Google Veo 3: Entenda o Novo Watermark Adicionado aos Vídeos Gerados por IA

O mundo da Inteligência Artificial generativa avança a passos largos, e o Google Veo 3 é um dos protagonistas desse cenário, capaz de criar vídeos gerados por IA com realismo impressionante. Mas com grande poder vem uma grande responsabilidade – e o desafio de combater a desinformação. Pensando nisso, o Google implementou uma novidade importante em seus vídeos gerados por IA: um watermark (marca d’água) visível.

A Novidade: Um Watermark Visível nos Vídeos do Google Veo 3

Recentemente, o Google, de forma discreta, anunciou que passaria a incluir uma marca d’água visível em todos os vídeos gerados pelo seu modelo Veo 3. A informação foi compartilhada por Josh Woodward, vice-presidente do Google Labs e Google Gemini, através de uma postagem na rede social X (anteriormente Twitter). A medida se aplica a todos os vídeos criados com o Veo, com exceção daqueles gerados na ferramenta Flow do Google por usuários com um plano Google AI Ultra.

Se você acompanha de perto as novidades em IA gerativa ou simplesmente rola sua feed de redes sociais com atenção, pode ter notado (ou não!) essa sutil adição nos vídeos AI que surgiram após o lançamento do Veo 3.

Além do Visível: O Watermark Invisível SynthID

É crucial entender que o watermark visível não é a única camada de identificação. Ele chega para complementar o SynthID, uma marca d’água invisível que já está embarcada em todo conteúdo gerado por Google AI. O SynthID é projetado para ser resiliente e difícil de remover, funcionando como uma assinatura digital do conteúdo.

Paralelamente ao anúncio do watermark visível, o Google também tem trabalhado na disponibilização de um detector de SynthID para que mais pessoas possam verificar a autenticidade de um conteúdo. Segundo Woodward, a marca d’água visível é um "primeiro passo enquanto trabalhamos para tornar nosso SynthID Detector disponível para mais pessoas em paralelo".

Por Que o Watermark? O Realismo do Veo 3 e a Desinformação

Desde sua apresentação no Google I/O 2024, o Google Veo 3 chamou a atenção pela qualidade e realismo dos vídeos gerados por IA. Ele não se limita a criar cenas fantásticas (embora faça isso muito bem), mas também produz clipes surpreendentemente convincentes de situações cotidianas, como entrevistas de rua, anúncios publicitários, segmentos de notícias falsas e até vídeos de unboxing. Além disso, o modelo é capaz de gerar áudio e diálogos realistas, aumentando ainda mais a imersão.

Esse alto grau de realismo, embora tecnicamente impressionante, levanta sérias preocupações sobre o potencial de disseminação de desinformação. Especialistas em IA e forense digital alertam que, em um cenário de rolagem rápida (o famoso doomscrolling), um vídeo realista gerado por IA pode facilmente ser tomado como real, mesmo que contenha pequenas falhas. A marca d’água visível, em teoria, ajudaria a mitigar esse risco.

É Suficiente? A Visibilidade em Questão

No entanto, a eficácia do watermark visível tem sido questionada. Testes iniciais indicam que a marca "Veo", posicionada discretamente no canto inferior direito, em uma cor pálida, é bastante sutil. Hany Farid, especialista em forense digital, aponta que "é improvável que esta pequena marca d’água seja aparente para a maioria dos consumidores que estão navegando em suas redes sociais em alta velocidade".

Mesmo quem a procura pode levar alguns segundos para encontrá-la, especialmente ao visualizar em dispositivos móveis. Negar Kamali, pesquisadora sobre a detecção de conteúdo gerado por IA, sugere que a marca d’água precisa ser mais notável ou que as plataformas de hospedagem incluam avisos claros ao lado do conteúdo. "Com o tempo, as pessoas poderiam aprender a procurar por ela", afirma Kamali.

Apesar das intenções do Google, que reiterou seu compromisso com o desenvolvimento responsável da IA e políticas claras contra o uso prejudicial de suas ferramentas, watermarks visíveis não são uma solução perfeita. Especialistas concordam que marcas d’água pequenas podem ser facilmente cortadas ou editadas. Farid reitera que "nenhum desses watermarks pequenos – visíveis – em imagens ou vídeos são suficientes porque são fáceis de remover".

A esperança, segundo ele, reside no SynthID, que é "bastante resiliente e difícil de remover". O desafio agora é tornar a presença do SynthID detectável para o usuário comum, algo que o Google busca resolver com a distribuição do seu detector.

Conclusão

A adição de um watermark visível aos vídeos gerados pelo Google Veo 3 é um passo na direção correta para aumentar a transparência e combater a desinformação. No entanto, a sua sutileza atual e a facilidade de edição levantam dúvidas sobre sua eficácia real no combate ao uso malicioso da tecnologia. O futuro da identificação de conteúdo gerado por IA parece depender de tecnologias mais robustas como o SynthID e ferramentas de detecção acessíveis ao público. Enquanto isso, a atenção e o ceticismo dos usuários ao consumir conteúdo online continuam sendo ferramentas essenciais na era da IA generativa.

Para mais informações sobre os princípios de IA do Google, você pode visitar os Princípios de IA do Google (link externo de alta autoridade, pode ser substituído por uma página mais específica se disponível e relevante).