×

Paulo Figueiredo no STF: O Núcleo Solitário da Trama Golpista e Sua Defesa

Paulo Figueiredo no STF: O Núcleo Solitário da Trama Golpista e Sua Defesa

temp_image_1749499784.57827 Paulo Figueiredo no STF: O Núcleo Solitário da Trama Golpista e Sua Defesa

Paulo Figueiredo no STF: O Núcleo Solitário da Trama Golpista e Sua Defesa

No intrincado processo que investiga a suposta trama golpista no Brasil, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as denúncias foram divididas em diferentes núcleos, conforme a participação de cada indivíduo. Surpreendentemente, um desses núcleos se destaca pela sua singularidade: o núcleo cinco, que conta com apenas um integrante. E esse integrante é o comentarista político Paulo Figueiredo.

Neto do último ditador brasileiro, João Baptista Figueiredo, Paulo Figueiredo é, até o momento, a única peça desse núcleo que ainda não teve a denúncia analisada pela Suprema Corte, sem previsão de prazo para tal. Sua situação singular foi detalhada em reportagem que lança luz sobre os meandros dessa investigação.

As Graves Acusações Contra Paulo Figueiredo

A Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a condução de Paulo Gonet, aponta que Paulo Figueiredo teria colaborado ativamente em um plano para pressionar chefes militares. O objetivo seria cooptá-los a aderir a um movimento de ruptura democrática que estaria sendo gestado no final de 2022. Segundo a acusação, Figueiredo teria “instrumentalizado a sua condição de comunicador” para influenciar o Alto Comando do Exército, divulgando uma carta que circulava entre o grupo que, segundo a PGR, planejava a trama.

Além disso, o ex-comentarista da Jovem Pan enfrenta a acusação de espalhar fake news sobre as urnas eletrônicas. A PGR o associa à divulgação de informações produzidas pelo argentino Fernando Cerimedo que insinuavam fraude no resultado das eleições de 2022.

A Defesa: Crimes de Reportagem?

Questionado sobre as acusações e sua posição única no núcleo cinco do processo no STF, Paulo Figueiredo afirma nunca ter sido notificado formalmente sobre a ação penal. Tudo o que sabe, diz, vem da imprensa.

Em sua defesa, ele categoriza as condutas atribuídas a ele como “crimes de reportagem”. Sobre a divulgação da carta, ele argumenta que apenas reportou a existência de um documento real que circulava entre militares. Da mesma forma, sobre a alegação de reportar um clima de divisão no Alto Comando, Figueiredo sustenta que essa divisão posteriormente se comprovou. Ele enfatiza que tudo o que reportou seria “verídico”.

Figueiredo também menciona que os investigadores teriam tido acesso a diálogos seus com o tenente-coronel Mauro Cid, nos quais ele critica os atos de 8 de Janeiro e pede que Bolsonaro se manifeste contra eles. Ele alega que essas provas foram ocultadas, só vindo à tona após pedido da defesa dos demais réus.

A interpretação da PGR de que ele teria influência sobre os militares e que a divulgação da carta visava influenciá-los é vista por Figueiredo como uma criminalização da profissão de jornalista. Ele questiona se jornalistas influentes passarão a ser responsabilizados pelas ações do público baseadas no que publicam.

Notificação Judicial e Vida nos Estados Unidos

Residindo há mais de dez anos na Flórida, nos Estados Unidos, onde possui cidadania americana, Paulo Figueiredo afirma que seu paradeiro é conhecido da Justiça. Ele relata ter respondido a outros processos no Brasil e nos EUA, comparecendo, inclusive, a consulado para declarar endereço.

Segundo Figueiredo, a forma como a notificação está sendo tratada no processo do STF seria uma tentativa do Ministro Alexandre de Moraes de se evadir dos tratados internacionais que regem a notificação criminal entre os dois países. Ele sugere que o núcleo cinco foi criado para isolá-lo, cientes da dificuldade em notificá-lo, e reitera que está à disposição da Justiça.

Articulação nos EUA: O Alvo é Alexandre de Moraes

Um dos aspectos mais polêmicos abordados por Paulo Figueiredo é sua ativa participação em articulações que visam levar o governo dos Estados Unidos, especialmente sob uma eventual gestão de Donald Trump, a aplicar sanções contra autoridades brasileiras, tendo como alvo principal o Ministro Alexandre de Moraes.

Figueiredo relata que essas articulações começaram no final de 2022. Identificando poucas saídas institucionais no Brasil e percebendo o que ele considera influência da esquerda nos EUA no processo eleitoral brasileiro, buscou o que chama de “antídoto”: influenciar positivamente os americanos para a “restauração das liberdades” no Brasil. Ele afirma ter se reunido com 43 membros do Congresso dos EUA (senadores e deputados), participado de audiências públicas sobre o Brasil (como a que contou com Chris Pavlovski do Rumble e Michael Schellenberger) e concedido centenas de entrevistas em grandes podcasts e emissoras americanas, como PragerU, Jordan Peterson, Steven Crowder, Tucker Carlson, One America News e Newsmax, buscando conscientizar o público americano sobre a situação brasileira.

O objetivo declarado, segundo ele, é “pegar o Moraes”, visto como o principal violador de direitos humanos e vilipendiador da democracia no Brasil. Ele explica que a legislação americana sobre sanções não atinge apenas os violadores, mas também aqueles que lhes dão apoio. Assim, outros ministros do STF que defenderem Moraes poderiam, em tese, ser afetados.

Essa estratégia se intensificou com a construção de relacionamentos com pessoas próximas a Donald Trump, como Jason Miller, aproveitando essas conexões para dar mais visibilidade à pauta das sanções.

A situação de Paulo Figueiredo no processo do STF e suas atividades nos Estados Unidos continuam a ser pontos centrais na discussão sobre a investigação da trama golpista e as relações políticas internacionais do Brasil.

Compartilhar: