Além dos Presentes: A Mensagem Essencial de Autoestima e Proteção no Dia das Crianças

Neste Dia das Crianças, enquanto celebramos a alegria e a magia da infância, é fundamental ir além dos brinquedos e das festas. A verdadeira celebração reside em nutrir o que há de mais precioso em nossos pequenos: sua autoestima e autoconfiança. Em um mundo cada vez mais conectado, mas também desafiador, equipar as crianças com um forte senso de si é a maior herança que podemos oferecer. Como podemos, juntos, construir essa fortaleza emocional?

O Poder Transformador da Autoestima na Infância

Fortalecer a autoestima infantil é uma jornada diária que começa no lar. Fabiola Torino, mãe e educadora física, enfatiza a importância de palavras de afirmação e exemplos constantes. “Eu fortaleço a autoconfiança, a autoestima da minha filha no dia a dia, mostrando e falando para ela quem realmente ela é. Realçando a identidade dela, que ela é amorosa, carinhosa, inteligente, que ela é filha amada de Deus”, compartilha Fabiola.

Essa base sólida de autoconhecimento funciona como um escudo poderoso, especialmente contra o bullying. Crianças que sabem quem são, suas qualidades e seu valor, estão mais preparadas para enfrentar comentários negativos e não se abalar. A autonomia também desempenha um papel crucial, ensinando responsabilidade, empatia e senso de pertencimento quando os pequenos participam ativamente da rotina familiar. Isso não significa ausência de vigilância, mas sim um incentivo saudável à independência, que pavimenta o caminho para um desenvolvimento infantil mais completo.

A Vulnerabilidade da Era Digital e a Saúde Mental Infantil

A construção da identidade e da autoestima de crianças e adolescentes é um processo delicado, acentuado pelas complexidades do mundo moderno. Comparações constantes e o tempo excessivo diante das telas tornam essa geração mais vulnerável à exposição social e aos riscos para a saúde mental. O psiquiatra Raphael Boechat, professor da Uniceplac, destaca que a pré-adolescência e a adolescência são fases de intensa busca por uma identidade, tornando-os mais frágeis a traumas e à pressão para “caber” em grupos sociais populares.

Na infância, traumas atípicos – eventos inesperados que impactam negativamente o desenvolvimento – são as principais preocupações. A professora de psicologia do Ceub, Áurea Chagas, reforça que a superexposição nas redes sociais, sem acompanhamento, pode ser extremamente prejudicial, minando a construção de uma autoestima saudável e expondo os jovens a vulnerabilidades. Há um consenso crescente entre especialistas de que o uso das redes sociais precisa de freios para essa faixa etária, com a privação ou o retardamento máximo da entrada das crianças nessas plataformas, sempre com fiscalização e diálogo aberto. Para mais informações sobre o impacto das telas, consulte o Guia da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital.

Sinais de Alerta e o Poder do Acolhimento Parental

Os pais, como primeiros observadores, têm um papel essencial. Denise Cléa Magalhães, mãe de Maria Alice, percebe as angústias da filha em sinais sutis: “Ela fica cabisbaixa, amuadinha, com o olhar triste. Quando isso acontece, eu tento conversar e estou sempre pronta a dar colo”. Adriano Castro, pai de quatro, observa autocrítica, isolamento e falta de interação. Reconhecer esses sinais é o primeiro passo para o apoio, fortalecendo a parentalidade consciente.

A crença inabalável dos pais na capacidade dos filhos é um motor poderoso. “Digo que ela é capaz de fazer qualquer coisa que se propuser a fazer. Elogio a aparência, que somos seres únicos, que somos perfeitos com nossas imperfeições”, conta Denise. Adriano complementa, enfatizando a importância de “elogiar, validar o que eles sentem, dar autonomia nas tarefas para que consigam executar, responsabilizem-se e lutem com persistência”. Compartilhar as próprias falhas e superações também humaniza o processo e ensina a importância de se levantar após cada queda, essenciais para a construção da confiança em crianças.

Bullying Escolar: Prevenção, Resiliência e Parceria

O bullying é uma realidade que “dilacera a alma”, como descreve Denise. Tanto ela quanto Adriano relatam experiências de seus filhos com o bullying, ressaltando a importância de não minimizar o ocorrido e de buscar a parceria da escola. “Pais, escola e sociedade são responsáveis pela educação da criança”, afirma Denise.

A pedagoga Letícia de Queiroz reforça que crianças autoconfiantes são mais resilientes, lidam melhor com frustrações e interagem com mais facilidade. O ambiente escolar deve ser um espaço seguro e acolhedor, com programas de respeito e empatia. Intervenções devem ser levadas a sério, e a parceria entre escola e família é indispensável. A coerência entre o discurso familiar e escolar é vital para que a criança não fique confusa. Para informações sobre como agir, o UNICEF oferece recursos sobre como combater o bullying.

Estratégias para Fortalecer a Autoestima e Combater o Bullying:

• Afirmação Positiva: Elogie o esforço e as qualidades únicas de seu filho.
• Incentivo à Autonomia: Permita que a criança participe das tarefas, tome pequenas decisões e enfrente desafios adequados à idade.
• Escuta Ativa: Esteja atento aos sinais sutis de angústia e ofereça um espaço seguro para o diálogo.
• Diálogo Aberto sobre Emoções: Ajude a criança a identificar e expressar o que sente.
• Limites e Consequências: Ensine responsabilidade sem críticas destrutivas.
• Monitoramento Digital: Fiscalize o uso de telas e redes sociais, retardando ao máximo a exposição.
• Parceria com a Escola: Mantenha uma comunicação constante e alinhe os discursos sobre respeito e convivência.
• Busque Ajuda Profissional: Se necessário, procure um psiquiatra infantil ou psicólogo.

Uma Mensagem de Amor e Cuidado no Dia das Crianças

Neste Dia das Crianças, nossa maior mensagem de amor deve ser o compromisso de construir crianças e adolescentes seguros, confiantes e resilientes. Mais do que presentes efêmeros, o legado de uma autoestima sólida e a capacidade de enfrentar o mundo com coragem são os maiores tesouros que podemos oferecer. Que este dia seja um lembrete de que o verdadeiro cuidado floresce no diálogo, no acolhimento e na dedicação diária à saúde emocional de quem mais amamos.