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O que é o Foro Privilegiado? Entenda a polêmica e as propostas de mudança

O que é o Foro Privilegiado? Entenda a polêmica e as propostas de mudança

temp_image_1754561314.043814 O que é o Foro Privilegiado? Entenda a polêmica e as propostas de mudança

Você sabe o que é o Foro Privilegiado? Ele está no centro de um intenso debate político no Brasil, e entender seu funcionamento é essencial para acompanhar as notícias.

Frequentemente chamado de “foro privilegiado”, o termo técnico correto é foro por prerrogativa de função. Na prática, é um mecanismo que determina que certas autoridades públicas, devido ao cargo que ocupam, não sejam julgadas pela primeira instância da Justiça comum, como acontece com qualquer cidadão. Em vez disso, seus processos criminais são iniciados e julgados diretamente em tribunais superiores.

Essa regra não é uma invenção brasileira e existe para, em tese, proteger o exercício do cargo de perseguições políticas ou pressões locais, garantindo um julgamento mais isento. No entanto, a forma como é aplicada no Brasil gera muita controvérsia.

Quem tem direito ao Foro Privilegiado no Brasil?

A lista de autoridades com foro especial é extensa e definida pela Constituição Federal e outras leis. Os principais beneficiados são:

  • Presidente da República e Vice-Presidente: Julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
  • Deputados Federais e Senadores: Também julgados pelo STF por crimes cometidos durante e em razão do mandato.
  • Ministros de Estado e Comandantes das Forças Armadas: Julgados pelo STF.
  • Juízes de Tribunais Superiores (incluindo os próprios Ministros do STF): Julgados pelo STF.
  • Governadores: Julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A Polêmica Atual: Proposta de Mudança e a Reação do STF

Recentemente, o debate sobre o fim do foro privilegiado ganhou um novo capítulo. Lideranças do Partido Liberal (PL) apresentaram ao STF uma proposta que, entre outros pontos, alteraria drasticamente as regras do foro. A ideia é que os processos contra autoridades não comecem mais diretamente nos tribunais superiores.

Pela proposta, as ações penais passariam primeiro pelos Tribunais Regionais Federais (TRFs), depois pelo STJ, e só então chegariam ao STF. O objetivo declarado é retirar o poder de julgamento inicial do Supremo, tornando o caminho processual mais longo.

Essa movimentação política acontece em um contexto de tensão, envolvendo a situação jurídica de figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro e as investigações sobre os atos de 8 de janeiro.

Segundo relatos da imprensa, a proposta não foi bem recebida por ministros do STF, que a consideraram inadequada. Mesmo assim, os parlamentares afirmam que não pretendem recuar e levarão o debate adiante no Congresso Nacional.

Por que o Foro é Visto como um Problema?

Os críticos do modelo atual argumentam que o foro privilegiado se tornou um sinônimo de impunidade. Isso porque os tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal, não têm a mesma estrutura de varas criminais de primeira instância para conduzir investigações complexas, o que pode levar à lentidão e à prescrição de crimes.

A discussão sobre o fim ou a restrição do foro privilegiado não é nova e representa uma das pautas mais sensíveis da política brasileira. O desfecho dessa queda de braço entre o Legislativo e o Judiciário terá um impacto profundo na forma como a justiça é aplicada às autoridades no país.

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