
Senado dos EUA em Maratona de Votação: O Projeto de Lei Abrangente de Trump em Debate Acirrado

O Senado dos Estados Unidos está imerso em uma sessão de votação maratona, conhecida como ‘vote-a-rama’, enquanto tenta avançar o extenso Projeto de Lei da agenda doméstica do Presidente Donald Trump. Após mais de 12 horas e dezenas de emendas, um voto final ainda parece distante, refletindo as profundas divisões e complexidades envolvidas.
Maratona no Senado: Impasses e Negociações
Senadores continuam a propor e votar emendas ao que Trump chamou de seu ‘grande e belo projeto de lei’. O objetivo da Casa Branca era que o projeto fosse aprovado a tempo de ser sancionado pelo Presidente até o feriado de 4 de Julho. No entanto, a sessão exaustiva indica que o caminho até a aprovação e o retorno à Câmara para ratificação está longe de ser simples.
Por trás das cortinas, líderes republicanos trabalham intensamente para manter a coalizão unida, antecipando os próximos passos legislativos. No entanto, desafios técnicos, revisões pela parlamentar do Senado e a espera por novas estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) sobre o custo das emendas adicionam camadas de dificuldade ao processo.
Pontos de Contenção Chave no Projeto de Lei
Várias provisões do Projeto de Lei têm sido focos de intenso debate e preocupação:
- Financiamento do Medicaid e Saúde: Uma das emendas mais controversas visa bloquear o financiamento do Medicaid para a Planned Parenthood por um ano. Embora a emenda original previsse um corte de uma década, a versão modificada ainda gera oposição ferrenha, com críticos alertando para o fechamento de centenas de clínicas e o impacto na infraestrutura de saúde reprodutiva do país. Estimativas do CBO indicam que o projeto, em sua versão do Senado, poderia deixar 11,8 milhões de pessoas sem seguro saúde até 2034, promovendo cortes históricos no Medicaid e impactando o Affordable Care Act (ACA).
- Imigração e Segurança de Fronteira: O projeto inclui um investimento massivo na agenda de imigração de Trump, alocando dezenas de bilhões de dólares para barreiras de fronteira, instalações de detenção (buscando aumentar a capacidade) e aumentando taxas associadas a processos de imigração legal.
- Tributação de Energia Renovável: Uma adição de última hora na versão do Senado impõe um novo imposto sobre energia renovável. Críticos argumentam que isso prejudicaria a indústria e a transição energética em um momento crucial de aumento da demanda por eletricidade, em parte impulsionada pelo crescimento da inteligência artificial.
- Impacto no Orçamento e Déficit: O CBO estima que a versão do Senado do Projeto de Lei adicionaria cerca de US$ 3,3 trilhões ao déficit na próxima década (utilizando a metodologia tradicional ‘current law baseline’). Essa projeção é significativamente maior do que a da versão aprovada pela Câmara, gerando preocupações entre os falcões fiscais, incluindo senadores republicanos como Rand Paul. A discussão sobre qual ‘baseline’ (current law vs current policy) usar para calcular o custo do projeto é, em si, um ponto de discórdia política e técnica.
Vozes de Oposição e Desafios Políticos
O Projeto de Lei enfrenta resistência não apenas dos Democratas, mas também de setores do próprio Partido Republicano. Senadores como Thom Tillis e Rand Paul manifestaram forte oposição, com Tillis citando preocupações com o Medicaid e anunciando que não buscaria a reeleição após atritos com Trump sobre o tema.
Elon Musk, o bilionário da tecnologia, emergiu como um crítico vocal do projeto, especialmente em relação ao seu impacto na dívida nacional. Ele chegou a ameaçar apoiar desafios eleitorais primários contra qualquer legislador que vote a favor do projeto, chamando-o de ‘insano’ e ‘escravidão por dívida’, e sugerindo a formação de um ‘America Party’ se ele for aprovado.
Na Câmara, o Speaker Mike Johnson enfrenta o desafio de unir sua própria bancada, dividida entre moderados e radicais que consideram o projeto insuficiente em cortes de gastos. A aprovação no Senado, se ocorrer, forçará a Câmara a agir rapidamente para cumprir o prazo de 4 de Julho.
Qual o Próximo Passo?
Ainda é incerto quando a maratona de votação no Senado terminará. Uma vez concluída, o projeto passará por um voto final. Se aprovado, ele retornará à Câmara para ser votado novamente, sem emendas. A pressão para cumprir o prazo de 4 de Julho permanece, mas os inúmeros obstáculos técnicos e políticos tornam o resultado e o cronograma imprevisíveis.
Acompanhe as atualizações sobre este crucial Projeto de Lei que moldará aspectos significativos da política e economia americanas nos próximos anos.
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