Brasil na Vanguarda Naval: O Lançamento dos Submarinos e a Era Nuclear

Brasil na Vanguarda Naval: O Lançamento dos Submarinos e a Era Nuclear
O Brasil está escrevendo um novo capítulo em sua história naval e de defesa. Com a entrega de submarinos convencionais de última geração e a iminente construção do primeiro submarino nuclear do hemisfério Sul, o país se posiciona como uma força estratégica no Atlântico. Prepare-se para mergulhar nos detalhes do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) da Marinha do Brasil, uma iniciativa que une tecnologia de ponta, soberania e ambição.
A Nova Geração de Submarinos Convencionais: Fortalecendo Nossa Defesa
Recentemente, a Marinha do Brasil celebrou marcos importantes com o lançamento ao mar do submarino “Almirante Karan” (S43) e a entrega definitiva do “Tonelero” (S42). Estas embarcações são a culminação de um esforço gigantesco, representando a terceira e quarta unidades convencionais do PROSUB, respectivamente. O Tonelero, lançado em 2024, passou por rigorosos testes no mar e agora está pronto para integrar a frota operacional, reforçando nossa capacidade de patrulha e segurança marítima.
Ambos os submarinos pertencem à robusta e avançada classe Scorpène, um projeto de renome mundial desenvolvido pelo francês Naval Group, um dos líderes globais em defesa naval. A versão brasileira, conhecida como Skorpène-BR, é ainda mais aprimorada, com um tamanho maior (71,62 metros contra 66,4 metros da versão original) e maior tonelagem (1.870 toneladas contra 1.717), além de ser equipada com os modernos torpedos F-21. Os primeiros irmãos desta frota, o “Riachuelo” (S40) e o “Humaitá” (S41), já estão em operação desde 2022 e 2024, respectivamente, atestando o sucesso da transferência de tecnologia naval e da capacitação nacional na construção de submarinos.
Rumo à Propulsão Nuclear: O Sonho do Álvaro Alberto
Com a conclusão da fase de construção dos submarinos convencionais, o foco do Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, se volta para o projeto mais ambicioso do PROSUB: a construção do submarino nuclear “Álvaro Alberto”. Esta joia da engenharia naval, que se tornará o primeiro de seu tipo no hemisfério Sul, está programada para entrar em operação em 2034 e representa um salto qualitativo incomparável para a Defesa Nacional do Brasil.
A posse de um submarino de propulsão nuclear confere ao Brasil uma capacidade de dissuasão estratégica sem precedentes. Atualmente, apenas as cinco potências com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU dominam essa tecnologia. Isso se traduz em maior autonomia, alcance e permanência em operações, características que o “Álvaro Alberto” trará para a defesa dos vastos interesses marítimos brasileiros.
Desafios e Avanços na Construção Nuclear
A transição para a fase nuclear é complexa e exige um alto nível de especialização. “Estamos nessa transição de fase. Envolve a construção do submarino e a sua infraestrutura de apoio no complexo, observando o normativo de licenciamento nuclear”, explica o almirante Alexandre Rabello de Faria, diretor de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha. A primeira etapa da construção do “Álvaro Alberto” focará na popa (parte traseira) da embarcação, e os investimentos são vultosos. Somente para sistemas adicionais, serviços especiais de engenharia e a montagem eletromecânica do Prédio Auxiliar Controlado (PAC) do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGene) – onde o reator brasileiro será construído – os contratos com o Naval Group já superam € 526,4 milhões.
A Parceria Estratégica Brasil-França e a Visão Futura
O sucesso do PROSUB é fruto de uma robusta cooperação estratégica entre Brasil e França, iniciada ainda no primeiro mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Itaguaí Construções Navais (ICN), uma parceria entre o Naval Group (41%) e a Novonor (59%), foi fundamental para capacitar o país na construção de submarinos, estabelecendo a primeira fábrica de submarinos da América do Sul no Complexo Naval de Itaguaí.
Essa colaboração não se limitou à construção. Envolveu uma “imersão tecnológica” e a formação de mão de obra especializada entre 2009 e 2014, seguida pela fase de transferência e absorção de tecnologia de 2015 a 2017. O corte da chapa do quarto submarino convencional, o Almirante Karan, marcou o domínio brasileiro nos processos de engenharia e fabricação naval avançada, como atesta o Naval Group.
Itaguaí: O “Embraer do Mar”?
O Complexo Naval de Itaguaí tem potencial para se tornar muito mais do que apenas um estaleiro para a frota brasileira. O sonho da Força Naval é que ele se transforme na “Embraer do mar”, um polo de exportação de submarinos para outras nações da América do Sul. Países como Argentina, Chile, Peru, Equador e Colômbia precisam renovar suas frotas, o que representa um mercado potencial de até 14 submarinos. Com o rearmamento europeu gerando filas de espera em estaleiros do Velho Continente, a capacidade e localização estratégica de Itaguaí poderiam ser uma alternativa viável, superadas as barreiras de exportação.
Para Laurent Mourre, Vice-presidente da América Latina e Grécia do Naval Group, o “Álvaro Alberto” é a vanguarda e o desejo é que ele seja o primeiro de uma frota brasileira de submarinos convencionais com propulsão nuclear, consolidando o Brasil como uma potência naval regional e global em termos de tecnologia naval e defesa.
Conclusão: Uma Nova Era de Soberania e Inovação
Os recentes lançamentos e a progressão do submarino nuclear “Álvaro Alberto” são testemunhos da determinação do Brasil em fortalecer sua defesa nacional e sua posição estratégica no cenário global. O PROSUB não é apenas um programa de construção de submarinos; é um investimento em tecnologia, em capacitação de pessoal e, acima de tudo, na soberania e segurança de um país com uma das maiores costas do mundo. A era dos submarinos avançados chegou para o Brasil, prometendo um futuro de maior autonomia e respeito internacional.
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