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Amilcar Tanuri: O Legado Imortal do Gigante da Virologia Brasileira

É com profundo pesar que a comunidade científica e o Brasil se despedem de um de seus maiores expoentes, o virologista Amilcar Tanuri. O renomado professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) faleceu aos 67 anos, deixando um legado imensurável de dedicação à ciência e à saúde pública brasileira.

Sua partida, decorrente de complicações cardíacas relacionadas à diálise, silencia uma das vozes mais ativas e respeitadas na luta contra doenças virais, mas sua obra e influência ecoarão por gerações de cientistas e pacientes.

Uma Trajetória Acadêmica Brilhante

Nascido para a ciência, Amilcar Tanuri trilhou um caminho acadêmico exemplar que o levou ao reconhecimento internacional. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1982, instituição à qual dedicaria grande parte de sua vida profissional. Sua sede por conhecimento o impulsionou a complementar a formação com:

  • Mestrado em Biofísica pela UFRJ.
  • Doutorado em Genética pela UFRJ.
  • Especialização em Genética Molecular pela Universidade de Sussex, na Inglaterra.
  • Pós-doutorado (1996-1998) no Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta, nos Estados Unidos.

Em 2011, tornou-se Professor Titular do Departamento de Genética do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ, consolidando sua posição como pilar da pesquisa em virologia no país.

Pioneirismo em Pesquisa: HIV, Arboviroses e COVID-19

Ao longo de sua carreira, Amilcar Tanuri dedicou-se incansavelmente ao estudo de vírus que desafiam a saúde global. Sua expertise o tornou uma referência mundial, especialmente nas pesquisas sobre o HIV e as arboviroses.

Foi consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) na rede de pesquisa sobre a resistência do HIV a medicamentos, evidenciando seu papel crucial na estratégia global de combate à AIDS. No Brasil, seu trabalho foi fundamental para trazer tecnologias de ponta para o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo que os avanços científicos beneficiassem diretamente a população.

A Voz da Ciência na Pandemia de COVID-19

Quando a pandemia de COVID-19 assombrou o mundo, Amilcar Tanuri esteve na linha de frente. Foi o primeiro servidor da UFRJ a ser vacinado, simbolizando seu compromisso inabalável com a ciência e a segurança. Liderou pesquisas essenciais em diagnóstico molecular e vigilância genômica do novo coronavírus, tornando-se uma das vozes mais claras e confiáveis na divulgação de informações sobre a doença e a importância da vacinação.

Sua equipe, em parceria com a Fiocruz, buscava elucidar a resposta imune de pacientes brasileiros à infecção e aprimorar o processo de imunização através de técnicas de edição genética ultraprecisa, visando tornar o vírus menos virulento e mais responsivo a antivirais. A Fiocruz, em nota de pesar, destacou a “longa história de parceria e colaborações” com Amilcar Tanuri, ressaltando seu envolvimento no desenvolvimento do kit NAT-brasileiro para segurança transfusional.

Um Exemplo de Humildade e Dedicação

Para amigos, colegas e alunos, o Professor Amilcar era sinônimo de humildade e simplicidade. Sua paixão pela ciência era acompanhada por um profundo senso de responsabilidade social, que o levava a lutar por uma saúde pública mais justa e eficiente.

“Mais do que um excelente professor da teoria, foi exemplo prático do porquê faz-se ciência no Brasil e reafirmou o papel da universidade frente à sociedade: produzir conhecimentos que resultem em mudanças positivas para a nossa população. Amilcar sonhou, concretizou e ensinou aqueles que conviveram com ele a sonharem juntos – o sonho de fazer melhor e de fazer mais pelo povo e pela ciência do nosso país”, declarou a UFRJ.

Ele nos deixa, mas seu legado de pesquisa incansável, seu compromisso com a saúde pública e sua inspiração para futuras gerações de cientistas permanecem vivos. Casado com Andrea Tavares e pai de Luiza e João, Amilcar Tanuri será eternamente lembrado como um visionário que dedicou sua vida a tornar o Brasil e o mundo um lugar mais saudável e informado.

O velório será realizado no Átrio do Palácio Universitário, no campus da Praia Vermelha, neste sábado (27), das 10h às 14h, seguido do enterro no cemitério São João Batista. Sua memória e contribuições continuarão a guiar a ciência brasileira.

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