
Dia Mundial Sem Tabaco: Fundação do Câncer Alerta Jovens Sobre os Perigos Ocultos do Vape

Dia Mundial Sem Tabaco: Desmascarando a Fachada ‘Inofensiva’ do Cigarro Eletrônico
No contexto do Dia Mundial Sem Tabaco, uma iniciativa crucial ganha destaque: a nova campanha do Movimento VapeOFF, liderada pela Fundação do Câncer. Com o slogan contundente “Bonito por fora, tóxico por dentro”, a ação mira diretamente os jovens, expondo a verdade por trás da aparência moderna e sedutora dos cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vapes.
A campanha, que se alinha ao tema da Organização Mundial da Saúde (OMS) para este ano – “Desmascarando a indústria do tabaco” – revela que, longe de serem inofensivos, os vapes representam sérios riscos à saúde. Entre eles estão:
- Alta dependência em nicotina;
- Doenças respiratórias e cardiovasculares;
- Potencial para causar câncer;
- Outros problemas de saúde a longo prazo.
A mobilização é fruto de uma forte parceria entre a Fundação do Câncer, Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), ACT Promoção da Saúde, Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), contando com o apoio de mais de 50 entidades de todo o país.
Vapes: Uma Armadilha Crescente para a Juventude
Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer, ressalta a ameaça crescente que os cigarros eletrônicos representam para a saúde pública, especialmente para os mais novos. “Com embalagens coloridas e sabores convidativos, esses dispositivos mascaram seus malefícios e atraem uma nova geração para o vício da nicotina”, afirma.
Dados do Ministério da Saúde confirmam a preocupação: 70% dos usuários de vapes no Brasil têm entre 15 e 24 anos. O mais recente Levantamento Nacional sobre Álcool e Drogas (Lenad), do Ministério da Justiça, desmistifica o argumento da indústria: mais de 77% dos usuários de vape não conseguiram parar de fumar cigarros convencionais com o dispositivo, enfraquecendo a ideia de que seriam uma ferramenta de cessação do tabagismo.
A Campanha Ganha as Ruas e as Redes
Para impactar diretamente o público jovem, uma das ações centrais da campanha é a “Roleta que dá a real”. Realizada em locais de grande circulação, como o Posto 10 da Praia de Ipanema, a iniciativa convida jovens a participar de um jogo interativo. Ao girar a roleta, ganham um brinde acompanhado de cards revelando a verdade sobre os riscos dos vapes, contradizendo o discurso da indústria.
“Queremos gerar impacto de forma criativa, usando a mesma linguagem que atrai o público jovem, mas com o propósito de informar e provocar reflexão”, explica Maltoni. Além da ação presencial, a campanha se expande para as redes sociais, terminais de transporte público e painéis de LED, garantindo ampla visibilidade.
A mobilização inclui ainda uma carta-manifesto, já assinada por 56 organizações, conclamando o Poder Público a manter e reforçar a proibição e o combate aos cigarros eletrônicos no Brasil.
Por Que é Dever de Todos Desmascarar o Vape?
Milena Maciel de Carvalho, consultora da área de tabagismo da Fundação do Câncer, enfatiza a necessidade de união contra a banalização dos vapes. “Precisamos proteger uma geração que está sendo enganada por embalagens bonitas e discursos perigosos. Essa campanha é um convite para olhar além da estética e enxergar os riscos que estão sendo maquiados em nome do lucro”, declara.
Segundo a especialista, a ciência é categórica: vapes contêm nicotina viciante, metais pesados e outras substâncias tóxicas que causam danos significativos aos sistemas respiratório e cardiovascular, além do risco aumentado de câncer.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima um alto número de novos casos de câncer de pulmão, brônquio e traqueia no Brasil para o triênio 2023/2025, reforçando a urgência do tema.
Proibição no Brasil: Um Escudo Essencial, Mas Desafiado
No Brasil, a comercialização, importação, armazenamento, transporte e propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar são proibidos desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Resolução RDC nº 855/2024 manteve e reforçou essa proibição, incluindo o uso em locais coletivos fechados.
André Szklo, epidemiologista do Inca, aponta um problema na fiscalização e na aceitação social do produto contrabandeado. Ele alerta que a indústria do tabaco explora brechas legais e de fiscalização com táticas de marketing agressivas, incluindo o uso de influenciadores, para atingir jovens e criar novos dependentes de nicotina.
“Não há nada ingênuo nesse processo. Por meio disso, conseguem fazer que o adolescente e o jovem, foco principal da indústria da nicotina, sejam a nova geração de dependentes da substância”, critica Szklo. Ele destaca que o consumo de vapes no Brasil é significativamente menor do que em países onde a venda é permitida, evidenciando a importância da proibição.
O epidemiologista também alerta que jovens dependentes de nicotina via vapes podem migrar para o cigarro convencional, mais barato e igualmente prejudicial. Recentemente, o Inca lançou o estudo “A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta”, revelando que para cada R$ 1 de lucro da indústria, o governo gasta R$ 5 com doenças causadas pelo fumo – um custo social e humano altíssimo.
No Dia Mundial Sem Tabaco, a mensagem é clara: o vape não é uma alternativa segura, nem uma ferramenta para parar de fumar. É uma nova porta de entrada para a dependência e para graves problemas de saúde. Desmascarar essa realidade é um passo fundamental na luta contra o tabagismo e na proteção das futuras gerações.
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