
Febre Oropouche: Surto em SP, Casos Aumentam no Brasil e o Alerta se Intensifica

Febre Oropouche: Surto em SP, Casos Aumentam no Brasil e o Alerta se Intensifica
A Febre Oropouche, uma arbovirose transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora, tem gerado crescente preocupação no Brasil. Embora historicamente mais prevalente na região amazônica, a doença demonstra uma capacidade alarmante de se expandir, alcançando novas áreas e intensificando o alerta para a saúde pública em todo o país, como apontam dados recentes e alertas de organizações como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS).
O Cenário Preocupante em São Paulo e no Brasil
O estado de São Paulo, um dos epicentros dessa nova onda, registrou um aumento expressivo. Com 44 casos confirmados neste ano, o número representa um salto de 450% em relação a todo o ano anterior, quando apenas oito casos foram notificados. A maioria dessas infecções é considerada autóctone, indicando que a transmissão ocorreu localmente, sem necessidade de deslocamento dos pacientes para regiões endêmicas conhecidas.
Os casos paulistas concentram-se principalmente nas regiões de Registro (incluindo municípios como Cajati, Juquiá, Miracatu) e no Litoral Norte (Ubatuba). Em 2023, os registros estavam restritos ao Vale do Ribeira. A situação se agrava com uma morte sob investigação no estado, que pode estar associada à doença.
Em nível nacional, os dados do Ministério da Saúde também acendem um sinal de alerta. Até o momento, foram confirmados mais de 10 mil casos de febre oropouche no Brasil, superando significativamente o total de 2023, embora ainda abaixo do pico de 2024. O Rio de Janeiro, por exemplo, já reportou óbitos recentes pela doença.
Transmissão e a Quebra de Barreiras Geográficas
A transmissão da febre oropouche ocorre primariamente pela picada do maruim infectado. Especialistas como Alexandre Naime Barbosa, da Sociedade Brasileira de Infectologia, destacam que o vírus oropouche e seu vetor estão rompendo barreiras geográficas que antes limitavam sua disseminação. O mosquito Culicoides paraensis, pequeno e difícil de perceber, tem demonstrado notável capacidade de adaptação a ambientes urbanos.
Essa adaptação, combinada a fatores como deficiências em saneamento básico e a intensa movimentação populacional, facilita a rápida propagação da doença em áreas densamente povoadas, longe de seu habitat endêmico original na Amazônia.
Novos Desafios: Variantes e Transmissão Vertical
A vigilância sobre a febre oropouche foi intensificada nos últimos anos, com mais testes diagnósticos e maior capacitação dos profissionais de saúde. Essa maior detecção pode explicar, em parte, o aumento no número de casos reportados. Contudo, estudos científicos apontam para fatores adicionais preocupantes.
Pesquisadores da Fiocruz Amazônia e da Unicamp identificaram uma nova variante do vírus oropouche capaz de se replicar muito mais rapidamente em células de mamíferos. Eventos climáticos extremos na Amazônia também são investigados como possíveis influenciadores na dinâmica de transmissão do vírus.
Outra questão que gera alerta é a evidência de transmissão vertical da febre oropouche (de mãe para filho durante a gestação). Um caso notificado em 2024, no Acre, de um bebê que nasceu com anomalias congênitas (microcefalia, malformações articulares) e faleceu, reforça a urgência na notificação e investigação de casos de malformações, dada a semelhança com os efeitos do Zika vírus.
Reconhecendo os Sintomas da Febre Oropouche
Os sintomas da febre oropouche são frequentemente confundidos com os de outras arboviroses, como a dengue. Eles incluem:
- Febre alta e súbita
- Dor de cabeça intensa
- Dores musculares e nas articulações (dores no corpo)
- Náuseas e vômitos
- Diarreia
- Tontura
- Em alguns casos, erupções cutâneas
É fundamental procurar atendimento médico ao apresentar esses sintomas, especialmente se residir ou tiver visitado áreas com casos confirmados. O diagnóstico correto é essencial para o manejo adequado.
Como se Proteger da Febre Oropouche
A prevenção contra a febre oropouche foca na proteção contra a picada do mosquito vetor e no controle do ambiente. As recomendações das autoridades de saúde incluem:
- Usar repelentes de insetos nas áreas expostas da pele.
- Preferir roupas claras que cubram a maior parte do corpo, especialmente durante o dia, período de maior atividade do maruim.
- Utilizar telas de malha fina em portas e janelas para impedir a entrada dos mosquitos.
- Realizar a limpeza frequente de terrenos, quintais e locais de criação de animais, removendo matéria orgânica úmida onde o maruim pode se proliferar.
- Recolher folhas, frutos e lixo que se acumulem no solo.
Vigilância e Prevenção: Papel de Todos
O aumento dos casos de febre oropouche reforça a importância da vigilância contínua e da adoção de medidas preventivas individuais e coletivas. Manter-se informado e seguir as orientações das autoridades de saúde são passos cruciais para conter a disseminação desta arbovirose emergente no cenário nacional.
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