Os Winners: A Torcida Mais Intensa e Misteriosa do Futebol no Jogo do Mundial

Quem São os Winners? A Melhor Torcida do Mundo (Que Não Quer Ser Filmada)

No universo vibrante das arquibancadas, poucos grupos despertam tanta admiração e, ao mesmo tempo, tanta controvérsia quanto os “Winners”, os ultras do Wydad Casablanca, do Marrocos. Autoproclamados (e por vezes reconhecidos por publicações especializadas) como a melhor torcida do mundo, eles são sinônimo de um espetáculo visual e sonoro inigualável durante o futebol. Seus mosaicos são verdadeiras obras de arte, e o apoio incondicional dura os 90 minutos de partida.

No entanto, por trás da fama e da energia contagiante que demonstram no estádio, há uma regra de ouro: o anonimato. E essa busca por privacidade, ou até mesmo ocultação, pode se manifestar de forma agressiva, especialmente contra quem ousa registrar seus rostos ou ações.

O Confronto com a Mídia: Uma Regra Antiga Que Vigora no Jogo Atual

A resistência dos Winners a serem filmados não é novidade. Em 2022, durante a Copa Intercontinental no Marrocos, uma equipe de reportagem foi hostilizada e até alvejada com uma casca de banana ao tentar registrar o grupo. Três temporadas depois, no palco do Mundial de Clubes nos Estados Unidos, a dinâmica se repetiu no jogo do Wydad contra o Manchester City.

Mesmo presentes em menor número no estádio Lincoln Financial Field, na Filadélfia, a presença dos Winners foi notória. Eles cantaram incessantemente, levaram bandeirões e instrumentos. Mas, ao serem abordados para entrevistas em vídeo, a resposta foi a esperada: recusa e, em alguns casos, hostilidade. Integrantes oficiais se negaram a gravar, um deles xingando a reportagem. Torcedores comuns, porém, se dispuseram a falar sobre essa peculiaridade.

Por Que Tanto Mistério Durante o Jogo?

A relutância em aparecer diante das câmeras tem motivos complexos:

1. Ações “Contra as Regras”: Um torcedor explicou: “Às vezes fazemos coisas contra as regras, então nós não permitimos que filmem o que estamos fazendo. Mas pelo menos você pode gravar dentro do campo e pode ver a beleza dos nossos fãs.” Essa declaração sugere que parte de suas manifestações nas arquibancadas pode envolver práticas não permitidas pelas autoridades ou pela FIFA.
2. Respeito ao Islamismo: O Marrocos é um país de maioria muçulmana, e o Islamismo tem forte influência cultural. Algumas músicas e cânticos entoados pelos ultras podem ir contra os preceitos religiosos. Ser filmado proferindo tais frases em público poderia gerar sérias consequências para os indivíduos. “Não podemos tirar fotos, não podemos compartilhar nossos rostos”, disse outro simpatizante dos Winners. “Somente estamos celebrando e apoiando nosso time, mas não tiramos fotos para nos mostrarmos como somos nós mesmos.”

Essa dualidade entre a busca pelo anonimato e a necessidade de se expressar intensamente durante o jogo define muito da identidade dos Winners.

O Espetáculo e a Rebeldia nas Arquibancadas Durante a Partida

Apesar de estarem perdendo o jogo desde o início, os Winners não diminuíram a intensidade no Lincoln Financial Field. Proporcionaram momentos dignos de nota, como sentar nos assentos e simular remadas em uníssono, para depois explodir em cantos e pulos, deixando os presentes perplexos.

Mas o show à parte também teve seu lado perigoso. Faltando cerca de 15 minutos para o fim do jogo, fumaça vermelha e sinalizadores foram acesos. Um dos artefatos foi atirado em direção ao goleiro Ederson, do Manchester City, causando a paralisação temporária da partida. A cena evidenciou a linha tênue que, por vezes, é cruzada entre a paixão fervorosa e a irresponsabilidade no calor do jogo.

Hassan Youssef, um marroquino que viajou da França para acompanhar o time, expressou o orgulho da torcida: “Viemos de Marrocos em mais de três mil pessoas. Eu vim da França, tem gente de todo o mundo. E, vocês sabem, os Winners são os melhores do mundo. Se tiverem em dúvida, busquem no Google. Nós somos número 1 na África e no mundo.” Ele reforçou a ideia de comunidade: “Nós somos os melhores fãs do mundo porque somos mais do que uma família. Nós amamos muito nosso clube.”

Assim, os Winners continuam a ser um fenômeno paradoxal no cenário do futebol global: amados pelo espetáculo que proporcionam durante o jogo, mas temidos ou evitados pela imprensa e autoridades devido à sua busca obstinada pelo anonimato e às ações que, por vezes, transcendem os limites da paixão e da segurança.