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Amilcar Tanuri: O Legado Imortal do Virologista que Revolucionou a Saúde Pública Brasileira

Amilcar Tanuri: O Legado Imortal do Virologista que Revolucionou a Saúde Pública Brasileira

temp_image_1759034275.489213 Amilcar Tanuri: O Legado Imortal do Virologista que Revolucionou a Saúde Pública Brasileira

Amilcar Tanuri: O Legado Imortal do Virologista que Revolucionou a Saúde Pública Brasileira

A comunidade científica e a nação brasileira se despedem de um de seus mais proeminentes nomes: o virologista Amilcar Tanuri, que faleceu na última sexta-feira (26) aos 67 anos. Sua partida, decorrente de complicações cardíacas ligadas à hemodiálise, deixa um vazio imenso, mas um legado de contribuições inestimáveis no combate a doenças que marcaram a história da humanidade, como a Aids, a Zika e a Covid-19.

Uma Jornada de Dedicação à Ciência e à Saúde Pública

Carioca de nascimento, Amilcar Tanuri foi um pilar da pesquisa virológica no Brasil e além. Sua trajetória começou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde ingressou no curso de medicina em 1977 e, posteriormente, obteve seus títulos de mestrado e doutorado. Na UFRJ, liderou o prestigiado Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, tornando-o um centro de excelência.

A sede por conhecimento de Tanuri o levou a experiências internacionais enriquecedoras, atuando como pesquisador na Universidade de Sussex, no Reino Unido, nos renomados Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) dos EUA, e como pesquisador associado da Universidade Columbia, também nos Estados Unidos. Essas vivências moldaram sua visão global sobre os desafios da saúde.

O Combate Incansável às Grandes Pandemias

A carreira do virologista Amilcar Tanuri é um testemunho de resiliência e inovação no enfrentamento das pandemias. No início do século XXI, seus trabalhos foram cruciais para a compreensão da diversidade genética do HIV, o vírus causador da Aids, e da evolução da resistência viral aos medicamentos. Graças a pesquisas como as suas, a Aids transitou de uma sentença fatal para uma doença controlável, uma verdadeira revolução na medicina moderna.

Em 2015, com a chegada do vírus Zika ao Brasil e a subsequente onda de bebês com microcefalia, Tanuri esteve na linha de frente, participando ativamente dos estudos que comprovaram a relação causal entre o vírus e os graves problemas neurológicos em gestações. Seu trabalho foi vital para a compreensão e a resposta global a essa crise sanitária.

Mais recentemente, durante a pandemia de Covid-19, Amilcar Tanuri demonstrou seu compromisso com a ciência e a comunidade ao ser o primeiro servidor da UFRJ a ser vacinado contra o SARS-CoV-2. Ele liderou estudos essenciais sobre a resposta do sistema imunológico de pacientes brasileiros ao vírus, com foco em profissionais de saúde, os mais expostos à infecção.

Um Legado Honrado e Inspirador

O reconhecimento do trabalho de Amilcar Tanuri transcendeu os laboratórios. Ele foi agraciado como Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, uma das maiores honrarias concedidas a pesquisadores brasileiros, e era membro da ilustre Academia Brasileira de Ciências (ABC). Sua paixão pela ciência era intrínseca ao seu compromisso com o bem-estar social.

Helena Nader, presidente da ABC, expressou a dor da perda e a magnitude de seu legado: “A ciência brasileira perde alguém profundamente comprometido com a saúde pública. Um batalhador incansável, sempre empenhado em tornar tecnologias de saúde de ponta acessíveis pelo SUS.” Essa declaração sintetiza a essência de sua missão.

Além de sua brilhante carreira científica, Amilcar Tanuri também era autor do blog “Darwin e Deus”, onde explorava a intrigante intersecção entre ciência e religião, revelando a amplitude de seu intelecto e curiosidade. Ele deixa a esposa e dois filhos, mas, acima de tudo, um legado de conhecimento e dedicação que continuará a reverberar na ciência brasileira e na saúde pública global.

Um Farol para as Futuras Gerações

A partida do professor Amilcar Tanuri é uma perda irreparável para a ciência e para o Brasil. Contudo, sua vida de trabalho incansável, sua visão pioneira e sua paixão inabalável por desvendar os mistérios dos vírus servirão como um farol para futuras gerações de pesquisadores. Seu nome será eternamente lembrado como um dos grandes baluartes na luta contra as doenças infecciosas, um verdadeiro herói da nossa saúde e da humanidade.

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