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Roberto Campos Neto Quebra o Silêncio Pós-BC: Críticas ao Fiscal, Recado a Haddad e a Polarização que Ameaça o Brasil

Roberto Campos Neto Quebra o Silêncio Pós-BC: Críticas ao Fiscal, Recado a Haddad e a Polarização que Ameaça o Brasil

temp_image_1751887742.466203 Roberto Campos Neto Quebra o Silêncio Pós-BC: Críticas ao Fiscal, Recado a Haddad e a Polarização que Ameaça o Brasil

Roberto Campos Neto Quebra o Silêncio Pós-BC: Críticas ao Fiscal, Recado a Haddad e a Polarização que Ameaça o Brasil

Em sua primeira entrevista substancial após o período de quarentena pós-presidência do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto abriu o jogo sobre os desafios econômicos e políticos do país. Prestes a assumir a posição de vice-chairman e chefe global de políticas públicas no Nubank, Campos Neto oferece uma análise contundente sobre o cenário atual, destacando a urgência de um debate fiscal sério e a preocupação com a crescente polarização.

O economista não poupou palavras ao criticar a dinâmica política que, segundo ele, transforma qualquer discussão sobre contas públicas em uma disputa entre ‘nós contra eles’, ricos versus pobres. Para Campos Neto, essa polarização é prejudicial e impede o crescimento estrutural do Brasil. “O discurso de ‘nós contra eles’ é ruim para todo mundo. Não é o que vai fazer o país crescer de forma estrutural. Precisamos unir todo mundo, o empresário, o empregado, o governo”, afirmou.

O Nó Fiscal: Dívida Alta e Falta de Ancoragem

Um dos pontos centrais da entrevista é a situação fiscal do Brasil. Campos Neto reforça que o grande problema econômico do país reside no lado fiscal, não no monetário. Ele descreve o Banco Central (BC) como um “passageiro desse momento fiscal”, onde a incerteza e a “guerra de narrativas” imperam. Com uma dívida pública já elevada – considerada a maior entre os emergentes – o país enfrenta a dificuldade de gerar superávits, mesmo com alta arrecadação.

Campos Neto alerta que, sem um plano ambicioso e estrutural para reverter essa trajetória, a dívida continuará crescendo significativamente a cada ano, prendendo o déficit nominal em uma faixa insustentável. Ele critica a estratégia baseada apenas no aumento da carga tributária, que, em sua visão, o Brasil não suporta mais. “Para melhorar a expectativa do fiscal não é somente o que se vai fazer, mas também o que se comunica”, ressaltou, enfatizando a importância da credibilidade.

Resposta a Haddad e a Autonomia do BC

Questionado sobre as críticas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Ministério da Fazenda), de que a última alta de juros teria sido uma “herança” deixada para seu sucessor, Gabriel Galípolo, Campos Neto classificou a narrativa como “infundada” e “triste”, pois prioriza a construção de um discurso em vez da busca por soluções estruturais. Ele elogiou o trabalho técnico e transparente de Galípolo à frente do BC, reiterando que a dificuldade atual não está na política monetária, mas na incerteza fiscal.

Polarização, Saída de Riqueza e Bolsa Família

A crítica à polarização se estende ao debate social e econômico. Campos Neto aponta para a crescente saída de milionários e empresas do Brasil, optando por listar capital no exterior ou até mesmo fechar operações locais. Para ele, em vez de reclamar, o governo deveria criar um ambiente que incentive a permanência e o investimento privado, reconhecendo a importância do empresário para a economia.

Ele também abordou a discussão em torno do Bolsa Família, mencionando as preocupações de empresários sobre a possibilidade de o programa estar gerando informalidade em certas regiões, sem, no entanto, defender seu fim. “Ninguém está estimulando que não tenha o programa. A grande pergunta [é]: será que o Bolsa Família está gerando informalidade? Existem evidências.”, ponderou.

Novo Capítulo no Nubank e Cenário Latino-Americano

Sobre seu futuro no Nubank (Nubank), Campos Neto negou categoricamente qualquer pretensão política, encerrando as especulações sobre uma eventual candidatura ou participação em um governo futuro, como a hipótese de ser ministro da Fazenda em uma gestão Tarcísio de Freitas. Ele reforçou que seu foco agora é o mundo privado e a interseção entre finanças e tecnologia.

Por fim, o ex-presidente do BC comentou o cenário político na América Latina, observando um movimento à direita e questionando ideologias de esquerda que, em sua análise, têm uma “obsessão com igualdade e não com a diminuição da pobreza”. Ele argumenta que o crescimento do Estado para corrigir desigualdades naturais leva ao aumento da dívida e impostos, atrofiando o setor privado e resultando em baixa produtividade e juros altos no longo prazo.

A entrevista de Roberto Campos Neto oferece um panorama crítico e direto dos principais desafios do Brasil, com um apelo por união e responsabilidade fiscal em detrimento de narrativas políticas divisivas.

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