Sobreviventes de Hiroshima Fazem Apelo Poderoso Pela Abolição Nuclear em Paris

Dezessete mil quilômetros separam Hiroshima de Paris, mas a memória do dia 6 de agosto de 1945 cruzou essa distância com uma urgência renovada. Na capital francesa, dois sobreviventes do bombardeio atômico de Hiroshima, Yahata Teruko, de 87 anos, e Iida Kunihiko, de 82, subiram ao pódio para fazer um apelo pungente: a total abolição das armas nucleares.

O evento, realizado em Paris – sede de uma das potências nucleares mundiais – serviu como plataforma para que os “Hiakusha” (termo japonês para sobreviventes da bomba atômica) compartilhassem os horrores indescritíveis que testemunharam e vivenciaram. Ambos foram diretamente expostos à radiação devastadora liberada pela bomba lançada sobre Hiroshima.

Testemunhos que Gelam a Alma

Yahata Teruko, que tinha apenas 8 anos na época da tragédia, pintou um quadro sombrio e inesquecível do pós-bombardeio. Ela descreveu a visão de pessoas caminhando com a pele queimada e descascando, pendurada pelos dedos. “Parecia uma procissão de fantasmas silenciosos”, relatou, a voz embargada pela lembrança.

Questionada se guardava rancor contra os Estados Unidos, Yahata ofereceu uma perspectiva de humanidade e aprendizado. Ela acredita que é fundamental refletir sobre o passado, mas também encontrar força para seguir adiante. Seu alerta, no entanto, foi direto e arrepiante: o uso de uma única bomba nuclear tem o poder de aniquilar a própria existência da humanidade.

As Marcas Que a Radiação Deixou

Para Iida Kunihiko, o custo da guerra nuclear foi ainda mais pessoal. Ele perdeu a mãe e a irmã devido à bomba atômica. Anos depois, as consequências da exposição à radiação continuam a assombrá-lo, manifestando-se no desenvolvimento de múltiplos tumores – um lembrete cruel e constante dos efeitos a longo prazo da energia nuclear usada para a destruição.

Ao lado de Yahata e Iida, jovens ativistas também participaram do evento, assumindo o papel crucial de manter vivas as memórias dos sobreviventes de Hiroshima à medida que a geração envelhece. Essa ponte entre gerações garante que as lições do passado não sejam esquecidas.

Um Chamado à Responsabilidade Global

Yahata expressou seu profundo senso de responsabilidade e missão como cidadã do Japão, o único país na história a sofrer um bombardeio atômico. Ela sente que é seu dever compartilhar sua experiência para evitar que tal catástrofe se repita.

A sobrevivente também tocou em um ponto crucial para o público francês: a crescente teoria da dissuasão nuclear, que parece ganhar força no país. Yahata fez um apelo apaixonado para que a França – e o mundo – busquem soluções alternativas para a segurança, que não se baseiem na ameaça do combate “força contra força”.

Os testemunhos desses corajosos sobreviventes de Hiroshima em Paris são um lembrete poderoso da necessidade urgente de trabalhar pela abolição das armas nucleares e garantir que o horror de 1945 jamais seja revivido. Saiba mais sobre os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.