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Trump Abre Portas para Impostos Mais Altos aos Ricos: Um Racha no GOP?

Trump Abre Portas para Impostos Mais Altos aos Ricos: Um Racha no GOP?

temp_image_1746854358.120888 Trump Abre Portas para Impostos Mais Altos aos Ricos: Um Racha no GOP?

Trump Abre Portas para Impostos Mais Altos aos Ricos: Um Racha no GOP?

Em um movimento que agitou os corredores de Washington e gerou debate intenso dentro de seu próprio partido, o ex-Presidente Donald Trump sinalizou uma surpreendente abertura à possibilidade de aumentar impostos para os americanos mais ricos. Essa posição, expressa em publicações recentes e conversas internas, contrasta com sua retórica de campanha e coloca em destaque as complexas negociações em torno do futuro dos cortes de impostos republicanos e do orçamento federal.

Um Tabu Questionado: A Posição de Trump

Em uma postagem na plataforma Truth Social, Trump declarou que “graciosamente aceitaria” até mesmo um “PEQUENO” aumento de impostos sobre os ricos. Ele reconheceu, contudo, os riscos políticos para os Republicanos, comparando a situação com o famoso “Read my lips” de George H.W. Bush (embora Trump insista que Ross Perot foi o real culpado pela derrota de Bush).

“De qualquer forma, os Republicanos provavelmente não deveriam fazer isso, mas estou OK se fizerem!!!” escreveu Trump, evidenciando a dualidade de sua posição e a aparente flexibilidade em relação a um tema sensível para o partido.

Fontes próximas confirmaram à CNN que Trump chegou a mencionar a possibilidade de permitir que os cortes de impostos para os maiores rendimentos (indivíduos acima de US$ 2.5 milhões ou casais acima de US$ 5 milhões) expirem durante uma conversa com o Presidente da Câmara, Mike Johnson. A ideia seria não apenas gerar recursos para compensar outros cortes, mas também minar o argumento Democrata de que os Republicanos favorecem apenas os ricos.

O Impasse Republicano e a Busca por Recursos

O Partido Republicano enfrenta um desafio monumental: encontrar cerca de US$ 1.5 trilhão em cortes de gastos para ajudar a compensar trilhões de dólares em reduções de impostos, principalmente a extensão dos cortes aprovados em 2017, que expiram no final deste ano. Apenas a extensão das provisões individuais de 2017 pode custar mais de US$ 4 trilhões ao longo da década.

Essa busca por compensações fiscais acentuou as divisões internas. Membros do Comitê de Finanças da Câmara têm debatido duas principais alternativas que envolvem os contribuintes mais ricos:

Opção 1: Deixar os Cortes Expirarem

Uma via seria permitir que as alíquotas de imposto de renda para os americanos mais ricos retornem ao patamar de 39.6%, o nível anterior à reforma de 2017 (atualmente em 37%). Segundo a Tax Foundation, um think tank conservador, essa medida afetaria cerca de 1.5 milhão de domicílios e poderia gerar cerca de US$ 409 bilhões em uma década, limitando também o potencial de crescimento econômico derivado da extensão dos cortes.

Críticos dentro do próprio GOP temem que isso possa prejudicar proprietários de pequenas empresas que declaram imposto de renda como pessoa física.

Opção 2: Criar uma Nova Faixa de Imposto

Outra proposta discutida é a criação de uma nova faixa de imposto especificamente para os super-ricos. Embora de escopo limitado, essa medida poderia contribuir para compensar provisões custosas, como a restauração da dedução de impostos estaduais e locais (SALT), outro ponto de atrito no debate fiscal.

A Tax Foundation estima que essa nova faixa poderia arrecadar cerca de US$ 59.3 bilhões em uma década, afetando entre 150 mil e 200 mil domicílios e tendo um impacto menor no potencial de crescimento da economia.

Sinais Divergentes e a Realidade da Arrecadação

Apesar da aparente abertura de Trump, seu Conselheiro Econômico Nacional, Kevin Hassett, minimizou a ideia na sexta-feira, afirmando que o ex-presidente “não é um forte defensor” do aumento de impostos para os ricos. Hassett enfatizou outras prioridades de Trump, como a isenção de impostos sobre gorjetas e horas extras.

“Ele citou suas prioridades, e entende que, no final, a proposta final incluirá algumas prioridades de membros da Câmara e do Senado. É assim que o processo democrático funciona”, disse Hassett.

No entanto, na mesma noite, Trump reafirmou sua abertura à ideia, chamando-a de “boa política”. Questionado sobre a preocupação de conservadores de que isso afetaria pequenas empresas, Trump descreveu a medida como uma “redistribuição”, acrescentando: “As pessoas adorariam fazer isso – pessoas ricas. Eu adoraria fazer isso, francamente.”

Sobre como pagar pelo pacote fiscal, Hassett evitou detalhes, mencionando apenas regras orçamentárias claras no Congresso que incluem cortes de gastos e “scores dinâmicos”, expressando confiança na redução do déficit.

O debate sobre impostos sobre os ricos, um tema frequentemente considerado tabu para os Republicanos, demonstra a complexidade de financiar um ambicioso pacote de cortes fiscais e a necessidade de encontrar consensos dentro de um partido dividido. A posição de Donald Trump adiciona uma camada inesperada a essa já intrincada negociação no cenário da política fiscal dos EUA.

Este artigo é baseado em reportagens e análises sobre o debate fiscal nos EUA.

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