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Plano Collor: O Confisco da Poupança e o Combate à Hiperinflação no Brasil

Plano Collor: O Confisco da Poupança e o Combate à Hiperinflação no Brasil

temp_image_1742090353.993727 Plano Collor: O Confisco da Poupança e o Combate à Hiperinflação no Brasil



Plano Collor: O Confisco da Poupança e o Combate à Hiperinflação no Brasil

Plano Collor: A Saga do Confisco da Poupança e a Luta Contra a Hiperinflação

O final da década de 1980 e o início dos anos 1990 foram marcados por um fantasma que assombrava a economia brasileira: a hiperinflação. Esse monstro implacável corroía o poder de compra da população, exigindo medidas drásticas e controversas. Em meio a esse cenário caótico, surge o Plano Collor, uma tentativa audaciosa – e para muitos, desastrosa – de domar a inflação.

O Contexto da Hiperinflação

Imagine um país onde os preços dos produtos mudam diariamente, onde o seu salário perde valor a cada dia que passa. Essa era a realidade brasileira na época. A inflação anual chegava a quase 1.800%! Economistas e o governo debatiam incessantemente a melhor forma de controlar essa situação.

O Plano Collor: Um Choque Radical

Em 16 de março de 1990, logo após assumir a presidência, Fernando Collor anunciou um pacote de medidas econômicas que chocaram o país. A medida mais polêmica foi o confisco da poupança. Tecnicamente chamado de “bloqueio da liquidez”, o plano limitava os saques a 50 mil cruzeiros (cerca de 1,3 mil dólares na época). Todo o valor acima desse limite era retido pelo governo por 18 meses, com promessa de devolução em parcelas corrigidas.

Principais Pontos do Plano Collor:

  • Confisco da Poupança: Bloqueio de valores acima de 50 mil cruzeiros.
  • Congelamento de Preços: Tentativa de controlar a inflação através do congelamento de preços de produtos e serviços.
  • Nova Moeda: Substituição do cruzado novo pelo cruzeiro.

A Lógica por Trás do Confisco

A ideia por trás do confisco era diminuir drasticamente a quantidade de dinheiro em circulação, reduzindo a demanda e, consequentemente, controlando a inflação. O governo acreditava que o excesso de liquidez era o principal combustível da hiperinflação.

Nas palavras da economista Juliana Inhasz, professora no Insper: “A ideia do confisco do dinheiro era diminuir drasticamente a liquidez da economia, tirar grande parte do dinheiro de circulação e, assim, fazer cair a demanda e os preços voltarem a ser controlados. A lógica foi essa.”

O Fracasso do Plano e suas Consequências

Apesar das boas intenções, o Plano Collor não obteve o sucesso esperado. A inflação até recuou inicialmente, mas logo voltou a subir. O plano gerou uma enorme crise de confiança na economia, levando a uma recessão profunda. O PIB brasileiro caiu 4,35%, e o desemprego aumentou drasticamente.

Além disso, o confisco da poupança gerou um grande descontentamento popular, contribuindo para a crise política que culminou no impeachment de Collor em 1992.

As Lições do Plano Collor

O Plano Collor serve como um lembrete de que não existem soluções mágicas para problemas complexos como a hiperinflação. Medidas radicais e mal planejadas podem ter consequências desastrosas para a economia e a sociedade.

Como destaca o economista Mauricio Takahashi: “não tem bala de prata em Economia. Na vida real, não existe solução mágica. Esse plano serve, então, de lição histórica.”


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