Amilcar Tanuri: O Legado Brilhante do Virologista da UFRJ na Luta Contra Víruses e a COVID-19

A ciência brasileira perdeu uma de suas mentes mais brilhantes e dedicadas. Amilcar Tanuri, o virologista e pesquisador que se tornou o primeiro servidor da UFRJ a ser vacinado contra a COVID-19, faleceu aos 67 anos. Sua partida, em 26 de maio de 2023, deixou uma lacuna imensa, mas seu legado de inovação, paixão pela pesquisa e compromisso com a saúde pública permanece indelével.

Conhecido por sua incansável busca em elucidar a resposta imune de pacientes brasileiros à infecção pelo coronavírus, Amilcar Tanuri foi um verdadeiro farol na comunidade científica. Sua contribuição transcendeu fronteiras, impactando a virologia molecular e a saúde em escala global.

Uma Jornada de Excelência Acadêmica e Científica

Nascido no Rio de Janeiro em 1958, a trajetória de Amilcar Tanuri pela ciência começou cedo. Ingressou no curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1977, onde também realizou seu mestrado e doutorado, este último defendido em 1990 sob a orientação do Acadêmico Darcy Fontoura de Almeida. Sua sede por conhecimento o levou além, com especialização em genética molecular na prestigiada Universidade de Sussex, na Inglaterra, e um pós-doutorado no Centers for Disease Control and Prevention (CDC), em Atlanta, Estados Unidos, entre 1996 e 1998.

De volta ao Brasil, Amilcar se tornou professor-titular e chefe do renomado Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da UFRJ. Seu trabalho lá não apenas formou gerações de cientistas, mas também produziu descobertas cruciais que moldaram nossa compreensão sobre diversos vírus.

Contribuições que Moldaram a Saúde Global

A expertise de Amilcar Tanuri era vasta e diversificada. Desde o ano 2000, ele atuou como consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a rede de pesquisa sobre a resistência do HIV aos medicamentos (HIV ResNet), um testemunho de seu reconhecimento internacional. Sua experiência na área de genética, com ênfase em genética molecular e de microrganismos, o levou a atuar principalmente em temas vitais como:

• HIV-1 e sua diversidade genética
• Subtipos de HIV e a resistência do vírus às drogas
• Pesquisas sobre o vírus da Zika e sua relação com a microcefalia

Como membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Amilcar elevou o patamar da pesquisa nacional, sempre buscando soluções inovadoras para desafios complexos da saúde.

Pioneirismo na Luta Contra a COVID-19

A fase mais recente de sua carreira foi marcada por um compromisso intrépido no combate à pandemia de COVID-19. Amilcar Tanuri não apenas foi o primeiro servidor da UFRJ a ser vacinado, mas também liderou uma equipe dedicada a aprofundar a compreensão sobre a resposta imune ao novo coronavírus.

Seu trabalho visionário visava tornar o processo de imunização mais seguro e duradouro, explorando técnicas de edição ultraprecisa do DNA. A ideia era editar o código genético do vírus para torná-lo menos virulento e mais responsivo aos antivirais, uma abordagem que poderia revolucionar as estratégias de combate a pandemias futuras.

Um Legado de Inspiração e Compromisso Social

A notícia de sua morte foi recebida com profundo pesar por toda a comunidade científica. A Academia Brasileira de Ciências e a Fiocruz, onde ele atuou como consultor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), expressaram suas condolências e o reconhecimento de sua imensa contribuição.

“Tanuri atuou como uma grande referência científica no campo da virologia e da biologia molecular para Bio-Manguinhos”, registrou a Fiocruz.

A presidenta da ABC, Helena Nader, resumiu o impacto de sua perda: “A ciência brasileira perde hoje não apenas um grande cientista, mas também um brasileiro profundamente comprometido com a saúde pública. Um batalhador incansável, sempre empenhado em tornar tecnologias de ponta acessíveis pelo SUS e dedicado à promoção da equidade.”

O Impacto Duradouro de Amilcar Tanuri

A vida e obra de Amilcar Tanuri são um testamento ao poder da ciência e da dedicação humana. Seu trabalho incansável na UFRJ e em instituições globais pavimentou o caminho para avanços significativos na compreensão e combate a doenças virais.

Seu pioneirismo na vacinação e pesquisa da COVID-19, somado às suas décadas de estudo sobre HIV e Zika, solidificam seu lugar como um dos maiores cientistas do Brasil. O legado de Amilcar Tanuri continuará a inspirar futuras gerações de pesquisadores a lutar por um mundo mais saudável e seguro. Que sua memória e suas descobertas continuem a guiar a ciência brasileira em seu caminho de excelência e compromisso social.