×

Tanzânia: Reeleição de Samia Suluhu Hassan GERA Controvérsia, Protestos e Alarmes Internacionais

Tanzânia: Reeleição de Samia Suluhu Hassan GERA Controvérsia, Protestos e Alarmes Internacionais

temp_image_1762056509.118053 Tanzânia: Reeleição de Samia Suluhu Hassan GERA Controvérsia, Protestos e Alarmes Internacionais

html

Tanzânia: Reeleição de Samia Suluhu Hassan GERA Controvérsia, Protestos e Alarmes Internacionais

A Tanzânia, joia da África Oriental, encontra-se novamente no centro das atenções mundiais após a reeleição da presidente Samia Suluhu Hassan. O pleito, que prometia ser um marco democrático, culminou em uma vitória avassaladora, mas não sem uma forte onda de contestação e protestos que abalam o país.

Uma Vitória Numérica Espantosa, Mas Questionável

Os números oficiais, divulgados pela comissão eleitoral tanzaniana neste sábado (1º), declararam Samia Suluhu Hassan, de 65 anos, vencedora com impressionantes 31,9 milhões de votos, ou 97,66% do total. A participação eleitoral foi anunciada como espetacular: 87% dos 37,6 milhões de eleitores registrados teriam comparecido às urnas. No entanto, estes dados geraram imediata surpresa e ceticismo.

Críticos e analistas apontam a disparidade com eleições anteriores. Em 2020, o antecessor de Hassan, John Magufuli, venceu com apenas 12,5 milhões de votos e uma participação muito menor. Observadores relatam que, desta vez, a afluência às urnas parecia baixa em várias seções eleitorais, levantando dúvidas sobre a legitimidade dos resultados apresentados.

Onda de Protestos e Denúncias de Abusos na Tanzânia

A reeleição foi o estopim para uma série de protestos que se espalharam pela Tanzânia. Manifestantes indignados com a exclusão dos principais opositores da disputa eleitoral e com o que grupos de direitos humanos classificam como prisões e sequestros generalizados de dissidentes, foram às ruas.

  • Relatos de testemunhas descrevem confrontos, com manifestantes rasgando faixas da presidente e incendiando prédios governamentais.
  • A resposta da polícia foi firme, com o uso de gás lacrimogêneo e disparos para dispersar as multidões.
  • O principal partido de oposição, Chadema, que foi impedido de participar das eleições e cujo líder foi preso por traição em abril, alega que centenas de pessoas foram mortas durante os protestos.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) também se manifestou, afirmando que há relatos confiáveis de pelo menos 10 mortes em três cidades e pedindo uma investigação completa e imparcial sobre o uso excessivo da força.

Reação Internacional e a Postura do Governo

A comunidade internacional tem acompanhado a situação com preocupação. O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo crucial:

“Apelo a todos para que exerçam contenção, rejeitem a violência e participem num diálogo inclusivo e construtivo para evitar uma escalada da situação.”

Guterres reiterou a necessidade de uma investigação profunda sobre as alegações de violência. (Para mais informações sobre as ações da ONU em defesa dos direitos humanos, consulte o site oficial da ONU Direitos Humanos).

O governo tanzaniano, por sua vez, rejeitou veementemente as acusações. O ministro das Relações Exteriores, Mahmoud Thabit Kombo, classificou os números de mortos divulgados pela oposição como “extremamente exagerados” e negou que as forças de segurança tenham usado força excessiva, atribuindo os incidentes a “elementos criminosos”.

O Legado de Hassan: Promessas e Realidade Política

Samia Suluhu Hassan chegou ao poder em 2021, sucedendo a John Magufuli após sua morte. Inicialmente, ela foi aclamada por suavizar a repressão governamental e abrir espaço para a oposição. Contudo, nos últimos tempos, tem enfrentado críticas crescentes devido a uma série de prisões e supostos sequestros de figuras da oposição, gerando preocupações sobre o recuo das liberdades democráticas.

Em seu discurso após a vitória, na capital Dodoma, Hassan defendeu as ações de segurança, afirmando que os manifestantes não agiram de forma “responsável nem patriótica”. “Quando se trata da segurança da Tanzânia, não há debate: devemos usar todos os meios de segurança disponíveis para garantir que o país permaneça seguro”, declarou.

Com restrições de acesso à internet e um toque de recolher imposto em todo o país, a Tanzânia navega por um período de incertezas. A gestão de Samia Suluhu Hassan até 2030, apesar dos desafios de infraestrutura e desenvolvimento que ela prometeu enfrentar, estará sob intenso escrutínio, especialmente no que tange ao respeito aos direitos humanos e à democracia em uma das nações mais populosas da África Oriental.

Compartilhar: