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Miguel Nicolelis Desmascara a IA: Por Que a ‘Inteligência’ Artificial é um Grande Engodo?

Miguel Nicolelis Desmascara a IA: Por Que a ‘Inteligência’ Artificial é um Grande Engodo?

temp_image_1758552028.104898 Miguel Nicolelis Desmascara a IA: Por Que a 'Inteligência' Artificial é um Grande Engodo?

Miguel Nicolelis Desmascara a IA: Por Que a ‘Inteligência’ Artificial é um Grande Engodo?

Em um mundo onde a Inteligência Artificial (IA) é frequentemente vendida como a próxima revolução que moldará o futuro da humanidade, uma voz proeminente e surpreendentemente cética ressoa: a do renomado neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Durante o evento Despertar 2025, em São Paulo, Nicolelis lançou um olhar crítico sobre a IA, categorizando-a como “um dos maiores engodos” já produzidos pela civilização.

NINA: Nem Inteligente, Nem Artificial – A Visão de Nicolelis

A crítica de Nicolelis não é superficial. Ele apelidou a IA de “NINA”, um acrônimo provocador para “Nem Inteligente, Nem Artificial“. Essa sigla será o foco de seu próximo livro, onde ele se propõe a escrever a “biografia da NINA”. Para ele e a vasta maioria dos neurocientistas, o conceito atual de IA é uma “venda de óleo de cobra”, uma enganação bem embalada.

Mas por que essa visão tão contundente? Nicolelis argumenta que a própria definição de inteligência humana, com seus complexos processos neurobiológicos, ainda é um mistério para a ciência. Não há como quantificar ou replicar algo que ainda não se compreende plenamente.

O Cérebro Humano e a Falsa Promessa da IA

O cerne do argumento de Nicolelis reside na diferença fundamental entre o funcionamento do cérebro humano e as máquinas digitais. “Os grandes atributos da mente humana não são computáveis pela lógica digital”, afirma. Ele ressalta que nenhum ser humano se comporta como uma “máquina de Turing”, o modelo original dos sistemas digitais. Em outras palavras, a complexidade da consciência, das emoções e da criatividade humana transcende a capacidade de algoritmos e processamento de dados.

“O que a gente [neurocientistas] chama de inteligência não tem a ver com o que os overlords (expressão para CEOs e investidores) do Silicon Valley chamam de IA, até porque, nenhum deles sabe o que está produzindo.”

Miguel Nicolelis

Delegação Excessiva e o Impacto Cognitivo

A discussão de Nicolelis vai além da mera definição de inteligência, adentrando as possíveis consequências de uma dependência tecnológica crescente. Ele lembra que o cérebro humano, como qualquer órgão, funciona à base de energia. “Quanto mais a gente delega funções para a máquina, vamos perdendo atributos cognitivos e o cérebro vai percebendo que não precisa mais gastar energia com isso”, explica o pesquisador. Ele ilustra essa perda com um exemplo simples: “Quem hoje sabe decorar dois ou três telefones?”.

Essa mudança de hábitos não é trivial. Ela pode reconfigurar o próprio funcionamento da mente humana, levando a uma gradual atrofia de certas habilidades cognitivas em favor da comodidade da máquina.

Por Que a Máquina NUNCA Replicará o Cérebro Humano, Segundo Nicolelis

Sobre a possibilidade de máquinas replicarem a capacidade cerebral humana, Miguel Nicolelis é categórico: “Isso nunca vai acontecer, vai contra as leis da física”. Para ele, o cérebro humano não opera na lógica digital e, portanto, é impossível de ser emulado por tecnologias baseadas em bits e bytes. O medo não é a replicação, mas sim a nossa própria percepção equivocada da IA.

Ele critica veementemente os Large Language Models (LLMs), como o ChatGPT, que são sistemas avançados para entender e gerar textos. Nicolelis aponta que esses modelos “usam o passado para moldar o futuro” e que todos eles “alucinam”, ou seja, produzem respostas sem sentido ou completamente dissociadas da verdade. “Eles não têm nenhum compromisso com a verdade ou com a acurácia”, conclui o cientista.

Para uma análise mais aprofundada sobre as limitações éticas e práticas da IA, confira este artigo da revista Nature sobre os riscos da IA generativa e a importância da ética na pesquisa científica.

O Futuro da Inteligência: Uma Reflexão Necessária

A fala de Miguel Nicolelis no Despertar 2025 serve como um alerta crucial em meio ao entusiasmo generalizado pela Inteligência Artificial. Ele nos convida a questionar as narrativas dominantes, a compreender as limitações inerentes à tecnologia e, acima de tudo, a valorizar e proteger as capacidades únicas da mente humana. Sua perspectiva da neurociência nos força a um debate mais profundo: estamos construindo ferramentas ou nos deixando levar por um “óleo de cobra” digital?

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