. Sua análise aponta para a profunda e intensa escalada de ciberataques, sabotagem e outras atividades hostis orquestradas por Moscou contra solo britânico.
A percepção de que a “guerra” já é uma realidade, embora de uma natureza diferente da tradicional, ecoa as observações da especialista em Rússia, Fiona Hill. Manningham-Buller enfatiza que a situação se transformou drasticamente desde a invasão da Ucrânia, com o Reino Unido testemunhando uma gama crescente de ações russas, incluindo coleta de inteligência e ataques físicos.
A Nova Face da Guerra: Ciberataques e Sabotagem
Esqueça os campos de batalha convencionais. A guerra moderna, segundo a ex-chefe do MI5, é travada nas sombras do ciberespaço e através de operações clandestinas. Ela destaca:
- Hostilidade Digital: Ciberataques frequentes e sofisticados visando infraestruturas e empresas britânicas. Embora a origem nem sempre seja fácil de detectar, a suspeita recai fortemente sobre a Rússia. O National Cyber Security Centre (NCSC) do Reino Unido tem constantemente alertado sobre essas ameaças.
- Sabotagem e Espionagem: Casos recentes evidenciam a profundidade da intromissão russa. Seis búlgaros foram presos no Reino Unido por um anel de espionagem que realizava vigilância hostil em toda a Europa. Além disso, cinco homens foram condenados por um ataque incendiário em um armazém que continha suprimentos destinados à Ucrânia, um incidente ordenado diretamente por Moscou.
- Ataques Físicos e Inteligência: Além do digital, há evidências de ataques físicos e uma intensa coleta de inteligência, redefinindo o conceito de segurança nacional.
Pat McFadden, ex-ministro do Gabinete, já havia alertado no ano passado sobre o aumento dos ciberataques russos contra o Reino Unido, confirmando a intensificação dessas atividades hostis.
Putin: De Potencial Parceiro a Adversário Confesso
Durante o período de Manningham-Buller como chefe do MI5 (2002-2007), havia uma esperança de que a Rússia de Vladimir Putin não retornaria aos métodos soviéticos, mas se tornaria um parceiro para o Ocidente. Esse otimismo se dissipou brutalmente. Um encontro com Putin em 2005, que Lord McFall descreveu como uma tentativa do presidente russo de “colocar uma cara agradável”, não convenceu Manningham-Buller. Ela o descreveu como um “homem bastante desagradável”, uma premonição sombria do que viria.
A escalada de agressão russa culminou, entre outros atos, no assassinato de Alexander Litvinenko em 2006, um ex-espião russo envenenado com polônio radioativo em Londres. Uma investigação pública posterior concluiu que dois agentes russos foram os assassinos, provavelmente agindo sob as ordens diretas de Putin. Este caso chocante foi um divisor de águas, revelando a natureza impiedosa das operações de inteligência russas.
A Importância da “Soft Power” e o Risco dos Cortes de Ajuda
Além da crescente ameaça russa, Manningham-Buller também criticou a decisão dos governos dos EUA e do Reino Unido de cortar drasticamente os gastos com ajuda externa. Ela argumenta que essa medida cria uma oportunidade diplomática para a China explorar países mais pobres, preenchendo o vácuo deixado pelas potências ocidentais.
A ex-chefe do MI5 ressalta a importância da “soft power” – a capacidade de influenciar através da cultura, valores políticos e políticas externas – para a influência global do Reino Unido. Iniciativas como o BBC World Service, programas de ajuda humanitária e desminagem não são apenas de importância humanitária, mas cruciais para a projeção da influência britânica no mundo.
Em um cenário geopolítico cada vez mais complexo, as palavras de Eliza Manningham-Buller servem como um lembrete vívido de que a segurança nacional está sendo redefinida, exigindo uma vigilância constante e uma compreensão aprofundada das novas formas de conflito geopolítico.
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